O brasileiro José Graziano da Silva foi eleito director-geral da Organização das Nações Unidos para a alimentação e agricultura (FAO), tornando-se no primeiro representante da América do Sul a dirigir esta agência de luta contra a fome.
Graziano foi escolhido para suceder ao senegalês Jacques Diouf que esteve aos comandos da FAO nos últimos 17 anos.
Ex-ministro da Segurança alimentar do governo de Lula da Silva (2003-2010), Graziano é considerado “o pai” do programa brasileiro de luta contra a fome “Fome Zero”, que contribuiu para retirar 24.000.000 de pessoas da situação de pobreza extrema em 5 anos e a reduzir em 25% a subalimentação no Brasil.
O desafio agora para Graziano será infinitamente maior. O mundo conta com 925.000.000 de pessoas subalimentadas e em cada 6 segundos 1 criança morre vítima de problemas ligados à malnutrição.
Desde 2006 que Graziano era o representante regional para a América Latina e as Caraíbas junto da FAO e sub-director geral da organização. Na sua campanha sublinhou esta experiência e o seu contributo para a renovação de uma organização que é criticada por muitos como sendo demasiado burocrática, prometendo uma “FAO forte e eficaz”.
Temos que nos associar ao regozijo dos brasileiros por verem um seu cidadão eleito com Presidente da FAO, sendo o primeiro representante da América do Sul e lusófono a ocupar tal cargo.
Mas o regozijo deve assentar sobretudo na eleição de alguém que, sendo “o pai” do programa brasileiro “Fome Zero”, em 5 anos apenas, reduziu em 25% a subalimentação no Brasil, que foi o 1º e único país a antecipar o cumprimento do 1º Objectivo do Milénio, graças a este programa. Perante estes resultados, a ONU pensou “exportá-lo” para outros países com idêntico problema, mas como a melhor solução para os problemas é dispensar os intermediários, nada melhor do que encomendar ao projetista e executor do programa essa MISSÃO.
E tendo em atenção, que a FAO é uma organização da ONU, que LUTA CONTRA A FOME, que teve nos últimos 17 anos a mesma pessoa aos seus comandos, criticada pela muita burocracia, com muitos relatórios e análises e poucas soluções no terreno, já era tempo de encontrar alguém de ação para se FAZER ALGUMA COISA.
E se se começa a dizer que o novo desafio para Graziano será infinitamente maior, só porque no mundo atual existem 925.000.000, fazendo umas contas rápidas, isto corresponderá ao trabalho realizado no Brasil, multiplicado por 39. Tendo-se em conta que há cerca de 200 países no mundo, até parece muito fácil reduzir a Pobreza Extrema, apesar de outras variáveis, como a especulação dos produtos alimentares, entrarem nestas contas e dificultarem a sua concretização.
Mas quem venceu no Brasil, com o apoio dos mais altos representantes do país, o anterior e a presente, deverá conhecer os meandros do labirinto que tem que percorrer, para merecer o reconhecimento e a confiança, que pode trazer a esperança a uma geração de famintos, que envergonham a nossa “humanidade”.
Parabéns ao eleito, à lusofonia e à dignidade!
O FOME ZERO é uma estratégia impulsionada pelo governo federal para assegurar o direito humano à alimentação adequada às pessoas com dificuldades de acesso aos alimentos. Tal estratégia se insere na promoção da segurança alimentar e nutricional buscando a inclusão social e a conquista da cidadania da população mais vulnerável à fome.
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