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terça-feira, 7 de maio de 2013

“Eleitos”, bluff e “equidade”. Toma que é democrático!

A troika e o Governo têm até final desta semana para fechar a 7.ª avaliação ao programa de ajustamento português, porque na próxima segunda-feira os ministros das Finanças da Zona euro (Eurogrupo) e da União Europeia (Ecofin) se reúnem em Bruxelas e a conclusão da 7.ª revisão é condição essencial para aprovarem a extensão por 7 anos das maturidades do empréstimo europeu. E apesar de, oficialmente, a Comissão Europeia não se comprometer com datas, em Bruxelas há a convicção de que os trabalhos não vão derrapar. 
O ministério das Finanças refere numa nota do gabinete de imprensa, que "os técnicos das 3 instituições irão analisar com o Governo as medidas apresentadas pelo primeiro-ministro".
A Comissão Europeia elogiou as medidas anunciadas por Pedro Passos Coelho que se basearam em “reduções permanentes na despesa”. No entanto, Bruxelas não garante que a 7.ª revisão, que começa terça-feira, esteja terminada antes da próxima reunião do Eurogrupo, o que poderá comprometer uma nova tranche de financiamento.
Segundo Simon O’Connor, porta-voz do comissário Olli Rehn, a Comissão Europeia está “empenhada em trabalhar intensamente nos próximos dias com esse objectivo em mente. Mas, claro, depende dos progressos dos próximos dias”.
A nova tabela salarial única na Função Pública, anunciada por Passos Coelho, significará um novo corte nos salários, pois os actuais cortes entre 3,5% e 10% mantêm-se com outro prejuízo para os funcionários públicos que com o aumento do horário de trabalho vão ‘fazer’ mais horas do que o privado, o que levanta a questão de se estarem a comparar limites diferentes.
Voltando ao surrealismo, para não chamar outra coisa, de se propor a discussão dos cortes “propostos” com os interlocutores sociais e políticos, na concertação social e na Assembleia da República e entretanto vir a troika (que não foi eleita) fechar o “negócio” com o Gaspar, que nem foi eleito e tem nojo de tal método, é gozar com o pagode e entregarem-nos à bicharada… Toma que é democrático!
Valha-nos a boa vontade de Bruxelas em acelerar o processo, a tempo de nos concederem mais prazo e nova tranche, apesar de fazer uma ameaçazinha, “nem mais tempo nem mais dinheiro” (onde é que já ouvimos isto?), mas sem chegar a mostrar-nos a porta da rua do Euro como fez o nosso Primeiro-ministro (mais coerente) para assustar os medricas (perderíamos 30% ou talvez 35%, disse ele, que nem fez as contas)… À Grécia fizeram muita mais chantagem, mas pagaram sempre (ai não)! Toma que é democrático!
Entretanto, antes da concertação com os parceiros sociais e políticos, Bruxelas já disse que os cortes (que agora chamam despesa ou poupanças) serão permanentes… Toma que é democrático!
Bizarro e irritante é ouvir aquele puto (meio Maduro), vindo sabe-se lá de onde, que fala pelo Olli Rehn (este já tem vergonha na cara por não acertar uma), mandar bitaites sobre um país soberano, como se estivéssemos no tempo das colónias ou numa monarquia, sendo ele o “princês”… Toma que é democrático!
No meio desta trapalhada (parece que voltamos ao governo de Santana Lopes, que nem era tão mau…), começam os analistas isentos (pondo de fora sindicalistas e políticos) a tropeçar em desigualdades (re)criadas entre o setor Público e Privado, em malefício daqueles (sempre), quando as boas intenções confessadas do governo, o esforço que fizeram o(s) ministro(s) e o rigor posto no cumprimento dos conselhos do TC para a equidade constitucional era exatamente o contrário. Eficientes estes desenhadores e com desenhos muito (pouco) eficazes… E o que mais se verá! Toma que é democrático!
Virtudes públicas, vícios privados! Toma que são democratas!

2 comentários:

  1. Caro Miguel,

    Há para aí mais uns 35 anos, passou no cinema em Lisboa (no Quarteto?) o filme de Miklós Jancsó - Vícios Privados, Públicas Virtudes - que este post invoca.

    E se bem tenho presente o filme (que nunca mais revi), nada nele invalida a minha ideia de que a saída de uma situação de bancarrota contenha, em si, algo de democrático. Aliás, e em rigor, não temos nenhumas razões para supor que, também relembrando um célebérrimo anúncio ("O que é Nacional é bom!!!") que o regime democrático, conceptualmente e em cada uma das suas concretizações práticas, não possa produzir resultados desastrosos. Por exemplo, uma conseguida via para a bancarrota financeira.

    Um abraço.

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    1. Caro Eduardo
      Independentemente da ideologia (ideias) de cada um, mesmo sem avaliar o paradigma de que não há melhor regime do que o democrático, convém que todos e cada um saibamos as regras em que vivemos.
      Moral da história: se nos dizem que vivemos em democracia, que seja, se for em ditadura, que seja, para cada um agir de acordo com as regras, a favor ou contra.
      Já somos grandes demais para sermos enganados por putarada e esquisofrénicos cientologistas...

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