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domingo, 26 de maio de 2013

Nos melhores países também se fazem nódoas…

As revoltas que deflagraram por estes dias nos arredores de Estocolmo mostram que a integração de inúmeros imigrantes que moram naquele país nunca aconteceu. Em causa está a falta de vontade política do Governo para agir nas questões da educação e do emprego.
O atirar de pedras e o incêndio de viaturas em Husby (nos subúrbios a norte de Estocolmo) é o espelho do fiasco de uma política. Foi preciso muito tempo para chegar a este ponto. Vai ser preciso ainda mais para repor a situação.
Husky é igual a muitos outros subúrbios problemáticos de aglomeração em Estocolmo. Em comum têm uma grande população de imigrantes, um número elevado de beneficiários da segurança social, muitos jovens com problemas escolares e uma taxa de desemprego elevada.
Segundo os números da agência sueca para o emprego, 20% dos jovens de Husby não desenvolveram qualquer tipo de atividade em 2010. 1 em cada 5 jovens entre os 16 e os 19 anos não trabalha nem estuda. Na verdade, não fazem nada. Mas a natureza humana inventa ocupações, e estes jovens – rapazes na sua maioria – encontraram novos afazeres. Por exemplo, empoleirar-se nas pontes e atirar pedras aos carros da polícia ou incendiar os carros dos vizinhos. É verdade que eles não afirmam que é melhor gerar caos e partir coisas do que não fazer nada, mas no entanto é o que fazem, e esse é o problema.
Dos 4 jovens indiciados até agora (22 de maio) na sequência dos motins de Husby, o mais velho tinha 18 anos. Todos, exceto um, já tinham sido condenados. Mesmo o mais jovem com 15 anos já pode ser penalmente responsabilizado pelos seus atos (a idade de responsabilidade penal na Suécia foi fixada nos 15 anos).
O problema está no emprego
Não é preciso fazer nada para perceber que estamos face a um fiasco político retumbante. O problema tem origem nos guetos. Dos 12.000 habitantes de Husby mais de 60% nasceram no estrangeiro. Se contabilizarmos os que nasceram na Suécia mas cujos pais nasceram no estrangeiro este número sobe até aos 85%.
O problema também está na escola. O primeiro-ministro, Fredrik Reinfeldt, anunciou, a 21 de maio, a atribuição de novos recursos para a educação. É uma boa notícia, mas que peca pela demora. Quando 1 em cada 5 estudantes do ensino secundário não vai à escola é porque o sistema de ensino local falhou.
O problema também está no emprego. O emprego que é o primeiro vetor da integração. É aí que se aperfeiçoa a utilização da língua, que se constroem redes de contactos e se ganha dinheiro.
Subúrbios vistos como destinos exóticos
Os subúrbios que acolhem muitos imigrantes exigem uma atenção colossal que os decisores políticos não lhes dão. Este problema de gestão não é de hoje e infelizmente tem sido ignorado. Há bem pouco tempo nem se podia dizer que uma zona que alberga nada menos de 114 nacionalidades não precisa de mais recursos e atenção do que outras que acolhem significativamente menos. Em vez disso, os subúrbios com alta densidade de imigrantes foram apresentados como destinos exóticos onde se podia comprar legumes a bom preço.
O problema não vai ser resolvido da noite para o dia. Vai ser preciso injetar recursos consideráveis na educação, logo desde o jardim-de-infância. Quando se começa a derrapar logo na adolescência, como é o caso dos jovens que foram indiciados, as probabilidades de regressar ao caminho certo são escassas. Quando existem pais, ou pais dos amigos, que estão desempregados parece muito natural não trabalhar. Quando ir à escola nos faz sentir enjeitados é fácil desistir de estudar.
Em Husby a taxa de atividade é cerca de 40% contra os 65% à escala nacional. É neste primeiro número que reside o mal – ou melhor dizendo, o pior de todos os males.
Pela 2.ª noite consecutiva, a 20 de maio, houve motins em Husby, um subúrbio de Estocolmo maioritariamente habitado por imigrantes. Foram incendiadas várias viaturas e as forças da ordem foram atacadas à pedrada por bandos de jovens com as caras tapadas.
Estes motins acontecem após a morte, a 13 de maio, de um homem de 69 anos, que foi morto pela polícia a quem ele tinha ameaçado. Mas a segregação e o desemprego são igualmente causas destes acontecimentos, escreve o Dagens Nyheter.
Além disso, a polícia é acusada de ter usado linguagem racista em relação aos habitantes do bairro. “Chamaram-nos ‘pretos’ e ‘macacos’”, lamenta Rami Al-Khamisi, porta-voz da associação Megafonen [O megafone], que desenvolve trabalho junto dos jovens dos subúrbios de Estocolmo.

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