Para Cavaco Silva, “independentemente dos modelos e soluções que venham a ser adoptados”, há um ponto que não pode ser ignorado: “Os cidadãos têm o legítimo direito a cuidados de saúde de qualidade e eficazes, independentemente da sua situação económica”.
Considerou ainda que “a saúde não é imune ao princípio da justiça social”, razão pela qual, concluiu, “cidadãos com diferentes rendimentos podem eventualmente dar diferentes contribuições para a distribuição dos encargos com a saúde”.
Do Bloco de Esquerda e do PCP já surgiram vozes críticas às declarações de Cavaco Silva.
Quando Cavaco Silva diz que os cidadãos têm o legítimo direito a cuidados de saúde de qualidade e eficazes, independentemente da sua situação económica, está a falar como Presidente da República e só está a lembrar a Constituição e uma das regras de um Estado democrático. Claro que concordamos!
Quando o Presidente da República diz que a saúde não está imune ao princípio da justiça social e que por isso os cidadãos com diferentes rendimentos podem eventualmente dar diferentes contribuições para os encargos com a saúde, está a falar como Cavaco Silva, esquecendo-se de que é economista e que a proporcionalidade dos impostos, relativamente aos ganhos de cada um, já está refletida na carga fiscal e na justiça social. Claro que não concordamos!
Cavaco Silva sabe que o dinheiro que faz o Orçamento do Estado vem quase todo dos impostos que os portugueses pagam e há os que não pagam nada, os que pagam pouco, os que pagam bastante e os que pagam muito, dentro de critérios políticos e de justiça social. Se os que já pagam mais do que outros ainda tem que pagar mais, estariam a pagar duas vezes, por um serviço igual ao que teriam se não pagassem nenhum. Isto é matemática! E dizer o que disse, é estar a tentar justificar o abrir de portas a medidas que o governo quererá impor, com a anuência prévia do PR e do TC…
Atiraram para a discussão pública os 50% do subsídio de Natal, para entretanto irem cosendo em banho Maria, medidas ainda mais dolorosas, na área da Saúde, porque a Educação virá depois e quando for oportuno, exatamente com o mesmo argumento… Olho vivo! Não se gastem todas as energias com as Moddy’s e deixemos algumas para combater as Moda's do “nosso” governo, quando se virarem contra nós.
Tenho um amigo que é do FCP, tem dinheiro e paga muito mais para o clube (voluntariamente), do que os sócios normais, mas quando vai aos jogos, vê o mesmo espetáculo, mas em condições muito melhores do que os outros. Nas associações e nas sociedades, as benesses são proporcionais à cota de cada um. Num Estado democrático, pagamos cotas diferentes para serviços iguais, para todos.
Não deixa de ser curioso que o BE e o PCP, que dizem defender os mais pobres, tenham criticado esta perspetiva e até pareça que estão a defender os mais ricos. Se Cavaco Silva começa a estar de acordo com o BE e o PCP, como no caso da Moddy’s (e veremos no futuro), como podem estar em desacordo neste ponto?
Alguém está errado, ou o PR, ou Cavaco Silva…
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