Os coordenadores dos principais grupos políticos na Comissão Económica e de Assuntos Monetários do Parlamento Europeu decidiram lançar um processo de inquérito à atuação da troika - que inclui 2 entidades europeias, a Comissão e o Banco Central Europeu - nos planos de resgate lançados nos últimos 3 anos, diz o Euobserver.
O desenho da iniciativa deverá ser aprovado em meados do próximo mês, através de um consenso entre grupos políticos tão diferentes. A principal força política por detrás da iniciativa são os Verdes. "As troikas desempenham um papel chave na crise da zona euro. Mas o seu trabalho continua a não ser transparente em larga medida", disse Sven Giegold, deputado europeu dos Verdes da Alemanha, que sublinhou que "os pressupostos da troika provaram estar errados em todos os resgates". Insistiu também que deverão ser investigados eventuais abusos ou violações da lei.
A investigação pretende apurar, ainda, a "legitimação democrática das decisões tomadas" pela troika nesses processos.
As atuações da troika que serão analisadas dizem respeito aos chamados "países sob programa" - Grécia, Irlanda (que acabará o plano de resgate em meados de dezembro), Portugal e Chipre.
A investigação será liderada pelo deputado austríaco Othmar Karas, do Partido Popular Europeu, e pelo parlamentar social-democrata francês Hoang Ngoc. Os relatores sombra serão Philipe Lamberts, dos verdes belgas, e Derk Jan-Eppink, dos conservadores holandeses.
A comissão se deslocar-se-á aos 4 países para falar com as missões da troika, com ministros e ex-ministros, sindicatos e bancos, espera concluir a missão em março de 2014 e ter o relatório votado em abril, antes das eleições para o Parlamento Europeu em maio.
Com o reforço de poderes do Parlamento Europeu no próximo mandato, não admira que este queira dar um ar da sua graça, cativando a simpatia dos países espoliados e subjugados pela troika, mas a estratégia (o inquérito) é básica e completamente desnecessária…
Então, para se saber se as medidas impostas pela troika são opacas, não basta ouvir as instituições “auscultadas” nas avaliações cíclicas aos respetivos países, à saída dos encontros e ler os relatórios de cada avaliação, mais as “propostas” para a avaliação seguinte e pronto? Diz o governo que foi a troika que impôs e a troika diz que foi o governo…
Então, para se saber se as medidas impostas pela troika redundaram num fracasso total, não basta ver o antes e o depois da sua intervenção nos países “resgatados” nos vários vetores e recolher os pareceres e opiniões dos mais abalizados economistas mundiais e pronto? Se se deve mais agora e se continua com a austeridade…
Então, para se saber se as medidas impostas pela troika violaram a lei, não basta relembrar que, só em Portugal, o Tribunal Constitucional já chumbou 5 propostas e se espera mais uma tantas e pronto? Mesmo que seja o governo a aguentar com as culpas, por solidariedade e opacidade…
Então, para se saber se a troika tem legitimidade democrática para impor medidas (ainda por cima erradas) a países soberanos (mesmo que devedores ou por isso), não basta saber que nenhum dos elementos das instituições representadas foi eleito e pronto? E mais grave, sabendo-se que os elementos da troika são meros assalariados com delegação de “poderes”?
E no fim do inquérito, tiradas as conclusões, que são prévias, vão pagar indemnização pelos estragos feitos nos países e aos respetivos cidadãos?Se assim não for, o inquérito serve para quê?Vamos fazer de conta que são todos inteligentes e nós é que somos os burros…
Só que o Povo, embora seja manso, não é estúpido e já sabe que a novela continua e a coboiada só fará vítimas entre os índios, mesmo depois dos “tratados de paz”.
É mais uma guerra dos sem anos…
Há pouco mais de meio ano de Portugal pôr um ponto final ao programa de ajustamento, assinado com os credores internacionais, a maioria dos portugueses (70,9%) “não acredita nada” (33,1%) ou “acredita pouco” (37,8%) que em Junho de 2014 fiquemos livres da troika, revela hoje o barómetro i/Pitagórica de Outubro.
No mesmo sentido pessimista, a maioria dos inquiridos (67,8%) responde “não” quando questionado sobre se Portugal vai conseguir regressar aos mercados no próximo ano, contra 32,2% que diz “sim”.
As principais razões apontadas para que tal cenário se verifique é “um eventual insucesso da política de austeridade” (40,1%) e a “falta de acordo entre o Governo e o PS, proposto em Julho pelo Presidente da República” (28%).
O barómetro mostra ainda que os portugueses estão pouco confiantes em relação aos recentes sinais de recuperação, considerando 32,8% que “provavelmente não se manterão” contra apenas 9,9% que acredita que “sim, irão continuar”.
Neste sentido, uma larga maioria (71,4%) é da opinião que a política de austeridade não vai terminar com a saída troika.
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