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quinta-feira, 30 de junho de 2011

A tragédia grega (ou da Eurozona?) em 6 atos.

O parlamento grego aprovou hoje, com 154 votos a favor (incluindo uma deputada da oposição  de direita) e 138 contra, o novo plano de austeridade apresentado pelo Governo socialista, que os  líderes da UE colocavam como condição para ajudarem Atenas, que prevê cortes avaliados em 28,4 mil milhões de euros até 2015 e privatizações para angariar 50 mil milhões de euros.
de Agesandro, Atenodoro e Polidoro de Rodes, do século I AC
1º ato – A ameaça!
O chefe do gabinete de estudos do Banco Central Europeu, Jürgen Stark, ameaçou, quarta-feira, indirectamente a Grécia com o fim das ajudas financeiras, se este país da moeda única não implementar o novo programa de austeridade.
2º ato – A chantagem: ou isto, ou nada!
O responsável pelos Assuntos Económicos europeu avisou a Grécia, esta terça-feira, que "a única maneira de evitar um incumprimento imediato é o Parlamento aprovar o programa económico", até porque, diz Olli Rehn: "Para aqueles que especulam sobre outras opções, deixem-me clarificar: não há um Plano B para evitar um incumprimento".
3º Ato – “Os Prós e o Contra”!
O voto favorável de hoje do parlamento grego a um novo programa de austeridade provoca um "sentimento de alívio" na Europa, sendo particularmente importante para Portugal, segundo um analista de Bruxelas, mas de acordo com economistas alemães o País evitou a bancarrota mas ainda não resolveu os seus problemas.
De acordo com Fabian Zuleeg, "o cenário de crise  imediata foi afastado" com o voto do parlamento grego, que "dá algum  espaço para respirar nas próximas semanas e meses", principalmente a Portugal  e Irlanda, os outros dois países com resgates em curso.
Para este analista, o voto do parlamento grego é pois "o melhor desfecho  possível", pois evita o que considera que seria um inevitável "caos imediato". "Não penso que houvesse muitas opções. A Grécia precisava do apoio da  UE e, por razões políticas, os restantes Estados-membros precisavam deste  voto", assinalou.
Economistas e analistas alemães consideram que "Uma falência descontrolada teria posto em risco a essência não apenas  da Grécia, mas de toda a União Europeia", disse Peter Bofinger.
Roland Dhrn advertiu, que a decisão do hemiciclo  em Atenas "não resolveu os problemas essenciais" da economia grega, advertindo  para a necessidade de "reduzir o insuflado aparelho de Estado", e montar  um sistema fiscal eficiente.
Jrg Kramer sublinhou que a Grécia "cumpriu uma etapa, evitando  assim o incumprimento, mas os seus problemas não ficaram resolvidos".
Stefan Homburg discordou  da maioria das opiniões dos seus colegas, considerando erradas as opções  da Europa para enfrentar a crise das dívidas soberanas, ao recorrer ao resgate  dos países em dificuldades. "O processo por que enveredaram pode fazer explodir o euro e até a União  Europeia", advertiu Homburg, que defende uma reestruturação da dívida grega.
"Primeiro os Estados salvaram os bancos e agora são os próprios Estados  que estão a ser resgatados, mas os resgates só agudizam a crise", acrescentou  o economista alemão.
4º ato – O Parlamento aprovou, o Povo não, ou Os polícias apanham e batem nos familiares!
Os confrontos entre grupos de jovens e as forças  de segurança continuam no centro de Atenas, depois da aprovação do novo pacote de austeridade.
A meio da tarde, os confrontos tinham provocado a hospitalização de  34 pessoas, incluindo 19 polícias e um dos hotéis de luxo da praça  foi evacuado "a título preventivo".
5º ato – É melhor algum (mesmo em género) do que nenhum!
Os bancos mais expostos à dívida grega, os franceses e alemães, estão dispostos a contribuir para o segundo resgate da Grécia, voluntariamente, avançou Sarkozy, no entanto, os bancos apenas estão dispostos a reinvestir 70% das obrigações da dívida grega que possuem. O restante teria que ser pago, ou em activos, ou em dinheiro.
A Zona Euro pretende, assim, evitar a todo custo a falência grega por considerar que teria um impacto superior à queda do Lehman Brothers, em 2008.
6º ato – Os coveiros chamam-lhe um passo vital!
Angela Merkel diz ser uma "notícia verdadeiramente boa".
Num comunicado comum assinado, Herman van Rompuy, presidente da União Europeia, e Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, consideraram que a Grécia deu um "passo vital".

No meio desta tragédia, há uma voz autorizada discordante  da maioria das opiniões dos seus colegas (embora todos digam que nada ficou resolvido, apenas adiado), que considera erradas as opções  da Europa para enfrentar a crise das dívidas soberanas, ao recorrer ao resgate  dos países em dificuldades e tem a coragem de dizer que "O processo por que enveredaram pode fazer explodir o euro e até a União Europeia", defendendo uma reestruturação da dívida grega e remata Stefan Homburg, professor de economia na Universidade de Hannover:

"Primeiro os Estados salvaram os bancos e agora são os próprios Estados que estão a ser resgatados, mas os resgates só agudizam a crise".
O homem ou é doido, ou não sabe do que fala, ou sabe do que fala…
Mas pelo que se vê, parece que não é cego!

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