O Fundo Monetário Internacional (FMI) deverá admitir na sexta-feira que cometeu erros “grosseiros” na forma como lidou com a crise da dívida na Grécia nos últimos 3 anos.
Num documento classificado como “ultraconfidencial”, que o jornal The Wall Street Journal diz ter lido, os técnicos da organização dirigida por Christine Lagarde assumem que o FMI “subestimou” os “estragos” que as suas políticas poderiam causar à economia e à sociedade gregas, acabando, assim, por reconhecer que as doses excessivas de austeridade acabaram por se traduzir num agravamento contínuo de uma recessão económica que não se sabe quando irá terminar.
Mesmo assim, o Fundo Monetário Internacional assinala que nem tudo foi mau no processo grego. E salienta que a intervenção atempada na Grécia, em conjunto com a Comissão Europeia e com o BCE, foi fundamental para evitar que a crise da dívida alastrasse a outros países e provocasse uma crise continental.
O Fundo Monetário Internacional desenhou a receita, mas os efeitos secundários parecem estar a ultrapassar as expectativas e vai deixando avisos e fazendo correcções, alertando que as medidas de austeridade que estão a ser adoptadas por alguns países da Zona Euro, como Portugal e Grécia, podem tornar-se social e politicamente insustentáveis e sublinha agora a necessidade de o ajustamento orçamental ser feito a um ritmo que consigam suportar, porque os países europeus em causa não conseguirão cumprir as reformas de ajustamento exigidas.
No actual contexto de fragilidade, implementar as medidas correctas pode não ser suficiente para restaurar a confiança dos mercados, sublinha-se, pelo que o FMI pede um apoio claro da Zona Euro aos membros sob resgate.
Num sinal à Alemanha, a instituição sedeada em Washington considera que os países devem continuar o ajustamento e pedir, se necessário, apoio ao Fundo de Estabilização do euro.
O FMI advertiu os países sob resgate para os efeitos sociais das medidas de austeridade e cabe agora às autoridades portuguesas aproveitar, ou não, diz o presidente do Conselho Económico e Social (CES).
Vai ser muito difícil a “troika” tomar a iniciativa de alterar os termos do acordo de ajuda financeira a Portugal, pelo que vão ter de ser as autoridades portuguesas a aproveitar a deixa do FMI, se assim o quiserem.
“O FMI percebeu que o programa que está a ser implementado em Portugal tem erros de concepção à partida. Se as autoridades portuguesas entenderem que o programa está bem como está, não é da parte deles que vai haver agora proposta de alteração”, defende Silva Peneda, presidente do CES, sublinhando que “há mais flexibilidade por parte do FMI e mais rigidez da União Europeia”.
O mesmo defende o antigo governador do BdP, Silva Lopes, para quem a posição assumida pelo FMI de pouco vale face à intransigência alemã. “O facto de o FMI ter essas posições, mostra que há quem veja o que se está a passar. A Alemanha, que dita as posições da parte europeia, porque fornece a maior parte do dinheiro, não quis, até aqui, flexibilizar nem um centímetro. Do lado europeu, era donde devíamos estar a receber mais apoio, não era do FMI, mas infelizmente é ao contrário”, sustenta.
É bonito e fica bem a gente de bens reconhecer as asneiras, mas mais bonito é arcarem com as responsabilidades!
Admite-se, que uma instituição com “técnicos de primeira água”, como é o FMI, venham assumir “erros de cálculo” que levaram à aplicação de doses excessivas de austeridade à Grécia (e a Portugal, e à Irlanda), que degradaram continuadamente a situação económica desses países, dando origem a uma recessão que não sabem quando acabará? Admite-se que fiquem só por este mea culpa, sem que sejamos ressarcidos dos esbulhos ou, pelo menos, a alterarem, unilateral, os princípios ativos desse “remédio”?
Se foram detetados efeitos secundários, que nós já sabemos que são insustentáveis, social e politicamente (isto dirá respeito ao governo e oposição), também sabemos que só com outro ritmo as consequências no quotidiano serão suportáveis e que pelo caminho que as coisas vão, nunca o país conseguirá cumprir os compromissos. E não é preciso ser técnico, nem é de agora que sabemos o óbvio…
Consola-nos muito saber que, apesar de tudo errado, evitamos a crise nos outros países do continente… Um Modelo!
Mas antes do mais, o que preocupa o FMI é que esta fragilidade (destruição das estruturas criadoras de riqueza), já não funciona para restaurar a confiança dos mercados marimbando-se para o desprezo demonstrado pelos cidadãos… Vão bugiar!
E ainda por cima, reconhecem “legitimidade” à Alemanha para nos conduzir, por onde lhes dá mais jeito… Democrático!
Como qualquer um de nós entenderia, diz o Presidente do CES, que cabe agora às autoridades portuguesas aproveitar, ou não, a abertura para do FMI para um novo desenho, já que a troika nunca o fará, até porque ficaram muito mal na fotografia… A ver vamos o comportamento do governo, que se queixou do 1.º desenho, que fez outro desenho, pior do que o 1.º e terá que se esmerar na pintura, para vermos se o povo gosta… O “bom aluno”, afinal, só copiou!
Por seu lado, Silva Lopes assume que o que o FMI diz pouco interessa porque é a Alemanha (que manipula a CE e o BCE), que fornece a maior parte do dinheiro, embora haja quem diga que os alemães não gastam um cêntimo e esteja a mamar como uma bezerra… Contradições!
O que desde logo fica provado é que tudo estava errado, os sintomas, o diagnóstico, a receita, a eficiência dos técnicos e a eficácia dos instrumentos…
E perante estas criancices, só alguém da igualha deles nos pode aliviar o lombo, antes que nos vejam os ossos, e para tal só há um (com todas as culpas no cartório), o Vítor(ioso)… Quem havia de dizer!
Mas agora TEM QUE SER OU NÃO SER, e essa é a questão!
Ficamos à espera das retificações aos retificativos, porque “chegou o momento do investimento, repito, depois do (des)ajustamento chegou o momento do investimento (nas pessoas)”…
Atualização às 21:00
Entretanto, a Alemanha “responde”, pela voz da CE:
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