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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Tenha calma, que para (quase) tudo há promoções…

Bill Rielly tinha tudo: uma licenciatura tirada em West Point, uma posição de executivo na Microsoft, uma fé forte, uma excelente vida familiar e muito dinheiro. Até se dava bem com a família da mulher! Assim sendo, porque tinha tanto stress e ansiedade que mal conseguia dormir à noite?
Trabalho com ele há muitos anos e ambos acreditamos que a sua experiência pode ser útil a outros indivíduos capazes e determinados.
Greg McKeown
A certa altura, nenhum grau de sucesso parecia suficiente para Bill. Em West Point, aprendera que a maneira de resolver problemas era perseverar através de toda a dor. Mas esta abordagem não parecia funcionar na redução do seu stress.
Quando terminou a sua 2.ª maratona, alguns minutos mais lento do que o objetivo programado, sentiu que tinha falhado. Para “corrigir” as coisas, correu outra maratona apenas 5 semanas mais tarde. O seu corpo rejeitou a ideia e demorou mais 1 hora do que na corrida anterior.
Finalmente, a mulher convenceu-o a tentar perceber o que estava, realmente, a provocar-lhe o stress e ele passou os anos seguintes a procurar formas de encontrar mais prazer na jornada. Neste processo, descobriu 5 ferramentas. Cada uma delas era bastante básica, mas em conjunto mostraram ser capazes de lhe mudar a vida e permitiram o seu êxito posterior como executivo da Apple.
Respirar - Começou com um passo pequeno, fazendo 3 respirações profundas de cada vez que se sentava à secretária. Percebeu que o ajudava a relaxar. Depois de estas 3 respirações se tornarem um hábito, aumentou para alguns minutos por dia. Percebeu que estava mais paciente, mais calmo e vivia mais o momento. Agora, faz esta respiração 30 minutos por dia. Assim restaura as suas perspetivas, ao mesmo tempo que consegue olhar para uma questão ou problema de uma maneira diferente e lembrar-se de novas soluções. Os exercícios de respiração profunda fazem parte, há milhares de anos, das práticas de ioga, mas pesquisas recentes realizadas no Massachusetts General Hospital, da Universidade de Harvard, documentam o impacto positivo deste tipo de respiração na capacidade do nosso corpo para lidar com o stress.
Meditar - A primeira vez que Bill ouviu falar de meditação, achou que era uma coisa para hippies. Mas ficou surpreendido ao perceber que reconhecia alguns dos que a praticavam: Steve Jobs, Oprah Winfrey, Marc Benioff e Russell Simmons, entre outros. Animado, começou com 1 minuto por dia. A sua meditação consistia em “body scanning”, que implicava concentrar a sua mente e energia em cada secção do corpo, da cabeça aos dedos dos pés. Pesquisas recentes de Harvard mostraram que meditar durante um tempo tão curto como 8 semanas pode, na verdade, aumentar a matéria cinzenta em partes do cérebro responsáveis pela regulação emocional e pela aprendizagem. Por outras palavras, quem medita aumenta o controlo emocional e o poder cerebral.
Ouvir - Bill descobriu que, se se concentrasse em ouvir as outras pessoas tal como se concentrava quando meditava, a sua interação tornava-se imediatamente mais rica. A outra pessoa podia sentir, de uma forma quase física, que ele estava a escutar e formava mais rapidamente um laço com ele. Quase imediatamente, a vida se tornava mais rica e significativa. Como provou o professor Graham Bodie, ouvir é, por excelência, um comportamento positivo na comunicação interpessoal.
Questionar - Não significa fazer perguntas a outras pessoas, mas sim questionar os pensamentos criados pela nossa mente. Só porque a nossa mente cria um pensamento, não quer dizer que ele seja verdadeiro. Bill adquiriu o hábito de se perguntar “Este pensamento é verdadeiro?” E, caso não estivesse completamente certo de que o era, abandonava-o. Como ele próprio explicou: “Agradece à tua mente por ter tido esse pensamento e vai em frente. Achei isto libertador porque me forneceu uma saída para os pensamentos negativos, uma válvula de escape que eu antes não tinha”. A técnica de questionar os pensamentos foi popularizada por Byron Katie, cuja experiência e investigação mostram que existe poder em reconhecer, em vez de reprimir, os pensamentos negativos. Em vez de tentar ignorar alguma coisa que acreditamos ser verdade, questionar permite-nos sempre encarar os nossos pensamentos “frente-a-frente” e tirar-lhes o crédito quando são falsos.
Ter um propósito - Bill comprometeu-se a viver com um propósito. Não tanto um Propósito de Vida, mas algo mais simples. Comprometeu-se a fazer com propósito o que quer que estivesse a fazer. Fazer uma coisa e só uma coisa. Se decidisse ver televisão, via realmente televisão. Se estivesse a tomar uma refeição, aproveitava o tempo para desfrutar dela. Há pesquisas que confirmam a sua experiência. Em “A Pace Not Dictated by Electrons: An Empirical Study of Work Without Email” (Um ritmo não ditado por eletrões: Um estudo empírico do trabalho sem email), Gloria Mark e Armand Cardello citam provas que sugerem que os trabalhadores da área do conhecimento verificam o email até 36 vezes por hora. O resultado é um aumento do stress. Conceder a cada atividade a atenção total assegura que se está a viver a experiência naquele momento, de maneira total.
Para Bill foi importante ter começado com passos muito pequenos, porque não se pode combater o stress de uma maneira stressante. Muitas vezes tentamos provocar mudanças através de puro esforço e pomos toda a nossa energia numa nova iniciativa. Mas não se pode vencer a tensão usando as mesmas técnicas que a criaram.
Pelo contrário, a solução é fazer menos do que sentimos querer fazer. Se lhe apetecer respirar profundamente 2 minutos, faça-o apenas 1. Se está pronto para passar um dia a ouvir realmente as pessoas com toda a atenção, faça-o apenas durante a próxima reunião. Permita-se ficar cheio de vontade de repetir. O que pretende é desenvolver um hábito sustentável: uma abordagem isenta de stress, para reduzir o stress.
Greg McKeown é o autor do livro Essentialism: The Disciplined Pursuit of Less (Crown Business, publicação prevista para a Primavera de 2014). Aconselha executivos em Silicon Valley e dá conferências um pouco por todo o mundo. É um Jovem Líder Global do Fórum Económico Mundial

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