Executivo e Banco de Portugal decidiram ontem lançar apelos à calma a depositantes e clientes do Banco Espírito Santo. O banco é sólido, fizeram questão de garantir
Filipe Paiva Cardoso
O Banco de Portugal e o governo vieram ontem a público lembrar que há uma diferença entre o Banco Espírito Santo (BES) e o resto da família. Se uns estão em apertos financeiros, o outro está protegido desses problemas, foi a mensagem que se procurou transmitir.
O banco central enviou ontem para as redacções uma nota a referir isto mesmo. "A situação de solvabilidade do BES é sólida, tendo sido significativamente reforçada com o recente aumento de capital", aponta o regulador bancário. "O Banco de Portugal tem vindo a adoptar um conjunto de acções de supervisão, traduzidas em determinações específicas dirigidas à ESFG [Espírito Santo Financial Group] e ao BES, para evitar riscos de contágio ao banco resultantes do ramo não financeiro do GES [Grupo Espírito Santo]", informou o BdP.
O banco central relembra que só tem competências para lidar com os ramos financeiros dos tentáculos do Espírito Santo. "O Banco de Portugal tem a responsabilidade de supervisionar apenas parte do ramo financeiro do GES", informam, especificando que nesses ramos está a ESFG, que até ao aumento de capital de 16 de Junho detinha a maior fatia do banco. Já as entidades do ramo não financeiro do GES "não se encontram sujeitas à supervisão do Banco de Portugal", mas o BdP avançou entretanto com "determinações específicas dirigidas à ESFG e ao BES para evitar riscos de contágio ao banco resultantes do ramo não financeiro do GES", asseguram.
Poucas horas depois foi a vez de o governo repetir a mensagem. Marques Guedes, ministro dos Assuntos Parlamentares, declarou que o "Banco de Portugal afiança que não existem quaisquer problemas de solidez da parte do banco. Os depositantes do banco podem estar perfeitamente tranquilos". O ministro falava depois da reunião do Conselho de Ministros de ontem. "O BES está adequadamente isolado pelo Banco de Portugal relativamente a outros problemas financeiros que existem dentro do grupo", afirmou ainda, referindo que não se pode "tomar a árvore pela floresta".
O governante ainda sublinhou que o supervisor bancário está atento à questão, razão pela qual "poderá dar segurança e tranquilidade, em particular aos depositantes, de que não vão ser afectados, minimamente, no seu relacionamento com o banco". Marques Guedes ainda referiu que, além do BdP, também o próprio executivo está a acompanhar o caso: "Responsavelmente, todos nós seguimos. Temos é a tranquilidade de saber que as entidades que estão responsáveis há muito que vêm acompanhando esta situação e estão a tomar as medidas adequadas", garantiu.
ESFG: Exposição de 2.350 milhões ao “Bad Ges”
O Espírito Santo Financial Group (ESFG), dono de 25,1%do BES, revelou ontem, depois do fecho do mercado, que desde o final de 2013 passou de uma exposição total aos ramos não financeiros do império Espírito Santo de 1.370 milhões de euros para mais de 2.300 milhões de euros. Este aumento, explicam, visou “apoiar o reembolso do papel comercial detido por clientes de retalho dos bancos que são subsidiárias do ESFG”, como o Banco Espírito Santo.
E a acompanhar “a maioria dos comentaristas que se arvoram em especialistas económicos” (diz Ana Gomes), agora são as instituições, o BdP e o Governo, a tentarem “tapar o sol com uma peneira”, mas à cautela:
Reuters avança que os reguladores estão a preparar-se para chumbar o nome de Amílcar Morais Pires, visto como próximo da família Espírito Santo, uma vez que o Banco de Portugal pretende alguém "claramente independente" para liderar a instituição.
O economista Vítor Bento, até agora presidente da SIBS, empresa que gere os pagamentos eletrónicos, foi o escolhido para liderar o BES.
O economista foi proposto pelos 5 ramos da família Espírito Santo e pelo Crédit Agricole e já foi aprovado pelo Banco de Portugal.
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