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quinta-feira, 3 de julho de 2014

“Mundo Cão” ou “o mundinho dos bulldogs” inocentes(?)

O antigo Presidente de França Nicolas Sarkozy foi acusado de corrupção ativa, tráfico de influências e violação do segredo de justiça, informou esta noite a procuradoria francesa.
O anúncio da procuradoria ocorreu depois de na segunda-feira Sarkozy ter sido detido para averiguações, numa medida coerciva aplicada pela 1.ª vez a um antigo chefe de Estado francês, e de ter passado 15 horas em interrogatório perante a polícia e outras 3 horas perante os juízes, nos arredores de Paris.
Segundo a procuradoria francesa, Nicolas Sarkozy foi posteriormente presente a um juiz e acusado durante a noite de terça para quarta-feira.
Em caso de condenação, o antigo Presidente de França (2007-2012) enfrenta uma pena de até 10 anos de prisão.
O advogado de Sarkozy, Thierry Herzog, e o juiz Gilbert Azibert – detidos um dia antes, juntamente com outro magistrado – foram ambos acusados de tráfico de influências na noite de terça-feira, informaram os seus defensores.
Nicolas Sarkozy, 59 anos, tem enfrentado várias batalhas legais desde que foi derrotado por François Hollande nas eleições presidenciais de 2012.
O antigo Presidente francês nega ter cometido qualquer irregularidade e os seus aliados à direita denunciam o caso como uma caça às bruxas contra o seu homem.
O ex-presidente também está a ser investigado por financiamento irregular da campanha, contratação de serviços sem licitação e influência em arbitragem litigiosa a favor de empresário francês.
Conheça os escândalos que mancham a carreira política de Sarkozy:
Caso Tapie
Em julho de 2008, o empresário Bernard Tapie recebeu uma indenização multimilionária do governo francês numa decisão jurídica controversa, em que esteve envolvida Christine Lagarde.
No litígio entre Tapie e o banco Crédit sobre a venda da empresa Adidas, a Justiça decretou que o governo francês deveria pagar 430 milhões de euros para o empresário. Está em investigação se o empresário foi favorecido pelos juízes do caso, com aval do executivo.
5 pessoas foram acusadas de “fraude por grupo organizada” pelo caso. O ex-presidente rejeitou as acusações. Tapie entrou na política na década de 1980, ao lado do socialista François Mitterrand, mas acabou a apoiar o conservador Nicolas Sarkozy nas eleições de 2007.
Financiamento líbio
Outro caso que envolve Sarkozy é o suposto financiamento ilegal pelos líbios na campanha eleitoral vitoriosa de 2007, contra a socialista Ségolène Royal.
Pouco antes de sua morte, assinado por operacionais franceses, o ex-chefe de Estado da Líbia Muammar Kadafi admitiu ter financiado a campanha do ex-presidente. A imprensa francesa publicou documentos oficiais que supostamente mostram que o ex-líder líbio autorizou pagamento de 50 milhões de euros para essa finalidade. O caso está em investigação desde 2013. Sarkozy nega as acusações.
Pesquisas de opinião
Sarkozy também está ligado ao escândalo das "pesquisas de opinião do Palácio do Eliseu", em que a Justiça investiga a suposta irregularidade dos contratos com as empresas sem licitação pública, com suspeitas de favoritismo e de desvio de dinheiro público.
Documentos revelam que 9,4 milhões de euros foram gastos em centenas de pesquisas de opinião realizadas durante a presidência de Sarkozy. Boa parte delas foi feita sem licitação e beneficiou o escritório de consultoria política de um amigo do ex-presidente, o jornalista Patrick Buisson, ligado à extrema-direita e que foi seu conselheiro durante a campanha presidencial de 2012.
Bettencourt e financiamento de campanha
O ex-presidente foi investigado por ter recebido dinheiro da herdeira bilionária do grupo de cosméticos L'Oreal, Liliane Bettencourt, dona da 2.ª maior fortuna da França, para a campanha de 2007. Em outubro de 2013, a justiça concluiu que não existiam provas contra Sarkozy sobre o caso.
No mesmo mês, contudo, outro caso envolvendo financiamento de campanha foi aberto contra o ex-presidente. Sarkozy é investigado por desvio de recursos públicos sobre o financiamento de um comício no sul do país no final de 2011, que não está descrito nos gastos de sua campanha. A Justiça investiga ainda se os gastos da campanha presidencial de 2012 ultrapassam o limite legal autorizado.
Campanha de ex-Primeiro-ministro
Outro processo de investigação envolvendo o nome de Sarkozy é o financiamento da campanha do ex-primeiro-ministro Edouard Balladur, em 1995.
Sarkozy era então ministro do Orçamento de Balladar e assinou uma série de contratos para a venda de armas para o Paquistão e Arábia Saudita. A Justiça investiga se esses contratos teriam sido usados para financiar a campanha presidencial de Balladur, que não chegou a passar para o segundo turno na campanha. O ex-presidente rejeitou a acusação.
A detenção, para demorado interrogatório, do ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy é apresentada pelos seus apoiantes como um golpe político. Isto porque ele se preparava para concorrer à liderança do seu partido (UMP) em Outubro, como primeiro passo para regressar à Presidência da França. Mas as acusações contra Sarkozy são graves, “tráfico de influências” e “violação do segredo de justiça”, e estando ligadas ao seu mandato e não à margem dele, quando mais cedo se apurar a verdade melhor. Se a justiça for célere e Sarkozy (agora constituído arguido) for ilibado das acusações, poderá apresentar-se perante o seu partido e o país livre de suspeitas; mas se ficar provado o seu envolvimento em tais ilegalidades, terá de prestar contas à justiça como qualquer outro cidadão. Num e noutro caso, trata-se de um triunfo da justiça. Provando que um Presidente não está imune à investigação e que, se estiver inocente, nada terá a temer face ao futuro.
E andou este bulldog, “presumível inocente até prova em contrário”, a obrigar-nos a roer os ossos da sua lauta gamela…

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