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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Minuta da ata do “Alternativas” para Resgatar Portugal

O Congresso das Alternativas juntou 2.000 pessoas, em Lisboa. A esquerda uniu-se para mudar o Governo, o País e a História. Dizem que têm a força e a vontade, o que lhes falta mesmo é uma agenda política.
Rosa Pedroso Lima
O diagnóstico do País é sombrio e as soluções apresentadas pelo Governo não chegam para combater "o desastre a que chegamos". Há uma democracia "moribunda", segundo Vasco Lourenço. "Uma república em risco", para Pedro Delgado Alves. E como se não bastasse somos geridos pelo "primeiro Governo  anti-patriótico", segundo Carvalho da Silva. 
As perspectivas negras e a situação "de emergência nacional" deram o mote. E só mesmo por elas, cerca de 2.000 pessoas, durante um dia inteiro, fizeram finca pé na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. Ouviram soluções alternativas, discutiram propostas sobre Economia, Finanças, Cultura, Europa ou o Mundo. Durante 10 horas traçaram o destino do País. No final, prometeram "manter-se activos enquanto as circunstâncias o exigirem", segundo Manuel Carvalho da Silva. Mas não se marcaram datas, nem novos encontros, nem novas iniciativas. Soube a pouco, para alguns dos presentes.
Alguns queriam mesmo muito mais do que a lista de intenções e propostas que circula agora no site do Congresso das Alternativas. Houve quem quisesse que daquele grupo de homens e mulheres de esquerda surgisse um partido. "A consequência lógica deste Congresso seria a criação de uma associação política. Senão, não fizemos mais do que uma conversa sobre o sexo dos anjos", resumiu José Cavalheiro. Antigo militante da luta da co-incineração, voltou aos palcos da atividade política para pedir mudanças, sem entregar a ação às mãos dos mesmos atores políticos. O Congresso recusou por maioria a sua moção, que tentava levar a organização à forma de um novo partido.
"Neste Congresso, essa hipótese esteve sempre excluída desde o início. Faz parte do nosso ADN", disse Castro Caldas, um dos organizadores, que recusam passar do estatuto de movimento da "sociedade civil" para qualquer forma de organização política ou partidária.
Os congressistas que pediam mais eram minoritários. Como foram minoritários aqueles que pediam medidas mais duras para serem inscritas na declaração final do Congresso. Dezenas exigiram a suspensão imediata do pagamento da dívida portuguesa. Outros tantos exigiam a ratificação de "todos os tratados da União Europeia e de todas as alterações constitucionais por referendo popular". A maioria, porém, travou os ímpetos mais radicais e acabou a aprovar um texto moderado com palmas e aclamações.
Na verdade o Congresso da Alternativa pede muito. A mudança de Governo, desde logo, mas também a denúncia do memorando assinado com a troika e a renegociação da dívida portuguesa. Pelo caminho, fala-se de cultura ou de indústria, de investigação científica ou de recursos naturais, Sem reservas, nem pudores, querem mesmo discutir tudo e com todos. Entre elas, a possibilidade de saída do euro, uma medida trazida para cima da mesa por vários economistas, desde João Ferreira do Amaral a  Ricardo Cabral e a Jorge Bateira. 
O Congresso assumiu que essa hipótese deve ser discutida e analisada "como um das alternativas possíveis". Quando, como e por quem será feita essa discussão é que, na verdade, ficou por dizer.

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