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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Um sussurro gritante! "Agradecemos muito"…

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, disse ao seu homólogo português estar disposto a flexibilizar o acordo de Portugal com a troika. Vítor Gaspar agradeceu.
A conversa, em voz baixa e quando os dois julgavam não estar a ser ouvidos, decorreu nesta quinta-feira, em Bruxelas, durante a reunião dos ministros das finanças europeus e foi captada por uma câmara da TVI.

Transcrição da conversa na íntegra
Wolfgang Schäuble: Se no final precisarmos de fazer um ajustamento ao programa [português], depois de tomadas as grandes decisões sobre a Grécia... Isso é essencial. Mas depois, se for necessário um ajustamento do programa português, estaremos preparados.
Vítor Gaspar: Agradecemos muito.
Wolfgang Schäuble: De nada. Desde que... É que os membros do Parlamento alemão e a opinião pública na Alemanha não acreditam que as nossas decisões são sérias, porque não acreditam nas nossas decisões sobre a Grécia.
Vítor Gaspar: Nós fizemos progressos muito substanciais no quadro europeu.
Wolfgang Schäuble: Sim, vocês fizeram progressos.
Vítor Gaspar: Sim, fizemos. E agora precisamos de trabalhar... hoje.
Ao contrário do muito que se tem dito sobre estes “Apanhados”, que vai da discrepância entre o que o Governo (PM e MF) nos diz sobre a inevitabilidade do cumprimento do memorando e o que se passa nos bastidores, assim como da necessidade de acrescentar austeridade, de motu proprio, à austeridade rescrita pela troika, o que levou, por exemplo ao corte de 2 meses de salários, dos Funcionários Públicos e pensionistas e muito menos a subserviência do nosso competente Gaspar, que agradece a deferência, etc…
O que ressalta escandalosamente deste sussurro é a gritante evidência de que QUEM MANDA NA TROIKA, QUE MANDA EM NÓS, É O MINISTRO DA FINANÇAS ALEMÃO, que não tem nada a ver com o FMI, não pertence à Comissão Europeia e muito menos ao BCE (embora a maioria dos administradores seja alemães).
Ora, se o Sr. Schäuble não tem poder sobre as instituições representadas na troika, como é que garante um ajustamento (desaceleração) ao memorando e que estão preparados? Logicamente se depreende que a troika obedece ao Sr. Wolfgang, independentemente da situação económica e financeira dos países onde vasculham as contas, o que permite ainda concluir, que é só por isso, que os colossais buracos vão aparecendo à luz do dia, sem que os funcionários troikianos os vejam…
Afinal a competência, também passa pela subserviência!
Atualização à 10H15:

6 comentários:

  1. Como sabes, Miguel, o tom, a postura e as expressões faciais são tão importantes como as palavras, as expressões e as frases que se usam. Muitas vezes, são mesmo bem mais importantes, pois é nesse processo de comunicação não-verbal que está a essência da mensagem.
    Para além de ser professor de português, também tenho a sorte de ter uma costela de poeta. Assim, posso dizer-te que "vejo" perfeitamente, como vejo neste momento o céu azul lá fora, que esta conversa foi iniciada pelo interlocutor da esquerda. O da direita assume o papel de quem está a responder a uma solicitação, ou pedido. Faz-se caro, faz render o seu estatuto. O tom da sua voz, a sua postura corporal e as expressões faciais (sobretudo quando o interlocutor da esquerda lhe diz que Portugal fez tudo direitinho) indiciam o que eu acabo de afirmar.
    É claro que não perderia “esta causa” em tribunal, mas, aqui entre nós, que ninguém nos ouve, afirmo com toda a convicção que Vítor Gaspar andou a fazer lobbying. Não o condeno por isso, mas repudio completamente a sua subserviência, a sua subalternização perante o ministro alemão. Portugal pediu dinheiro, mas foi a juros, caramba! E bem elevados, por sinal!

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    1. Luís
      Tudo que dizes é pura verdade. Também tenho esse "dom" de ler o gestual e o facial e leste perfeitamente a atitude e postura de cada um.
      Mas o que se fica a saber, para além do lobby é quem manda (até) na troika.

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  2. Há uma pequena gralha no meu texto. O que eu pretendia dizer no último parágrafo era o seguinte: "É claro que perderia "esta causa" em tribunal". Só assim se percebe o "mas" que vem logo depois.

    Tens toda a razão quanto ao poder do ministro alemão. Não sei se temos uma troika ou se há apenas uma "doika".

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    1. Eu até acho que é uma "únika"...
      Mas quem se lê muito bem, facialmente é o Relvas e o próprio Passos, mas este mais nas entrelinhas!

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  3. Uma cena digna de figurar nos Marretas!!

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