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terça-feira, 29 de outubro de 2013

É urgente a “Reforma do Estado” atual das coisas…

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, advertiu para o facto de "A maior transformação dos últimos tempos foi a captura do poder político pelo poder financeiro", disse, tendo defendido um projeto para Portugal com uma perspetiva de médio longo prazo, de pelo menos 10 anos e considerou que não é realista pensar-se que Portugal pode, depois de ultrapassada "uma crise com a dimensão da atual", voltar ao mesmo ponto de partida, acrescentando que "o sistema político falhou" ao revelar-se incapaz de "disciplinar o sistema financeiro".
Segundo Silva Peneda, é preciso um novo modelo que, explicou, assenta em 3 vértices, as contas públicas, que "devem estar equilibradas", o crescimento da economia e a reforma do Estado.
"Sem coordenação e compatibilização" não será possível pôr este triângulo a funcionar de maneira equilibrada, pelo que advogou um projeto a médio e longo prazo que seja posto em prática. "Medidas de curto prazo não resolvem o problema da economia portuguesa e do desemprego", concluiu.
A atual crise apenas veio confirmar a tendência: Portugal está cada vez mais distante da Europa. São vários os indicadores que demonstram que o fosso entre a economia nacional e a zona euro está cada vez maior: desde 1999, o diferencial aumentou mais de 3%.
O programa de “ajustamento” permitiu confirmar que a economia nacional está cada vez mais “desajustada” da zona euro. Desde a entrada em vigor da moeda única, em 1999, que vários indicadores demonstram o aumento do fosso entre Portugal e a Europa, cenário que a atual crise apenas veio agravar.
As contas são do boletim de outubro do Banco de Portugal. “Em termos do valor da economia, o fosso é cada vez mais fundo”, refere o diário: “Portugal afastou-se 10,7% da zona euro desde 1999, um diferencial que ia em 7,1% no final de 2011”.
Um dos exemplos desse distanciamento é o indicador que mede o salário médio de um trabalhador. Ainda antes dos cortes e contribuições extraordinárias dos últimos 2 anos, o ordenado de um trabalhador em Portugal valia apenas 55% do salário médio praticado na UE.
O mesmo boletim refere outro exemplo: apesar de aliviar a estimativa sobre a recessão no ano em curso, de 2 para 1,6%, a mesma contração da atividade económica será “mais pronunciada do que a antecipada para a área do euro”. “Continuará o processo de divergência real entre Portugal e a média da área do euro, com o alargamento do diferencial negativo acumulado desde o início da união monetária para mais de 10%”, refere o boletim do Banco de Portugal, que evidencia a quebra de 6% no valor do PIB português só entre 2011 e 2013.
Uma das conclusões desta análise é a método simples e empírico, para tirar as conclusões que o economês tenta esconder e com isso enganar-nos. De facto, quem não seu pela falha (rendição ou estratégia?) do sistema político que se ajoelhou perante o sistema financeiro, sem o disciplinar? E não foi só o sistema político a sucumbir, mas também o setor económico, que ficou manietado e até soçobrou perante a estratégia e as táticas apoiadas pelos vários governos… É a ideologia neoliberal a cumprir as metas para uma vitória que se espera que seja Pírrica e que no fim desta guerra, perante o descontentamento dos cidadãos, também diga como Pirro: "Mais uma vitória como esta, e estou perdido."
E quando Silva Peneda sugere que as contas públicas devem estar equilibradas, constatamos que tal não vem acontecendo. Quando diz que é preciso investir no crescimento da economia, verificamos que se tem enveredado pelo oposto. E quando propõe a Reforma do Estado, confirmamos que nem há guião, muito menos estão definidos os vetores políticos e sociais, pelos cidadãos (o Estado somos nós!) e se vão fazendo remendos “à la minute”, pelo método do facto consumado. E é toda esta prática, do poder político, que prova que os governos estão reféns do poder financeiro.
E mais uma prova destas batalhas, de uma guerra sem tempo, é o tempo que perdemos (e o dinheiro) que cada vez mais nos distancia da Europa, mas mais da Eurozona.
Fala-se muito nas perdas que o Euro nos trouxe, mas a grande maioria dos analistas e expert em economia não estabelecem a relação entre este fenómeno, a crise e o Euro, que está no cerne desta desvalorização social, como se continuar na moeda única não viesse a aumentar ainda mais esta distância… Um exercício destoante, em que se conhecendo os efeitos não se confirmam as causas, que estão aos olhos de todos, porque “Muito bem, o euro é forte; zut, o euro é caro” e se a forte subida do euro destes últimos meses é prejudicial para as multinacionais europeias, imagine-se para nós que já éramos pobrezinhos aquando da adesão, somos cada vez mais pobrezinhos e cada vez ganhamos menos…
Realmente é urgente a Reforma deste Estado de coisas…

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