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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Imigração, ou Emigração, eis a questão…

“Migrantes” - Pintura de Déborah Balietti
A "importação" de casais jovens com comportamentos demográficos diferentes dos nossos e um maior apoio a famílias alargadas ou com menores recursos económicos são medidas que especialistas apontam para inverter a tendência de envelhecimento da população portuguesa.
Teresa Marques defende "políticas mais atrativas para captar outras populações que nos ajudem a inverter este processo de perdas", desenvolvendo-se políticas de apoio às famílias alargadas e aos jovens casais com menores recursos financeiros, através, por exemplo, de "menos impostos".
Diogo Abreu entende que na situação de crise que atravessamos, "o que se vai acentuar muitíssimo, será a emigração". "Este será um dos desafios mais importantes que vamos enfrentar, porque quem emigra serão os jovens e nós temos atualmente os jovens mais bem qualificados de sempre. Houve um esforço grande de qualificação que tem estado a resultar, mas o sistema económico não tem conseguido absorvê-los", frisou.
Rio Fernandes aponta como solução para o desequilíbrio demográfico a "importação" de casais jovens, "com uma capacidade reprodutiva muito superior aos europeus, envelhecidos, egoístas e confortáveis".
"A imigração tem de ser encarada como a solução e não como um problema" e uma das linhas políticas a seguir é "o incentivo à natalidade, criando condições para que as pessoas se sintam recompensadas e confortáveis tendo filhos...” e "uma segunda linha de intervenção será considerar a vantagem em fixar residentes jovens de outros países que aumentam a força de trabalho, criam riqueza e ajudam a sustentar a Segurança Social, ao nível das reformas", frisou.
É comum aos três técnicos a preocupação pela demografia portuguesa, preocupados dois com a imigração “necessária” e a do terceiro com a emigração (prejudicial).
Na atual crise, que parece que será longa (e terá fim mantendo-se o mesmo sistema?) em que as taxas de desemprego, de nacionais e imigrantes residentes, já são inadmissíveis e incomportáveis nas suas consequências sociais, pensar em “importar” (onde chega já a insensibilidade dos estudiosos do social) chamar mais gente de outros países, seria convidá-los para a pobreza e para eventuais conflitos xenófobos, por preencherem, eventualmente postos de trabalho, recusado aos que estão cá. E pensar-se, ainda por cima, em dar apoios a essas pessoas, quando tais apoios foram retirados aos nacionais e imigrantes residentes, não faz sentido, porque não há solução financeira e sem trabalho não produziriam mais valias em nenhuma das áreas.
Quanto à emigração (“exportação”) dos jovens portugueses, dizem que não lhes resta outra saída, mas pelo que foi dito acima, não deve ser verdade, pelo défice demográfico de gente e sobretudo de gente qualificada (a acreditar-se no paradigma falacioso). Temos que reconhecer hoje, que os apelos à formação superior só teve efeitos nas tesourarias das faculdades, que o investimento do Estado e das famílias não teve retorno e que as mais valias desse investimento vai direitinho para as economias dos países nossos concorrentes.
Dando razão aos meus comentários, há mais de dois meses, dizia o
O presidente do Partido Socialista Europeu (PSE) e antigo primeiro-ministro da Dinamarca, Poul Rasmussen, disse que a Europa não precisa de “importar imigrantes” e defendeu o auxílio aos países que são fonte de imigrantes.
“À ideia conservadora que diz que precisamos de mais trabalhadores estrangeiros vindos de África ou do Vietname, eu responderia que é necessário fazer um acordo justo: primeiro empregar os desempregados nos nossos próprios países e depois avaliar as necessidades”, acrescentou o líder do PSE, que agrupa todos os partidos socialistas da União Europeia.
A primeira impressão que tive ao ler esta notícia foi lembrar-me de Le Pen, mas depois de relida, não deixa de fazer sentido, sobretudo nas circunstâncias por que estamos a passar, tanto mais que, o auxílio aos países que são fonte de imigração deve ser a primeira e única medida em que devem apostar todos os países, para que cada cidadão tenha o “direito” de viver no seu próprio país, sem se ver obrigado a ser “exportado”, como qualquer mercadoria em excesso…
Ainda somos todos GENTE!
“Migrantes” - Pintura de Déborah Balietti

ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA - CANTAR DE EMIGRAÇÃO

2 comentários:

  1. A "importação" de casais jovens, "com uma capacidade reprodutiva muito superior aos europeus, envelhecidos, egoístas e confortáveis".

    Esta frase agonia-me. Para além de nos chamarem egoístas, tratam-nos como se fôssemos “bois de cobrição” ou “galinhas poedeiras”.
    Como querem que se tenha mais filhos se as condições mudaram radicalmente? A mulher trabalha duramente dentro e fora de casa. Homens e mulheres vivem uma vida agitada, com crescentes exigências, atolados em trabalho e responsabilidades. Por outro lado, a educação dos filhos é hoje mais longa e mas cara. Todos se lembram ainda dos tempos em que os jovens acabam a 4ª Classe e iam trabalhar, passando a contribuir para o agregado familiar.
    As coisas mudaram. Numas coisas para melhor, noutras para pior. Mas temos de resolver este problema. "Importar casais mais reprodutivos", repugna-me. Acho é que é preciso reconhecer "a importância social da maternidade" e criar verdadeiros incentivos ao crescimento das famílias.

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  2. Elisabete
    O que arrepia é ouvir estas receitas vindas de gente formada em Ciências Sociais, que tratam das pessoas e depararmos com este vocabulário, que é fruto do tempo, mas o HOMEM não tem tempo.
    Como é que nós, que não temos (tanta) formação na área ficamos indignados com esta visão do mundo, esta solução bovina, apenas com a sensibilidade que nos mantêm como seres pensantes? Como diz o António Damâsio: Sinto, logo existo!
    Ele há cada um!

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