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segunda-feira, 3 de junho de 2013

As 3 faces da moeda e uma “Nota” sobre o balanço…

A oposição parlamentar classifica a actual situação do país como um desastre económico e social e quer eleições antecipadas mas, ao fim de 2 anos de governo, PSD e CDS-PP dizem que o país está melhor.
"Creio que a palavra-chave aqui é a verdade. Nós estamos hoje em condições de poder ter um futuro que é necessariamente mais risonho, com mais esperança, mas isso não significa aqui uma perspectiva de facilidade. Eu não tenho dúvidas de que o país está melhor hoje do que há 2 anos", afirmou o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro.
Num balanço dos 2 anos sobre as eleições legislativas de 5 de Junho, que ditaram o regresso do PSD, em coligação com o CDS-PP, ao poder, Luís Montenegro considerou que "há muito bons indicadores": comportamento orçamental, a descida do défice estrutural e o crescimento das exportações para espaços não europeus.
Luís Montenegro disse ter a "convicção absoluta de que o Governo vai cumprir a legislatura até ao fim" e desvalorizou "naturais divergências aqui ou ali" no seio da coligação.
Para o líder parlamentar do CDS-PP, o Governo tem todas as condições políticas para cumprir o mandato: "Tempos difíceis exigem discussões por vezes duras mas a maioria tem sabido dirimir as divergências", afirmou Nuno Magalhães e que hoje estão cumpridos 2/3 do programa de ajustamento financeiro e que Portugal está, "do ponto de vista da sua credibilidade externa e da sua autonomia" enquanto país "melhor que há 2 anos".
Quanto às "consequências negativas" do programa de ajustamento, Nuno Magalhães apontou o "desemprego enquanto fractura social terrível", devendo ser a criação de emprego o objectivo para os próximos 2 anos.
Com uma visão oposta sobre a situação do país, o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho considerou que os 2 primeiros anos de Governo foram de "anos de retrocesso" em que "um governo impreparado pôs em prática uma agenda ideológica de flagelação dos portugueses". "2 anos passados, 1.000.000 de desempregados, uma economia que não funciona, um défice que não foi controlado, uma dívida pública que sobe e sobretudo um enorme desânimo dos portugueses que é a marca mais negativa", sustentou.
Zorrinho criticou o Governo PSD/CDS-PP, que "asfixiou a economia, quebrou a confiança dos portugueses e apodreceu as instituições dado que é um governo que tem no seu activo dois orçamentos inconstitucionais" e disse antever 2 cenários possíveis para os próximos 2 anos: "ou há eleições e com muita dificuldade e esforço o país poderá inverter a espiral recessiva ou, se não houver eleições vamos chegar a essa data num contexto de grande desastre".
Para o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, "o Governo tem uma situação de fragilidade política evidente", que é a expressão das suas "contradições internas" e do "profundo desgaste junto do povo português". "Toda a situação do país se agravou, agravaram-se as desigualdades", considerou Bernardino Soares, criticando a "destruição dos serviços públicos" e a "desprotecção dos trabalhadores" promovidas por "um governo comprometido cada vez mais com a troika, com o grande capital e grupos económicos que comandam o país".
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, resumiu numa palavra inventada a acção do Governo desde que tomou posse, a 21 de Junho de 2011: "austericídio". "É austericídio, a destruição do país" com recurso a políticas de austeridade que resultaram "numa recessão profunda em 2012 e 2013", acusou, considerando que "o Governo não é capaz de ter uma saída para a crise". O deputado sublinhou que "todas as metas do Governo ao nível do défice e da dívida não estão a ser cumpridas" ao mesmo tempo que se agravam o desemprego e as condições económicas e sociais.
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, foi útil numa primeira fase mas tornou-se “bastante inútil” para o Governo, considerou o ex-líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa. “É ao fim de 2 anos que ele [Vítor Gaspar] descobre que os juros não deviam estar assim e que o prazo de pagamento não devia estar assim?”, questionou o comentador, referindo-se às declarações do ministro das Finanças na comissão parlamentar de acompanhamento do programa de ajustamento.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o discurso do ministro revela “falta de sentido de Estado” e “oportunismo”“Os erros e o discurso interno são de tal forma desastrosos que não compensam o prestígio externo” de Vítor Gaspar, afirmou.
Com o governo precisamente a meio do mandato, o barómetro i/Pitagórica de Maio revela que os eleitores atribuem aos partidos da esquerda parlamentar uma vantagem de quase 20% sobre PSD e CDS nas intenções de voto.
Distribuídos os votos dos mais de 30% de eleitores que se confessam indecisos, PS+CDU+ Bloco de Esquerda conseguem reunir 54,7% dos boletins, contra os 34,9% atribuídos aos partidos (PSD+CDS) que compõem a actual coligação governamental.
Quando se fala em ”as 2 faces da moeda”, toda a gente se esquece que há 3 (como tudo que é tridimensional), contando com a espessura… Estamos esclarecidos.
No caso, temos o Governo, a Oposição e o Marcelo Rebelo de Sousa (ou outro, conforme os gostos ou as discordâncias).
O Governo - Não tem dúvidas de que estamos melhor do que há 2 anos, com muito bons indicadores: comportamento orçamental, descida do défice estrutural, crescimento das exportações, credibilidade externa e mais autonomia, embora o desemprego seja uma fatura social terrível… Porreiro!
A Oposição - É o austericídio: destruição do país, políticas de austeridade, recessão profunda, todas as metas do Governo sobre o défice e da dívida não estão a ser cumpridas, agravaram-se as desigualdades, destruíram-se os serviços públicos, desprotegeram-se os trabalhadores, 1.000.000 de desempregados, a economia não funciona, o défice não foi controlado, a dívida pública subiu e em consequência, um enorme desânimo dos portugueses. Pior não podia ser!
MRS - Os erros e o discurso interno de Vítor Gaspar são de tal forma desastrosos que não compensam o prestígio externo… Rua com ele!
Finalmente a “Nota”.
O POVO - Em 2011 distribui 50,35% dos votos pelos partidos da coligação, em 2013 dar-lhe-ia 34,9%, com 15,45% de votantes (neles) a retirar-lhes a confiança depositada. Demissão! Demissão!
E como o POVO é SÁBIO (como diz sempre quem ganha), este é o balanço dos 2 últimos anos!…

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