A falência do Lehman Brothers em 2008 mostrou que a quebra de um banco de investimento pode arrastar toda a economia mundial para uma crise. Desde então, os governos trabalham para reduzir esse risco.
Danhong Zhang
Os 10 maiores bancos do mundo são responsáveis por 40% da atividade económica mundial. Os ativos do Deutsche Bank no ano passado, por exemplo, representaram 84% do PIB alemão. E apenas 1/5 desse dinheiro foi proveniente de atividades tradicionais de crédito. A maior parte vem de bancos de investimento, o que inclui apostas de risco nos mercados financeiros.
Os negócios entre estas instituições ocorrem de modo bastante inseguro. Mesmo que um banco faça um empréstimo ou se envolva em determinados negócios por conta própria ou em nome dos seus clientes, ele não é o dono do dinheiro que usa. Os recursos quase sempre vêm de outras instituições financeiras. O capital próprio do Deutsche Bank foi, por muito tempo, à volta de 2% do total. Por outras palavras, se 2% dos negócios tivesse dado errado, haveria um grande risco de falência.
Bancos de alto risco
Se isso tivesse ocorrido, as consequências para a economia alemã e global seriam imprevisíveis. Junto com os bancos americanos Citigroup, JP Morgan Chase e o inglês HSBC, o Deutsche Bank é considerado uma instituição de alto risco.
Esses bancos deverão aumentar a sua cota de capital próprio para 9,5% até 2019, o que representa 2,5% acima do estabelecido pelo pacote de reformas do sistema bancário internacional, chamado de Basileia III.
Isso não seria o bastante, diz o professor da Universidade de Oxford Clemens Fuest. "Na minha opinião dever-se-ia ir além do previsto no Basileia III. É o que a Suíça faz."
Os 2 grandes bancos suíços, UBS e Credit Suisse deverão aumentar até 2019 o seu capital para 19%. Em vez de sofrerem desvantagens competitivas, esses bancos poderão refinanciar-se com menores custos, devido ao seu status de devedores seguros.
O mesmo status também é conferido a bancos considerados “too big to fail”, ou seja, grandes demais par falir. Essa filosofia levou muitos governos no mundo inteiro a gastarem 10 trilhões de euros para salvar o setor bancário – e a economia global – de um colapso em 2009. O valor corresponde a 1.500 euros para cada habitante do planeta.
Dois pesos, duas medidas
O princípio da economia de mercado, segundo o qual cada empresa é responsável pelos seus riscos, não vale para os bancos. O especialista em finanças Max Otte descreve este fenómeno como “socialismo para os bancos e os muito ricos”, no qual os lucros são privados e as perdas, compartilhadas pelos cidadãos comuns.
Johann Eekhoff, diretor do Instituto de Economia Política da Universidade de Colónia, defende que o movimento deveria ser na direção contrária. “Já que os grandes bancos precisam ser resgatados, então deveriam ser criadas unidades menores, até a divisão dos bancos, para evitar que os governos sejam pressionados.”
A Comissão Europeia propôs uma reestruturação do setor bancário. Um grupo de especialistas sugere que as operações de risco deveriam ser separadas dos negócios normais de crédito e financiadas de modo independente.
Para o economista Clemens Fuest, essa atitude por si só não seria suficiente. "Se os bancos normais de investimento emprestarem muito dinheiro aos bancos de investimento e estes vierem a passar por uma crise, irão acabar por levar consigo os bancos comuns", declarou Fuest, acrescentando que "a separação pura e simples poderá resultar em falências".
E é exatamente isso que o Instituto Federal de Supervisão Financeira da Alemanha, o BaFin, planeia. O Deutsche Bank deverá entregar um planeamento até ao final do ano, descrevendo como lidar com situações de emergência. Outras instituições terão o prazo até ao fim de 2013. O objetivo é fazer com que os riscos dos bancos sejam transparentes, diminuindo os custos para os contribuintes caso algo dê errado.
Ou seja:
1. Os bancos podem “montar banca” com apenas 9,5% de capital próprio e “arriscar” 90,5% do cacau dos outros;
2. Dois bancos suíços vão arriscar 19% do deles e “arriscar” 81% dos outros;
3. Com as fraudes de apenas alguns bancos espalhados pelo mundo, em 2009, todos os contribuintes do planeta teriam que doar 1.500 euros para repor o que foi “perdido”, mas como nem todos contribuíram para esta caixa de esmolas, outros contribuintes tiveram (terão) que doar muito mais (cada português deve 20.000 euros);
4. O princípio da economia de mercado, segundo o qual cada empresa é responsável pelos seus riscos, não vale para os bancos;
5. Afinal ainda há SOCIALISMO e do melhor, mas só para os bancos e para os muito ricos, em que os lucros são privados e as perdas, quando as há, são pagas pelos cidadãos comuns, com a conivência dos Estados;
6. Uma solução, como em tudo, seria reduzir a dimensão dos maiores bancos (que correriam riscos), o que quer dizer que não se irá por aí, porque acabava o socialismo;
7. Outra solução seria que houvesse bancos para operações de risco e outros bancos para os negócios normais;
8. Mas os bancos de capital de risco poderiam pedir dinheiro aos bancos “normais” e voltávamos ao mesmo;
9. No fim de tudo e em caso de desastre, nem sequer os maiores bancos tem um Plano B…
10. Estamos entregues aos bichos, ou acabamos com a peçonha…
Viva o Socialismo (bom) Bancário!
Hasta siempre!
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