(Sala no Ministério das Finanças. A troika, em frente Vítor Gaspar e Carlos Moedas)
Troika – Ora cá estamos. Belo tempo em Lisboa.
V. G. – O Verão, depois o Outono...
Troika – Como estão a correr as coisas?
V. G. – Fizemos o trabalho de casa. Somos bons alunos. (Aqui, Carlos Moedas folheia a sebenta, nervoso)
Troika – A despesa?
V. G. – Baixámos muito.
Troika – Nas rendas excessivas?
V. G. – Não (muito sumido), subimos os impostos, cortámos salários e fomos ao 13.º e 14.º mês…
Troika – Não estava no nosso Memorando.
V. G. – Pois...
Troika – Austeridade, muito bem, e o consumo?
V. G. – Afundou… uma surpresa.
Troika – Não foi demais?
V. G. – Era custe o que custar…
Troika – Portanto, controlaram o défice.
V. G. – No, and I don’t understand (não, e não percebo porquê)!
Troika – Não? Greves, oposição?
V. G. – Nem tanto…
Troika – E a economia?
V. G. – Isso é com o ministro Álvaro (suspira).
Troika – E as reformas estruturais?
V. G. – Andando, é difícil, mas os juros da dívida baixaram (exibe uns gráficos), a balança comercial está bem…
Troika (olhando para os papéis) – Já vimos, já vimos…
V. G. – Repito: bons alunos…
Troika – As contas não batem certas. E que vamos fazer?
V. G. – Como V. Exas. quiserem…
Troika – Vamos pensar… talvez uma concessão no valor do défice.
Saem os dois a rir: “uma concessão”.
Na Praça do Comércio reparam nos transeuntes. Ficam sérios: uns “piegas” e manhosos. Fizeram greve ao consumo e lixaram-nos as contas.
Fernanda Mestrinho, Jornalista/advogada
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