(per)Seguidores

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Alternativas do Congresso e não só… Mas alternativas!

Vítor Gaspar diz que a alternativa à receita que está a ser aplicada a Portugal seria mais catastrófica, mas há quem discorde. O “Congresso Democrático de Alternativasa” procurou apresentar uma outra visão de como podemos sair desta crise. Os promotores pretendem “resgatar Portugal para um futuro decente”.
“Muitos em Portugal que estão contra a austeridade têm escolhido reforçar as suas trincheiras, isso, sendo compreensível, não é útil em si mesmo, e o apelo que fazemos é para que muitos aceitem sair das suas trincheiras para virem para um campo comum, de críticas, denúncia, mas também de alternativa, com a noção muito clara de que é preciso governar este país, em nome do povo”, declarou o economista José Reis, professor catedrático na Universidade de Coimbra.
Reis considera essenciais “a reestruturação da dívida e a mudança dos prazos” e que quem vê esta questão como “tabu” não dá “o devido valor ao peso da realidade”. O economista apontou “cinco áreas fundamentais” sobre as quais os congressistas se debruçaram: “Revigorar a democracia, reconstruir o Estado social, dar dignidade ao trabalho, relançar a economia, procurar alinhamentos frutuosos na Europa e renegociar um memorando nocivo para Portugal”.
Para José Reis, é fundamental “o combate às desigualdades” e apresentar “um programa económico de valorização do trabalho”, procurar um novo “compromisso com o Estado social" que tem estado debaixo de fogo e "um compromisso com a democracia”, por mais “transparência no Estado”. Além da renegociação das “condições sufocantes em que a economia e a sociedade estão hoje”, defende um “compromisso sobre a Europa”, com todos “os que debatem” um projeto “radicalmente diferente do ultraliberalismo que hoje existe”.
Alternativa 1?
O economista João Ferreira do Amaral revelou-se desalinhado com a principal exigência do Congresso Democrático das Alternativas - a denúncia do memorando da troika.
Na sessão temática dedicada aos "desafios da denúncia do memorando da troika", o ex-assessor económico de Jorge Sampaio na Presidência da República, considerou que "não é possível" Portugal romper com o memorando se se quiser manter no euro. Assim, o caminho é outro: "A minha resposta é sair do euro - mas de forma orientada. A saída do euro deve ser negociada, e até pode arranjar bons apoios na Europa", afirmou. Ou seja: uma rutura "consensual" com a UE - e até financiada por esta, para a transição de regresso ao escudo.
João Ferreira do Amaral revelou-se ainda muito pessimista face ao próximo ano: "Vai ser um ano de ruturas importantes, quer a nível económico quer a nível social", disse, prognosticando ainda que o desemprego "aumentará muito mais" do que os 16,4% previstos pelo Governo.
Alternativa 2?
"Está na hora de uma revolução na zona euro, o tempo para uma discussão educada terminou. O que está em causa não são 1% ou 2% de crescimento económico no Sul, mas, pelo contrário, a diferença entre um futuro de prosperidade e um de depressão", refere Christopher T. Mahoney, um veterano de Wall Street que saiu de vice-presidente da Moody's em 2007 e se considera um "libertário do mercado livre", num artigo intitulado "Southern Europe Must Revolt Against Price Stability", publicado no Project Syndicate.
Essa "revolução" deve ser "liderada pela França, Itália e Espanha", com a França à cabeça, e os seus alvos principais são a Alemanha e o Bundesbank. "O tempo é agora, antes que a Espanha e a Itália sejam forçadas a capitular à estricnina e ao arsénio da troika", sublinha.
"Se o Sul continuar a permitir que o Norte administre o remédio envenenado da deflação monetária e da austeridade orçamental, sofrerá, desnecessariamente, anos e anos", adverte Mahoney, para, depois, apelar à "revolução" do Sul.
"A zona euro é uma república multinacional em que cada país, independentemente da sua notação de crédito, pode atuar como um hegemonista. A Alemanha tem apenas 2 votos no conselho de governadores do BCE, não tem controlo e não tem poder de veto. A Alemanha é apenas mais outro membro da união e o Bundesbank apenas mais outra sucursal regional do sistema do euro. O Tratado do BCE não pretendeu ser um pacto de suicídio, e pode ser interpretado de um modo suficientemente aberto para permitir que seja feito o que tem de ser feito. Se o Tribunal Constitucional objetar, então a Alemanha pode sair." E reforça: "O que advogo é uma rutura pública com o Bundesbank e com os seus satélites ideológicos".
A finalizar, diz: "Talvez seja mais prudente conduzir esta revolta em privado, mas o que acho é que só funciona como ultimato público".
Alternativa 3?
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, considera que as medidas de austeridade aprovadas em Portugal têm "obviamente" um "efeito recessivo" e as que as expetativas dos empresários "não são muito positivas".
Cavaco Silva reconhece a contestação nas ruas e afirma que "os políticos não podem ignorar a voz do povo", escusa-se a avaliar as últimas medidas anunciadas pelo Governo, mas recorda que a última avaliação da troika confirmou que "Portugal teria dificuldade em cumprir os objetivos de redução de défice orçamental como resultado da alteração da conjuntura internacional".
Sobre a "atitude" de Angela Merkel, Cavaco Silva afirma que há que reconhecer "que os egoísmos nacionais cresceram muito nos últimos anos e a solidariedade desceu", embora acredite que Merkel "tem uma vontade firme de combater a crise do euro", admite que "gostaria que Merkel fosse mais consistente na sua defesa".
"Talvez tenhamos que compreender os seus problemas políticos internos", disse.

Sem comentários:

Enviar um comentário