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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma implosão dos com abrigo, mas sem dinheiro…

A Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) explica, esta segunda-feira, ao primeiro-ministro que o sector pode paralisar em Março por falta de trabalho, colocando em risco 140.000 empregos, numa altura em que o sector da construção e do imobiliário completou o 10º ano de crise, segundo a CPCI.
O presidente da CPCI alertou para o facto de o sector poder parar. "As empresas têm encomendas até Março, depois disso não há trabalho", acrescentando que "não existe obra pública, obra particular, a habitação está estagnada" e a legislação da reabilitação e do arrendamento só começará a produzir efeitos em Setembro e que "houve Parcerias Público-Privadas (PPP) que ficaram de ser estudadas e obras públicas que ficaram por ser analisadas".
O presidente da CPCI sublinhou ainda o facto de "as empresas estarem actualmente quase na dependência total de uma banca que não ajuda".
Segundo dados da confederação, desde 2007, já desapareceram 6.363 empresas de construção e, desde 2002 e até ao final do 3º trimestre de 2011, o sector perdeu 245.000 empregos.
Pelo que se diz e constata há cerca de 10 anos, o setor da construção civil atravessa um deserto de inatividade, em crescendo, que pode paralisar em Março, exatamente por falta de encomendas, o que pode atirar para o desemprego mais de 140.000 pessoas, a acrescentar às mais de 600.000 atuais, ou seja, mais 24% de uma só penada.
Devido à crise, por uma lado e ao excesso de habitação por outro, as obras públicas reduziram (por limitação de investimento), as obras particulares desapareceram (devido à falência de empresas de fabrico e de comercialização), a construção de habitações (individual e coletiva) está parada (devido ao seu excesso e ao aperto dos empréstimos bancários), excluindo da paisagem urbana as gruas, que são os gráficos mais rigorosos da atividade.
E por muito que os empreendedores quisessem fazer um esforço de revitalização do setor, por estarem quase na dependência total da banca, esta fechou as torneiras e por isso, mais de 10 anos se seguirão com atividade muito moderada, com prejuízo também para a formação dos trabalhadores, que eram considerados dos melhores.
Fala-se num programa de reabilitação dos edifícios degradados, que é mais do que urgente para manutenção das cidades e do nosso Património Construído, principalmente nas maiores e mais emblemáticas, mas que tarda (se vier) e está a mexer-se na política do arrendamento, que poderá ajudar à revitalização do setor, mas não será para os próximos meses. Pelos vistos, as próprias PPP suspenderam a sua atividade, reduzindo o volume de obras, embora não se entenda como poderão manter a qualidade das vias que nos cobram, se não fizerem, pelo menos, a sua manutenção.
Desde 2007, que já desapareceram 6.363 empresas de construção e, de 2002 até ao final do 3º trimestre de 2011, o sector perdeu 245.000 empregos.
Conclui-se assim, que os trabalhadores da construção civil são o grosso e o elo mais fraco das pessoas no ativo, regra geral com pouca qualificação, sem alternativa nos outros setores e que em tempos de crise, por isso, arrasta um aumento de criminalidade, o que se repetirá, naturalmente. Enquanto a Europa e sobretudo a Espanha absorveu os nossos desempregados das obras, a coisa foi-se disfarçando, mas com os problemas idênticos no país vizinho…
Se acrescentarmos os efeitos colaterais, quer em nos gabinetes técnicos de projetistas (mesmo nos de renome mundial), quer nas fábricas de materiais de construção (embora quase todas espanholas) e nas empresas de comercialização dos materiais e acessórios (a fechar todos os dias), o futuro do setor parece ser sombrio, levando por arrasto ao aumento do mercado dos sem abrigo, ao ritmo da desaceleração do abrigos para os sem dinheiro…

2 comentários:

  1. Como vender ovos depois da morte da galinha?!

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    1. A galinha que pos os ovos está viva, embora debilitada.
      As cidades é que se estão a degradar e a ruir, o que justifica, por muitas razões, a sua reabilitação, não só pelo investimento (dinheiro a circular) mas mais em defesa do Património e da nossa Memória, com a revitalização da baixa das cidades.
      3 ou 4 em 1...

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