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domingo, 27 de outubro de 2013

Pronto! É só copiar, é barato e sacam-se milhões…

Apesar de muitas falhas históricas e sobretudo o não haver referência ao “perdão da dívida”, precisamente na área da economia, destacam-se 2 coisas. Uma, que plagia o modelo chinês “um país, dois sistemas”, ao enveredar por um lado pela competição capitalista, por outro por ajustes sociais pelo Estado. A outra é a desconstrução da economia baseada no mercado de capitais, que é o mesmo que dizer que a bolsa é um embuste ou uma armadilha…
Tudo o mais é o que diz a análise (de um jornal alemão), que se esqueceu do princípio dos vasos comunicantes (impulsionado pela crise), quando refere que o setor industrial na Alemanha ainda responde por 26% da economia, enquanto a desindustrialização avança noutros países…
Como se apercebe, o método até é simples, é barato e saca milhões.
“Podió copiá-lo?”
O "Milagre alemão"
O mundo está fascinado com a maior economia da Europa, que mesmo na crise cresce, cria postos de trabalho e reduz as suas dívidas. Há muito que se fala do "Modelo Alemanha". Mas o que caracteriza esse modelo?
Para o sucesso de uma economia, a ordem económica desempenha um papel importante. Afinal de contas, ela disponibiliza as estruturas para as atividades económicas. Na Alemanha, essa ordem chama-se "economia social de mercado". Por um lado, ela baseia-se na competição capitalista, pelo outro, ela permite que o Estado realize ajustes sociais.
As suas raízes encontram-se no século XIX: "Bismarck, que na época também era chamado de 'chanceler federal de ferro', introduziu a legislação social ao criar o seguro de saúde e o seguro-desemprego", afirma Werner Schreiber, ex-secretário dos Assuntos Sociais do Estado da Saxónia-Anhalt. Isso aconteceu de forma paritária, ou seja, metade era paga pelo empregado, a outra metade pelo empregador. Este princípio ainda constitui o núcleo da legislação social de hoje, que após a II Guerra Mundial foi ampliada para a política familiar, assistência social e muito mais.
Também a autonomia nas negociações salariais faz parte da economia social de mercado: "Ou seja, os sindicatos e os empregadores negociam livremente os reajustes salariais – sem intervenção do governo", disse Schreiber.
Sistema de engrenagens
Graças à parceria entre sindicatos e empregadores, nas últimas décadas houve poucas greves no país – o que é outro ponto positivo para a Alemanha como polo económico. Em tempos de recordes de taxa de desemprego em países vizinhos, aconteceu na Alemanha um milagre laboral. Cerca de 42.000.000 de pessoas estão no mercado de trabalho – um número inédito na história da República Federal da Alemanha.
Este sucesso também se deve à Agenda 2010, como foi chamada a reforma no mercado de trabalho há 10 anos. "Um ponto importante foi a criação de um setor de baixos salários, a desregulamentação e flexibilização do mercado de trabalho. Se, por um lado, isso criou mais postos de trabalho, por outro, criaram-se também empregos de muito menor remuneração", opinou Uli Brückner, da Universidade Stanford.
Em vez de grandes reformas, como a Agenda 2010, o novo governo que assumirá em Berlim deve dar prioridade a pequenas correções – talvez isso também faça parte do "Modelo Alemanha" de negócios.
Brückner explicou que na "Alemanha há um grande consenso social no facto de muitas coisas serem vistas como obra de engenharia. O sistema político é algo como uma engrenagem, onde diferentes instituições estão interligadas com base numa legislação".
Empresas familiares
Enquanto eventualmente a engrenagem política emperra, a real engenharia alemã é de primeira. Anualmente, cerca de 100.000 engenheiros e cientistas entram no mercado de trabalho, após terem completado uma formação de qualidade numa das 200 universidades de ciências aplicadas ou faculdades de tecnologia numa escola superior. Mas há também a mão-de-obra qualificada, que não frequentou o ensino superior, mas mesmo assim contribui para a alta produtividade no país.
Isso se deve ao renomado sistema dual de educação, cujas raízes se encontram no sistema de formação do artesão medieval. Aqui, os jovens adquirem habilidades práticas nas empresas, enquanto recebem conhecimentos fundamentais numa escola profissionalizante. Uli Brückner dá um exemplo: "Se eu trabalho no setor logístico, aprendo línguas, contabilidade, conhecimentos sobre mercados, aquilo que, por assim dizer, compõe o entorno de um especialista em logística e expedição."
Desta forma, a economia alemã é abastecida, anualmente, com um fluxo confiável de trabalhadores qualificados. Isso beneficia principalmente o setor de porte médio – a espinha dorsal da economia alemã. Esse setor é composto por firmas que empregam menos de 500 funcionários. Esse é o caso de mais de 99% das cerca de 3.000.000 de empresas na Alemanha. A maioria delas é composta por empresas familiares.
Para Klaus-Heiner Röhl, do Instituto da Economia Alemã, essa também é uma razão para que o setor industrial na Alemanha ainda responda por 26% da economia, enquanto a desindustrialização avança noutros países. "Ou seja, a família possui essa empresa e nada mais, enquanto no Reino Unido uma empresa já entrou há muito no mercado de capitais, as suas ações foram adquiridas talvez por uma grande empresa e, a certa altura, a fábrica no Reino Unido foi fechada e a produção foi transferida para o exterior."
Na Alemanha, o sustento dessas famílias vem das suas empresas, que permanece naturalmente na Alemanha, disse Röhl. A maioria dessas famílias possui uma boa reserva de capital e, por esse motivo, não leva a empresa à bolsa de valores. Segundo Röhl, isso possibilita um direcionamento de longo prazo: "O objetivo não está em ir atrás de dados da bolsa a cada trimestre, mas dá-se prioridade a metas de longo prazo. Então não se tem demasiada pressa. A empresa não se expande mais do que é bom para ela."
Infraestrutura e tecnologia de ponta
Como as empresas alemãs têm que se afirmar frente a empresas de países de baixo rendimento, muitas vezes um produto de qualidade já não é mais suficiente. Uma série de serviços pertence agora ao selo "Made in Germany", disse Röhl: "Uma empresa não vende só uma máquina, mas também a instala, treina o pessoal do comprador, oferece serviço de manutenção com atendimento 24 horas. Em última análise, isso vai tão longe que, praticamente, garante-se o bom funcionamento do equipamento."
Uma garantia para o êxito do "Modelo Alemanha" está na tecnologia de ponta. O país está condenado à inovação, já que não possui recursos minerais significativos. 11% dos trabalhadores alemães operam no setor da alta tecnologia, bem mais do que a média da União Europeia. Anualmente, 70 mil milhões de euros são gastos em pesquisa, mais do que qualquer outro país na Europa. "Nós temos uma rede de institutos de pesquisa fundamental, como o Instituto Max Planck e o Instituto Fraunhofer, que estão espalhados por todo o país e que tentam, na cooperação com a indústria, desenvolver coisas que a princípio não são facilmente comercializáveis", disse Uli Brückner, professor de estudos europeus na Universidade Stanford.
Enquanto na pesquisa é permitido sonhar, na área de infraestrutura, contam apenas os factos. Também aqui a Alemanha passou no teste de resistência. Só poucos países do mundo têm à disposição redes tão grandes de energia, telecomunicações, estradas, linhas férreas e rotas áreas.
Isso tem a ver, certamente, com a situação geográfica da Alemanha – a última peça de quebra-cabeça do modelo alemão. Localizada no centro da Europa, a Alemanha também é beneficiada pelo clima, disse Brückner: "Não registamos ondas exageradas de calor e nenhuma tempestade com furacão, o que também tem um impacto negativo na economia. O clima é relativamente moderado e fresco, fazendo com que condições favoráveis de crescimento e produtividade se tenham instalado mais aqui ao longo dos séculos do que nas fronteiras europeias. E disso a Alemanha também muito se beneficia", conclui.

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