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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Os Europeus – 20

Na madrugada deste dia, foram disparados os primeiros tiros de uma guerra que acabaria com a derrota da Alemanha nazi de Hitler pelas forças aliadas no ano de 1945. 
Matthias von Hellfeld
Depois do incêndio do Reichstag, em fins de fevereiro de 1933, os deputados passaram a reunir-se nas instalações da casa da ópera Krolloper, em Berlim. 6 anos após a tomada do poder pelo NSDAP (Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores) e o seu "Führer" Adolf Hitler (1898-1945), esses parlamentares só aceitavam, submissos, as leis definidas pelo governo, sem qualquer autonomia para tomar decisões próprias.
Todos os deputados eram membros do NSDAP. E todos os outros partidos políticos estavam proibidos, os seus líderes tinham sido assassinados, presos, exilados ou silenciados de alguma outra forma. Naquele 1° de setembro de 1939, reinava uma atmosfera de tranquilidade antes do início da sessão parlamentar.
Emissora Gleiwitz
Por volta das 10 horas da manhã, Hitler tomou a palavra, afirmando que o Exército polaco teria invadido o território alemão "com soldados comuns", abrindo fogo. "Desde as 5h45", afirmava o líder nazi, a Alemanha estaria a responder, "revidando bombas com bombas". Mal acabou de pronunciar estas palavras, os parlamentares pularam das suas cadeiras aos gritos de "Heil Hitler".
Mais tarde, o governo nazi iria forjar um ataque de franco-atiradores polacos à emissora de rádio alemã em Gleiwitz, nas proximidades da fronteira polaca, creditando a esse facto a suposta razão da guerra.
No ataque, afirmavam os nazis, teriam sido disseminadas palavras de ordem contra os alemães e um técnico teria sido assassinado. O ataque não passava de uma encenação, tendo sido executado sob o comando de Reinhard Heydrich (1904-1942), ao qual estava subordinado o Sicherheitsdienst (serviço secreto da SS).
Enquanto o entusiasmo entre os parlamentares era grande, a população mantinha-se relativamente contida. Para muitos, as lembranças da I Guerra Mundial ainda estavam muito recentes na memória para qualquer espécie de júbilo em relação à notícia de um ataque à Polónia.
Guerra relâmpago
De início, as preocupações não eram justificadas, uma vez que o Exército alemão derrotou a Polónia em pouco mais de 6 semanas. Em 1940, chegaria a vez da ocupação da Dinamarca e da Noruega. No dia 10 de maio de 1940, as tropas alemãs atacaram os países então neutros, Bélgica, Holanda e Luxemburgo e a seguir a França.
No dia 21 de junho de 1940, negociadores franceses assinaram um acordo de trégua. Exatamente 6 semanas e 3 dias após o seu início, a Blitzkrieg ("guerra relâmpago") terminava no oeste da Europa. Hitler era celebrado como o "maior comandante de todos os tempos". A sua popularidade atingiu o ápice.
No mesmo ano (1941) em que a conquista da Inglaterra ("a batalha aérea pela Inglaterra") fracassava, as tropas alemãs ocupavam toda a região dos Balcãs e posicionavam-se, junto com as forças italianas (parceiras de aliança), no norte da África.
Ataque à Rússia
O Exército alemão e os seus aliados pareciam invencíveis. A mesma impressão tinha-se também por ocasião do início da guerra contra a União Soviética. No dia 22 de junho de 1941, teve início a Operação Barbarossa: até meados de 1942, as tropas alemãs avançaram ininterruptamente sobre a União Soviética. A tomada de Moscovo parecia apenas uma questão de tempo.
O ataque aéreo do Japão – aliado da Alemanha na guerra – à base naval norte-americana em Pearl Harbor, no dia 7 de dezembro de 1941, mudaria, contudo, a situação de forma radical. Em função do ataque a Pearl Harbor, os EUA entraram na guerra contra a Alemanha. Dentro de poucos meses, toda a economia norte-americana se voltaria para a produção bélica.
Além deste fortalecimento dos Aliados, começaram as primeiras derrotas militares da Alemanha. Em fins de janeiro de 1943, a batalha de Estalinegrado terminou com uma derrota fulminante das tropas alemãs sob o comando do general Friedrich Paulus (1890-1957). Essa derrota viria a marcar uma mudança de curso na II Guerra Mundial.
A partir deste momento, as tropas soviéticas estavam a encurralar a Alemanha pelo leste, enquanto as forças aliadas se aproximavam por oeste. Em abril de 1945, Berlim encontrava-se cercada por todos os lados, sendo bombardeada pelas forças adversárias. A capitulação alemã aconteceria no dia 9 de maio de 1945.
Consequências da guerra
A II Guerra Mundial atingiu diretamente cerca de 100.000.000 de pessoas; 50.000.000 morreram nos campos de batalha entre a África e o norte da Noruega ou em consequência da perseguição racial nos campos de concentração nazis.
Outros 50.000.000 sobreviveram à guerra na condição de órfãos, desabrigados, desterrados ou inválidos. As pessoas na Europa encontravam-se traumatizadas pelos 6 anos de guerra, atónitas frente às ruínas em que tinham sido transformadas as suas cidades e localidades. Ninguém sabia como sobreviver ao dia seguinte.
Pouco depois do fim das batalhas, o continente europeu foi dividido. O leste, sob o domínio da União Soviética; o oeste, dos EUA. As "linhas de demarcação" passavam pela Alemanha e por Berlim. A Guerra Fria, que se iniciaria pouco depois entre os países socialistas do Leste Europeu e os "Estados democráticos livres", do oeste, era delimitada pela linha de fronteira entre a República Democrática Alemã (RDA) e a República Federal da Alemanha (RFA).
No final de agosto de 1961, essa separação concretizou-se literalmente através da construção do Muro de Berlim e de cercas de arame farpado dividindo Berlim e o resto da Alemanha. Uma divisão que, naquele momento, parecia que seria eterna.
Não costumo comentar, mas contada assim até parece a história dos 3 porquinhos e 1 lobo mau

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