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domingo, 15 de janeiro de 2012

No dia 13 havia Esperança, mas a 14 os Mercados(?)...

Qualquer coisa começa a mexer na Europa. Assistimos apenas às primeiras sacudidelas, mas os sinais parecem claros: o duo “Merkozy” que, de facto, pegou nas rédeas da zona euro desde que a crise da dívida ameaça a sobrevivência da moeda única, está a ser invadido por um terceiro elemento.
Nomeado de emergência quando a Itália estava à beira de deixar de conseguir pagar os seus compromissos e ameaçava arrastar consigo a moeda única, Mario Monti parece determinado em restituir a Roma – terceira economia da zona euro – o lugar na Europa que o seu antecessor deixou vazio, por falta de interesse ou de credibilidade.
Saudada pela imprensa italiana, a entrada em cena do antigo comissário europeu que, contrariamente a Silvio Berlusconi, goza de um grande prestígio no estrangeiro, é uma boa notícia sob variadíssimos aspetos. Primeiro, porque o entendimento entre Berlim e Paris era muito mais ditado pela necessidade – de reagir à crise – do que pelas afinidades eletivas entre Angela Merkel e Nicolas Sarkozy.
A chanceler alemã e o Presidente francês nunca expuseram uma eventual visão comum do futuro do euro ou da Europa que fosse suscetível de entusiasmar os seus parceiros e os europeus em geral. Pelo contrário, dão a impressão de navegar à vista.
Depois, porque o alargamento assim do “diretório” da Eurolândia, tem um pouco mais de representatividade – e daí, também, de legitimidade, se é que existe alguma. Por fim, por razões de equilíbrio: como escreveu o economista Jean-Paul Fitoussi a propósito do último encontro Sarkozy-Monti, em Paris, a França tem agora um aliado face a uma Alemanha que, voluntariamente ou não, predomina e que até agora sempre conseguiu impor aos seus parceiros a sua própria solução para sair da crise: disciplina e rigor.
Tal como Nicolas Sarkozy, também Mario Monti pensa que, no que diz respeito à austeridade, o seu país já fez o suficiente, e que agora é tempo de se preocupar com o crescimento. A União, através do Fundo de Estabilização Financeira e do Banco Central, é chamada a ser o motor desse crescimento e a Alemanha convidada a não se tornar um obstáculo.
Uma visão partilhada pelos outros países do Sul da Europa – com a Espanha à cabeça – de que o “Professor” se tornou, de alguma forma, o porta-voz, especialmente quando avisou os alemães contra o ressentimento que uma excessiva rigidez por parte de Berlim se arrisca a provocar entre esses países.
Mas nem por isso o trio que se desenha é, também ele, menos frágil: Sarkozy põe em jogo a renovação do seu mandato em abril, Merkel tem constantemente de prestar contas a uma coligação que está a enfraquecer e Monti, que não foi eleito, apoia-se numa maioria heteróclita de que uma parte (a começar pelos berlusconianos e a Liga do Norte) não hesitará em “desligar-se” se entender que pode voltar ao poder. Resta pouco tempo para tirar a Europa da crise, se for possível. Pela primeira vez, a coisa parece bem encaminhada, porque a continuação do euro, essa, não espera.

2 comentários:

  1. Vamos ver no que irá dar esta luta feroz entre o dólar e o euro!

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  2. Félix da Costa
    Dentro da minha mania das teorias da conspiração, já aqui falei nisso há temmmmpos, mas um dia vão chegar a essa conclusão. Basta juntar coisas com coisas...

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