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terça-feira, 22 de julho de 2014

O Facebook e o Twitter hoje são armas. Usemo-las "With love"...

Enquanto fotos de vítimas civis palestinianas inundam a internet, o governo e organizações israelitas usam o Facebook e o Twitter para tentar reverter a opinião pública sobre a mais recente ofensiva na Faixa de Gaza.
Em 2006, crianças israelitas escreviam mensagens nas
bombas que seriam lançadas sobre os palestinianos:
"From Israel with love". Hoje são adultas…
Nas 2 últimas semanas, as redes sociais como o Facebook e o Twitter vêm recebendo uma enxurrada de imagens sobre a ofensiva israelita na Faixa de Gaza. As fotos do banho de sangue aparecem de forma tão imediata, que mesmo aqueles que nunca foram a Israel e não têm qualquer ligação com os palestinianos acabam por se envolverem emocionalmente.
Foi assim, por exemplo, na semana passada, quando 4 crianças palestinianas foram mortas por um bombardeio israelita quando brincavam numa praia em Gaza. Outras 3 crianças foram levadas à pressa a uma varanda próxima do hotel Al-Deira, onde jornalistas realizavam medidas de primeiros-socorros para tentar salvar a vida de uma delas, ferida por um estilhaço no peito.
Incidentes como estes, que aparentam ter as crianças como alvos indiscriminados, geram revolta em boa parte da opinião pública. Sabedor disso, Israel decidiu contra-atacar também na guerra da propaganda online, que, até ao momento, parece estar a ser vencida pelos palestinianos.
Conflito online
Num campus tranquilo e arborizado, localizado numa bucólica faixa do litoral do mar Mediterrâneo, está o acanhado laboratório de computação da universidade IDC Hertzliya. Dentro do edifício, o norte de Tel Aviv, encontra-se o centro de comando da nova contraofensiva nas redes sociais promovida por Israel.
Um grupo de 400 estudantes trabalha para diminuir a crescente onda de simpatia pelos palestinianos em Gaza, utilizando o hashtag #IsraelUnderFire ("Israel sob fogo"). Angariam apoio para uma guerra que entendem ser inevitável, provocada, segundo eles, unicamente pelos mísseis lançados pelos militantes do Hamas. A base da contraofensiva dos media ficou conhecida como a "Sala Hasbara" - ou a "Sala das Explanações".
Do lado palestiniano, o hashtag #GazaUnderAttack ("Gaza sob ataque") perdeu credibilidade após a descoberta pela rede de notícias BBC de que algumas das imagens postadas eram de episódios mais antigos da violência entre palestinianos e israelitas, ou ainda de outros locais de conflito no Médio Oriente, como o Iraque e a Síria.
Entretanto, o jornal americano New York Times denunciou que imagens divulgadas pela “Sala Hasbara” também teriam sido falsamente identificadas ou até forjadas.
"Uma das imagens mais postadas pelo #IsraelUnderFire mostra uma manifestante muçulmana a segurar um cartaz com os dizeres: ‘Parem com o terrorismo do Hamas em Israel’ e ‘Liberte Gaza do Hamas’. No entanto, essas imagens parecem ter sido forjadas digitalmente, através da manipulação de uma fotografia de um protesto de novembro de 2012 em Sarajevo”, afirmou o diário nova-iorquino.
Abaixo, a imagem como foi divulgada:
E aquela que seria a foto original:
A estudante de Relações Internacionais Chenli Pinchevskey, de 22 anos, mergulhou de cabeça na campanha, na qual trabalha em tempo integral. Ela administra os voluntários e a equipe da Sala Hasbara, que funciona através do financiamento da sua universidade e de doações.
"Hoje em dia, o mundo é dominado pelos media, e o que se vê é o que se sabe. Nós aprendemos com o passar dos anos que o mundo não ouve Israel o suficiente e não conhece o nosso lado da história", afirma. "Toda a história tem 2 lados, e nós temos a nossa própria história para contar. Passamos por tantas mentiras, discursos de ódio e propagandas, que sentimos que temos de fazer alguma coisa."
Os 2 lados da história
Ela diz que o seu grupo não faz propaganda de guerra: "Penso que o que fazemos é contar a nossa história, do modo como a sentimos todos os dias. Estou a contar ao mundo como é viver em Israel, como é não poder sair de casa em razão do medo de que as sirenes sejam acionadas."
Ao ser indagada se sente alguma simpatia pelos inocentes mortos ou feridos em Gaza, afirma: "Em Gaza as crianças tem tanto medo como o meu irmãozinho; quero que o mundo saiba que o Hamas está a fazer isto com todos nós, e que pode e deve ser detido."
O presidente da União Nacional de Estudantes, Yarden Bem-Youssef, e o estudante Lidon Bar David criaram a “Sala Hasbara” há 2 anos, durante a última investida de Israel na Faixa de Gaza.
Na época, os estudantes não foram convocados como reservistas do Exército para participar da operação contra o Hamas. Estimam que em 2012 as suas mensagens atingiram cerca de 21.000.000 de pessoas em todo o mundo. Recentemente, a dupla criou o website israelunderfire.com.
O seu grupo defende a ofensiva de Israel em Gaza através da divulgação de vídeos, imagens, anúncios, pósteres, comentários e dos chamados "memes" nas redes sociais Facebook e Twitter.
No seu website, as postagens do blog são adicionadas e escritas por um roteirista de Hollywood, reservista do Exército de Israel. Os vídeos trazem argumentos sobre o direito israelita à autodefesa e estabelece ligações entre os projéteis lançados pelos militantes de Gaza com ataques terroristas como o 11 de Setembro.
Ali Abunimah, fundador do website Electronic Intifada, a versão palestiniana dos portais israelitas, afirmou ao New York Times que se surpreendeu com forma com que os estudantes israelitas se identificam abertamente como partidários trabalhando em conjunto com seu governo, para justificar o uso da força em Gaza.
Netanyahu no Twitter
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apoia a equipe do Israel Under Fire. Ele próprio iniciou o que chamou de "sala de guerra diplomática", que opera de modo semelhante à Sala Hasbara – com a diferença de que está localizada no seu gabinete.
O chamado "Masa Israel Journey" diz ser um esforço conjunto para aumentar a consciencialização sobre o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, e para explicar ao mundo que o país embarcou numa operação de defesa sob o lema "Israel Under Fire".
O escritório de imprensa do governo não revelou o valor do financiamento estatal destinado à máquina de propaganda israelita, mas sabe-se que a iniciativa é parcialmente apoiada pela Agência Judaica, a organização que serviu como autoridade para os judeus no que hoje é o Estado de Israel.
Se a iniciativa funciona de facto ou não, já é outra história. No entanto, o Twitter está repleto de postagens do primeiro-ministro, como a abaixo, em que é dito que o Hamas esconde mísseis em escolas da ONU em Gaza no intuito de atingir escolas e crianças em Israel.
Ontem dizia eu que a diplomacia é uma arma (antiga), hoje regista-se que há outras armas não convencionais, como as redes sociais (os blogues demoram mais tempo a produzir efeitos), usadas por ambas as partes…
Constata-se no entanto que a manipulação e a mentira desvalorizam o efeito pretendido, e que quem mente uma vez mente 100 e que a verdade não passa por aí…
Assim, podemos entrar no campo de batalha, em defesa dos nossos valores e em defesa dos mais vulneráveis, ou não…
Mas era bom que convencêssemos Netanyahu de que não tem o apoio forte da comunidade internacional…
Imagem 1, 2 e 3

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