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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Curso de “Ciências da Complexidade?” Nem obrigado!

“Estrelas” - Obra de M. C. Escher
José Morgado, coordenador da área educacional do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), disse ao i que "há cursos que condenam os jovens ao desemprego" e por isso "é muito importante que os jovens tenham acesso à informação, não só sobre as áreas com mais empregabilidade, mas também sobre o curso de cada faculdade".
Apesar de um mesmo curso existir em vários estabelecimentos de ensino superior, o psicólogo avisa que "não se pode pôr tudo no mesmo saco", porque "há cursos que não têm qualidade, são completamente inúteis e enganam as famílias". A culpa? Para José Morgado é do Ministério da Educação, que se "demitiu de controlar as escolas do ensino superior", uma demissão "negligente e terrorista", ao deixar que as escolas de ensino superior proliferassem de norte a sul do país "sem controlo" nem fiscalização dos cursos que cada uma oferece. "Criam-se cursos, dão-se nomes diferentes, mas no mercado de trabalho o impacto será diferente." A título de exemplo, o professor faz notar que tirar um curso de Ciências da Paisagem não é a mesma coisa que ter uma licenciatura em Arquitectura Paisagista. E questiona: "O que é que um tipo formado em Ciências da Paisagem vai fazer? Vai para o desemprego." O docente do ISPA confessa ainda ter ficado perplexo ao encontrar cursos como o de “Ciências da Complexidade” na lista da oferta formativa.
Em Portugal há 1.181 cursos distribuídos por 271 estabelecimentos de ensino superior. Só em Lisboa contam-se 75 escolas diferentes, somando universidades e institutos politécnicos. José Morgado lança um alerta: "Não podemos deixar que as escolas proliferem e formem pessoas de uma área que não é necessária", contribuindo para o aumento do desemprego, que se situa acima dos 12%. E lembra que "Portugal não tem qualificação a mais, tem é mercado a menos".
Em Junho entregou no parlamento um programa de reorganização da rede pública de instituições de ensino superior, adequando a oferta formativa à procura e às necessidades do país.
O tema/problema é motivo de muita conversa, há muito tempo, mas fazer por alterar a situação, nada!
Poder-se-ia escrever muitas coisas sobre o tema, mas o professor já pôs o dedo em quase todas as feridas, só não abordou as razões (causas) da manutenção desta negligência terrorista, que confina ao ministério, mas que deve ter fontes e afluentes, que lá desaguam, por “razões” que a própria razão desconhece…
Mas também se não houvesse estes cursos, quantos deles esotéricos, onde se formariam os nossos “doutores”, que depois nos governam, a todos os níveis do poder? E dos atuais, nenhum terá tirado o tal curso de Ciências da Complexidade? E não será urgente?
Em contrapartida, talvez fosse mais urgente a criação de um curso de Ciência da Simplicidade, quer para a desmontagem das complexas políticas adotadas, quer para uma limpeza da retórica explicativa tão complexa…

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