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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um patchwork das propostas de Stiglitz para a crise…

Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia em 2001 não tem dúvidas de que a recessão em Portugal será maior este ano, mas diz que há vários sinais positivos. Um deles é o acordo assinado hoje entre o Governo e os parceiros sociais, sobretudo ao nível das medidas de políticas activas de emprego e para o crescimento, que “são certamente medidas na direcção certa”.
No entanto, Joseph Stiglitz não esconde a preocupação com a pressão em baixa sobre os salários em Portugal, que irá diminuir ainda mais o consumo privado e, consequentemente, aprofundar a recessão. “A única preocupação que tenho é que, como estão a puxar os salários para baixo, tal terá efeitos negativos na procura agregada, tornando-se contraproducente”, avisa o economista, salientando, contudo, que este problema não é exclusivo de Portugal. O prémio Nobel dá como exemplo os Estados Unidos, onde a indústria está a tentar recuperar com salários que são 1/3 dos que eram antes da crise. “Estamos a tornar-nos [os EUA] um país do terceiro mundo, isso será a base da prosperidade daqui para a frente?”, interroga-se, sublinhando que “não podemos pensar apenas em cortar e cortar”.
Joseph Stiglitz deixou ainda algumas sugestões ao Governo português, dizendo que é fundamental manter as políticas activas de emprego, garantir o acesso ao financiamento por parte das PME e tentar obter fundos do exterior para promover o investimento, dando como exemplo os fundos do Banco Europeu de Investimentos (BEI).
Stiglitz acredita que Portugal permaneça na zona euro, mas avisa: “a grande questão é saber se a zona euro vai sobreviver e isso não depende de Portugal, mas de como os líderes europeus vão responder à crise”.
Para o economista, a via da austeridade não é a solução e pode, quando muito, prevenir a próxima crise. O prémio Nobel defende que são os países com margem de manobra orçamental, como os EUA, a Alemanha e o Reino Unido, que têm a responsabilidade de usar essa margem para estimular a economia europeia e mundial e ajudar outras economias. No caso concreto da Europa, Stiglitz diz que é preciso um programa europeu alargado de crescimento económico, em que os países do euro usariam a sua “força colectiva” para pedir financiamento a taxas de juro baixas (os eurobonds – emissão conjunta de dívida europeia) e empregariam esse dinheiro em investimentos que estimulassem a economia.
Apesar da actual crise, Joseph Stiglitz defende que Portugal está bem posicionado e lembra que por tratar-se de um pequeno país, à Europa sai barato financiar as suas necessidades. “Portugal está numa posição relativamente boa porque é relativamente pequeno. Se a Europa disser 'ok, é um país a menos, vamos avançar', poderá financiar as necessidades de Portugal”, referiu e diz também que se a Grécia sair do Euro, isso não significa necessariamente que Portugal siga o mesmo caminho.
Stiglitz critica os políticos europeus, dizendo mesmo que a Europa tem protagonizado uma lenta sucessão de erros. “Tentaram prevenir a próxima crise sem resolver esta e nem sequer conseguem prevenir a próxima. Antes desta crise a Irlanda e a Espanha tinham saldos orçamentais positivos. Portanto, o diagnóstico que fizeram da crise, e a solução que desenharam, estão ambos errados”, defendeu.
Durante o IV congresso da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição Stiglitz abordou o tema: “A Europa tem de perceber que a austeridade não é solução. O crescimento não aparece sem assistência.” E criticou as medidas europeias para combater a crise económica, deixando o apelo que baixar os ordenados não é solução: “A resposta dos economistas às vezes é [fazer uma] desvalorização interna. Ou seja, como não se pode mexer na taxa de câmbio, reduz-se salários. Mas isso não é prático e causa grandes dificuldades sociais.”
O economista norte-americano Joseph Stiglitz acredita que a Europa e os EUA estão “a seguir um caminho errado”, porque “a austeridade quase nunca funciona” para reanimar as economias.
Stiglitz considera que o mais recente plano europeu de combate à crise, atingido numa cimeira em dezembro, “parece focar-se apenas em austeridade”. Para o Nobel, a insistência no rigor orçamental parece destinada a evitar “a próxima crise” em vez de combater a atual.
“As recessões profundas não são a melhor altura para privatizar - acaba-se por vender [as participações públicas] ao desbarato”, afirmou Stiglitz.
Além disso, há “poucas provas de um melhor desempenho [das empresas] após a privatização”.
Stiglitz criticou também as políticas seguidas pelo Banco Central Europeu. “O BCE tem um mandato errado, só se foca na inflação. E tem o cliente errado: devia estar a pensar no bem-estar dos países europeus; na prática, concentra-se apenas nos bancos”, disse o economista norte-americano.
O prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, diz que as agências de rating são levadas muito a sério, mesmo depois de terem falhado redondamente na crise de 2008/2009 e de continuarem a agir “de forma política e irresponsável”. “Basicamente reflectem as visões dos agentes do mercado financeiro, que querem ser reembolsados, que não percebem muito de economia”, ironiza. As agências de rating falharam redondamente durante a crise financeira internacional de 2008/2009, ao atribuírem notas máximas a instituições que viriam a falir, como o Lehman Brothers, e a activos que viriam a revelar-se tóxicos. “Agora, estão a tentar recuperar o seu status e mostrar que são duras”, afirma o economista. Stiglitz dá como exemplo o corte do triplo A dos EUA, pela Standard & Poor’s, a mesma agência que reviu agora as notações de nove países da zona euro.
O prémio Nobel considera “surpreendente” a forma como as avaliações das agências de rating são levadas a sério, o que faz com que as revisões em baixa dos ratings tenham consequências políticas.
Não é todos os dias que tão credenciado economista nos visita e que sobre o que disse se tenha dada apenas alguma importância, mas sem que qualquer das notícias (encontradas) traga o discurso na íntegra para se compreender a coerência do mesmo e apareça fragmentado nos temas e problemas, consoante a mensagem que cada meio de comunicação social quis sublinhar, saiba-se lá por quê... Provavelmente por ser apoiante do movimento dos Indignados?
Tentando fazer um patchwork das suas propostas, poderemos fazer uma leitura coerente, elencando ordenada e consistente, com a objetividade que o somatório nos permite:
1 - Joseph Stiglitz é um prémio Nobel da Economia em 2001;
2 - Não tem dúvidas de que a recessão em Portugal será ainda maior este ano;
3 - Há vários sinais positivos, como o acordo entre o Governo e os parceiros sociais;
4 – Mas a baixa dos salários em Portugal irá diminuir ainda mais o consumo privado e aprofundar a recessão, causando grandes dificuldades sociais;
5 - Não se pode pensar apenas em cortar e cortar;
6 – É fundamental que o governo português mantenha as políticas activas de emprego, garanta o acesso ao financiamento por parte das PME e tente obter fundos do exterior para promover o investimento;
7 – EUA, Alemanha e Reino Unido têm a responsabilidade de estimular a economia europeia e mundial e ajudar outras economias;
8 - No caso da Europa, é preciso um programa europeu alargado de crescimento económico, com os países do euro a usar a sua força colectiva para pedir financiamento a taxas de juro baixas (os eurobonds), para empregarem esse dinheiro em investimentos para estimular a economia;
9 - Portugal sendo um pequeno país, sai barato à Europa financiar as suas necessidades;
10 - Se a Grécia sair do Euro, não significa que Portugal siga o mesmo caminho;
11 - A Europa tem de perceber que a austeridade não é solução. O crescimento não aparece sem assistência;
12 - Antes da crise a Irlanda e a Espanha tinham saldos orçamentais positivos e se pioraram é porque o diagnóstico que fizeram e a solução que desenharam, estão ambos errados;
13 - A Europa e os EUA vão no caminho errado, porque a austeridade quase nunca funciona para reanimar as economias;
14 - As recessões profundas são a pior altura para se privatizar, pois acaba-se por vender as participações públicas ao desbarato;
15 - Há poucas provas de um melhor desempenho das empresas após a privatização;
16 - O BCE tem o cliente errado: devia estar a pensar no bem-estar dos países europeus, mas na prática, concentra-se apenas nos bancos;
17 - As agências de rating são levadas muito a sério, quando falharam redondamente durante a crise financeira internacional de 2008/2009, ao atribuírem notas máximas a instituições que viriam a falir, como o Lehman Brothers, e a activos que viriam a revelar-se tóxicos e agora, estão a tentar recuperar o seu status e mostrar que são duras;
18 - As agências de rating continuam a agir de forma política e irresponsável ao fazerem revisões em baixa dos ratings, o que tem consequências políticas;
19 - Portugal deverá permanecer na zona euro, mas a grande questão é saber se a zona euro vai sobreviver;
20 - O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, ao afirmar hoje que a Zona Euro está à beira da recessão e ao apelar a uma verdadeira política de crescimento económico, parece ser o primeiro galo a concordar com o Nobel… 
Moral da história: Tirando o “elogio” ligeiro à Concertação Social, tudo o mais que Stiglitz disse está contra tudo o que Portugal, a Europa e os EUA estão a por em prática, o que a dar crédito a quem o tem, teremos todas as consequências negativas apontadas e um futuro que o presente nos leva a ter como certas…
Nota – Gostávamos de ver nos debates das TVs os nossos comentadores apresentarem o contraditório desta análise, a começar pelo nosso “Gasparzinho” e acólitos, mas duvido que haja “vontade” de se informar com independência e sem manipulação, imposta ou de “livre” iniciativa individual…
Veremos, se virmos…

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