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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Quem nos diz como é que a “bicha” se transformou?

Robert Koch - Nobel de Fisiologia e Medicina 1905
Ao recordar que “os grandes cuidados não terão sido adoptados” logo que foram conhecidos os primeiros casos de contaminação pela bactéria, Francisco George disse, que “este é um problema grave em várias dimensões”.
Na sua opinião, houve “falta de consistência e rapidez” na resposta e foram cometidos “muitos erros de comunicação” das diferentes autoridades da Alemanha, estaduais e federal.
“Este é o maior e o mais grave de todos os problemas ligados às doenças que têm por veículo os alimentos contaminados”, enfatizou, quando intervinha no “4º Congresso Pandemias na Era da Globalização”, cujo programa inclui o “2º Simpósio Nacional sobre Medicina do Viajante”.
Francisco George lamentou que os “grandes cuidados” não tenham sido tomados de imediato, na Alemanha, face ao surto de E.coli, apesar de ter eclodido “no país mais rico” da União Europeia e realçou que “o problema ainda não está controlado”, ressalvando, que “esta epidemia não tem expressão pandémica”.
30 anos após as primeiras mortes por SIDA, verifica-se um novo “problema inesperado”, com a morte de 40 pessoas pela bateria E.coli. “É este conceito de ‘fenómeno inesperado’ que merece reflexão”, disse Francisco George.
Também o presidente do congresso, António Meliço-Silvestre, abordou em tom crítico os problemas da epidemia da “escherichia coli”, na sua estirpe E.coli O104:H4. Um problema “que já causou quatro dezenas de vítimas, num país do primeiro mundo”, a Alemanha, “País, aliás, bem pouco solidário, ao apontar os seus parceiros espanhóis e os seus inenarráveis pepinos como causa do surto epidémico, sem subsequente e rigorosa sustentação científica”, acusou o especialista em doenças infecciosas.
As autoridades sanitárias alemãs detetaram a presença da bactéria e.coli nas águas de uma ribeira, nos arredores de Frankfurt, que servia para regar uma exploração de alfaces.
Uma sondagem publicada pelo Instituto Forsa referia que a maioria dos alemães está descontente com a forma como o governo federal geriu a crise da E.coli, sobretudo no que se refere à política de informação.
Em finais de maio, as autoridades sanitárias de Hamburgo anunciaram que o surto tinha origem em pepinos importados da Espanha, informação depois desmentida. Há 2 semanas, o ministério da Saúde da Baixa Saxónia afirmou que a origem do surto estava nos rebentos vegetais de Bienenbütte. O Instituto Robert Koch começou por se mostrar cético, mas 5 dias mais tarde deu razão àquelas autoridades.
Tenho um certo respeito pelo saber e bom senso de Francisco George (exceção feita à americanice anti-tabágica, explico-me noutra altura) e todos estaremos de acordo com ele, quando diz que o problema da E.coli é grave e tem várias dimensões, que diplomaticamente a duas: a falta de consistência e rapidez sobre a origem e os muitos erros na comunicação do que aconteceu. E isto, porque, segundo ele, este é o maior e o mais grave dos problemas relacionados com doenças que têm surgido através de alimentos contaminados.
As questões que FG levanta, já foram levantadas aqui, concretamente, o tempo que demoraram a decidir sobre os cuidados que se devia tomar e de imediato, mais porque a epidemia eclodiu no país mais rico (deveria dizer, com mais competências científicas) da EU, mas sobretudo porque o problema ainda nem sequer está controlado, nem se prevê quando esteja. Claro que, mais uma vez, diplomaticamente, como os alemães ainda não tem conclusões científicas definitivas, classifica o sucedido como um ‘fenómeno inesperado’ (como se classifica de virose uma doença de que se conhecem os efeitos), que é o mesmo que dizer que não se lhe conhecem as causas. E neste ponto, não dá para acreditar que as causas não se conheçam e estranhamos que nem os ambientalistas tenham vindo a terreiro alvitrar algumas, “naturalmente” relacionadas com a Química…
Por outro lado, António Meliço-Silvestre, ex-encarregado de Missão da Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA e catedrático do Departamento de Doenças Infecciosas dos Hospitais da Universidade de Coimbra, pessoa que conheço, menos diplomaticamente vem sublinhar o que FG disse, começando por definir a Alemanha como um país do primeiro mundo, mas bem pouco solidário, que não teve pejo em culpar terceiros (do “terceiro” mundo), mesmo antes de ter uma rigorosa sustentação científica, como seria exigível, que é o mesmo que lhes chamar incompetentes e más companhias (digo eu).
A razoabilidade das críticas destes dois portugueses, justifica-se com a posição da maioria dos próprios alemães (os cidadãos, não as autoridades sanitárias) que se mostra descontente com o governo federal, pela forma como geriu a crise e informou a população. Lá como cá, o povo não é estúpido…
Relembra-se:
1) Em finais de maio, foi detetado e anunciado o surto (e as autoridades sanitárias de Hamburgo indiciaram a sua origem em pepinos espanhóis);
2) Só há 2 semanas, é que o ministério da Saúde da Baixa Saxónia confirmou e assumiu que, afinal a origem estava em rebentos vegetais (de soja) produzidos na Alemanha;
3) Apenas ontem veio (ainda inconformada) dizer que a bactéria E.coli se encontra(va) nas águas de uma ribeira, que servia para regar uma exploração de alfaces (que afinal não era nos rebentos de soja).
Mas, isto é a sequência dos factos e o que nos deve preocupar é saber o que andam a fazer de errado (e às escondidas) na área dos produtos agrícolas, se não for por razões de saúde pública, ao menos por razões bolsistas, já que os alimentos são um dos últimos investimentos que estão a dar…
E a falta de informação foi tão gritante, que até permitiu que muita gente já falasse em guerra biológica, teoria que não vingou, nem foi avançada, porque antes disso já o Osama Bin Laden tinha sido assassinado… Foi a sorte dele…

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