(per)Seguidores

terça-feira, 16 de abril de 2013

Parece que cheira (bem) a social-democracia…

Peer Steinbrück arrebatou o público presente no congresso do SPD, dando fôlego ao partido para as eleições gerais de setembro, após meses em queda nas pesquisas de intenção de voto.
Já na primeira frase de Peer Steinbrück, a plateia, de forma espontânea, levantou-se. Foram 2 minutos de aplausos. E isso, só porque o desafiador de Angela Merkel nas próximas eleições gerais alemãs tinha dito que queria ser Chanceler. A afirmação não trazia nada de novo. Mas a maneira como ele a fez, sem preâmbulos, arrebatou os seus partidários.
Segundo as últimas sondagens dos principais institutos, 63% dos alemães pretendem votar em Angela Merkel, da União Democrata Cristã (CDU). A situação é similar em relação às intenções de votos para os partidos. A CDU tem atualmente 42%, à frente do SPD, com apenas 27% das intenções de voto. De acordo com as mesmas previsões, no entanto, a CDU poderá perder o seu atual parceiro de coligação, o Partido Liberal (FDP), que pode não conseguir os 5% necessários para entrar no Parlamento.
Esta seria a hipótese para os social-democratas, que desejam governar em coligação com Verdes após a eleição de 22 de setembro. Por isso, uma das líderes dos ambientalistas, Claudia Roth, foi convidada para discursar na convenção do SPD, em que afirmou que o governo atual é o pior de todos tempos e acusou Merkel de indiferença social. A política Verde afirmou ainda, que quer para a Alemanha não apenas um novo governo, mas uma "mudança de sistema". Peer Steinbrück acrescentou mais tarde que já não vê futuro para "um capitalismo cínico". O Seu lema, assegurou, é mais "nós" e menos "eu".
Contra a riqueza para poucos
Steinbrück quer uma distribuição mais justa de impostos na Alemanha. O programa partidário lançado durante o congresso prevê um aumento de impostos para os "super-ricos", além de um amplo pacote de medidas para conseguir mais receitas para os cofres do Estado, já que, de acordo com o Departamento Federal de Estatísticas, apenas 8% da população ativa ganham mais de 100.000 euros por ano.
Segundo o programa do partido, os mercados devem ser domados, e algumas transações bancárias, proibidas. Steinbrück declarou guerra aos especuladores financeiros – quer investir mais na educação e ajudar as famílias, além de controlar os preços da energia e dos alugueres, para que permaneçam acessíveis.
Muitos pontos do programa não vêm dos delegados, tendo sido desenvolvidos por cidadãos não filiados, iniciativa que visa aproximar o partido do povo, que já tem 150 anos. Muitos participantes do congresso criticam o evento como um mero espetáculo. Outros parecem não ter entendido como se conseguirá financiar o programa.
Na imprensa alemã, o programa eleitoral do SPD é visto de forma crítica, considerado fora da realidade. "O que estamos a planear é financeiramente viável. Calculamos tudo muito bem", garantiu Frank-Walter Steinmeier, candidato a chanceler derrotado por Merkel nas eleições de 2009 e atual líder da bancada parlamentar social-democrata.
Mais diplomacia
Ele, que já foi ministro dos Negócios Estrangeiros durante o 1.º mandato de Merkel, dá grande importância a que seja criada uma "nova política externa" e lamenta que a Alemanha venha a perder peso político internacionalmente, incluindo no Médio Oriente, onde, segundo o SPD, deve ser dada continuidade aos esforços para uma "solução de dois Estados" – um israelita e um palestiniano.
O programa do partido pede mais apoio para os movimentos democráticos árabes e promete dar suporte à adesão da Turquia à União Europeia, além de querer facilitar a obtenção da dupla nacionalidade para imigrantes estrangeiros que pedirem o passaporte alemão.
Os social-democratas são a favor de que a política europeia de desenvolvimento se paute de forma mais clara por uma abordagem comum e de que o objetivo de investir pelo menos 0,7% do PIB na ajuda ao desenvolvimento seja implementado de forma mais consequente.
Querem também que as missões do Exército alemão no extrangeiro sejam analisadas com mais cuidado no futuro. "Nós também fizemos isso quando estávamos no governo", ressalta Steinmeier. As exportações de armas do governo alemão devem ser controladas mais estritamente, caso SPD e Verdes vençam as eleições.
Muitas pessoas que estiveram no congresso concordam com os planos do partido, mas alguns duvidam da viabilidade das ideias. A maioria, entretanto, gostou da performance do candidato a chanceler, que transmitiu, mais uma vez, autenticidade.
Assim, muitos esqueceram as gafes cometidas pelo social-democrata nos últimos meses e as críticas que sofreu pela sua suposta transformação de palestrante bem remunerado, com posições favoráveis à economia de mercado, a defensor da justiça social.
Agora, para o SDP, só resta esperar que o clima positivo da convenção partidária se reflita também na campanha eleitoral.
E que muita coisa mude, para melhor e que nada fique na mesma, apesar das escassas referências à União Europeia e ao Euro…
Cheira a social-democracia, mas…

Sem comentários:

Enviar um comentário