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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Uma fraternidade que não ajuda a sairmos do Suplício

"Acredito que, neste momento difícil que Portugal atravessa, é o momento que o Brasil deveria estar mais presente", disse a ministra da Cultura brasileira, Marta Suplicy, sublinhando que "O grande irmão e parceiro de Portugal neste momento difícil economicamente não é a China, é o Brasil. Acredito que o Brasil tem de acelerar este processo".
Segundo a governante, o Brasil e Portugal podem, através da promoção da sua cultura, potenciar o seu desenvolvimento económico, sobretudo em áreas como o turismo, negócios e empresas.
"A (promoção da) cultura pode ser, principalmente em países como o Brasil e Portugal, numa certa medida, uma alavanca gigantesca para o turismo", declarou.
Para a ministra brasileira, "alguns países já têm clareza sobre isso, com orçamentos maiores na área da cultura e grandes investimentos. Outros ainda, por necessidade ou visões diferentes, não têm essa perceção, ou se tem, não conseguem" dar prioridade à promoção da cultura.
Sobre a fraca divulgação no Brasil de obras literárias contemporâneas (além de autores de teatro, entre outros) de Portugal, a ministra disse que os dois países têm responsabilidade na questão, mas Portugal "deveria ter um papel de proeminência" na promoção das obras.
Sobre o Ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil, a ministra considerou ainda que "culturalmente, é uma aproximação importante, porque serve para consolidar novas imagens dos dois povos, da cultura brasileira contemporânea e vice-versa".
Ninguém tem qualquer relutância em aceitar como paradigmática a opinião da ministra da Cultura brasileira, no que se refere à “obrigação” de o seu país mostrar, de vez, que somos realmente irmãos, ajudando com qualquer coisinha, enquanto a fartura não abunda!
Mas se conhecermos a realidade, e mesmo sabendo que há sempre quezílias entre irmãos, não se vislumbra como ajuda as taxas alfandegárias com que o Brasil carrega os produtos portugueses (e de outros países), dificultando as nossas exportações e dificultando a nossa recuperação.
Já quanto à aposta na cultura, dentro do conceito tradicional, como potenciadora do desenvolvimento económico, se é caminho para o Brasil (que tem dinheiro), seguramente que não é para nós (que só temos cultura), até porque não vamos por a conversar um Secretário de Estado com uma Ministra, o que mostra logo as diferenças de filosofias e de necessidades…
Com uma visão mais pragmática temos (realmente) os “irmãos” chineses, que criaram a Plataforma de Macau para a Lusofonia (que a ministra tem a obrigação de conhecer), que para além da cultura (Cultura) aposta muito na economia e até tem posto cá algum do deles, para bem deles, evidentemente…
Mas se nos lembrarmos do que disse a nossa “irmã” Dilma, quando veio ao doutoramento “Honoris Causa” de Lula, a propósito de comprar dívida portuguesa, que os seus conselheiros só arriscam que o Brasil compre títulos classificados de AAA, adeus fraternidade!
Marta, isto é mesmo um Suplício, pá!
E gostávamos tanto ver um vice-versa!

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