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domingo, 19 de junho de 2011

Ainda o “morto” não morreu e já lhe vão à herança…

Obra de Tim Noble e Sue Webster
Os consórcios energéticos e de telecomunicações alemães negam ter interesse em participar no programa de privatizações das empresas portuguesas, no âmbito do acordo assinado com a 'troika'.
A E.on, maior energética alemã, afirmou que "não estão planeadas mais aquisições ou compras de participações" em Portugal, nomeadamente na EDP e REN, lembrando que a empresa já está no país com quatro parques eólicos.
A RWE disse que o grupo energético não tenciona fazer grandes aquisições nos próximos tempos devido à decisão do governo alemão de acelerar o encerramento das centrais atómicas.
A enBW garantiu à que adquirir a EDP ou REN não está nos seus horizontes, porque Portugal "não faz parte" dos seus mercados estratégicos.
A Deutsche Telekom, maior consórcio europeu de telecomunicações, fez saber que, de momento, não está interessada em "qualquer grande negócio", sobre a hipótese de adquirir uma posição na Portugal Telecom, através da compra da 'golden share' que o Estado português detém na operadora.
O novo primeiro-ministro ainda recentemente voltou a dizer que acha que "o Estado não tem de ter direitos especiais nas empresas".
É com um sentimento de repulsa, que assisto a este anúncio de hasta pública dos nossos bens, determinada por gente de fora, sem qualquer autoridade legitimada democraticamente, iniciada pelos media nacionais (outro PODER sem legitimidade democrática) e com a anuência política/ideológica de partidos nacionais, sem que sequer se alerte para a justificação (económica), a moralidade (dentro do direito internacional e a justeza (que se baseia na inevitabilidade, apenas) de tal solução...
Ainda o moribundo respira e já os vizinhos lhe estão a distribuir os “tarecos”, começando, devagarinho, a por-lhe o dedo na ferida, para que os herdeiros se vão habituando à ideia de que não há nada para eles e ainda tem que pagar o enterro.
Hipocritamente, para que o tratamento não seja de choque, vem umas empresas alemãs anunciar que não estão interessadas no espólio (as uvas estarão verdes?), o que futebolisticamente falando quer dizer exatamente o contrário, até porque o “lixo” é reciclável e é um dos melhores negócios da atualidade…
Mas, se não forem alemãs terão outra qualquer nacionalidade, ou nacionalidade nenhuma, porque ser apátrida até é uma vantagem para quem não é esquisito e come, com prazer, qualquer bichinho putrefacto… No caso, os bichos somos nós, que por acaso somos gente…  

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