Pelo menos 130 palestinianos morreram nas operações do exército israelita neste domingo, o dia mais sangrento desde o início do conflito, quando 13 soldados israelitas também foram mortos e um militar hebreu, segundo o movimento Hamas, foi sequestrado.
Massacre em Shajaya
Segundo os serviços de emergência, pelo menos 62 pessoas foram mortas e mais de 200 ficaram feridas nos bombardeios contra o bairro de Shajaya, os mais mortais desde o conflito de 2008-2009 no território palestiniano. E com 100 mortos em toda a Faixa de Gaza, este também é o dia mais sangrento desde o lançamento da nova ofensiva.
Em Shajaya, um jornalista da AFP descreveu cenas de carnificina e caos, como um homem que teve a cabeça arrancada. As ruas estavam cheias de carros queimados, incluindo uma ambulância, e vários corpos continuam a ser retirados dos escombros sem cessar.
Frente ao número alarmante de mortos, o Exército israelita justificou a sua ofensiva contra este bairro localizado perto da fronteira. "Shajaya é uma área civil, onde o Hamas tem posicionado os seus foguetes, os seus túneis, os centros de comando", afirmou o Exército, ressaltando que "há dias temos avisado os civis de Shajaya para que deixem o local".
O Presidente norte-americano, Barack Obama, apelou domingo a um "cessar-fogo imediato" em Gaza depois do registo de mais de 100 mortos no que foi o dia mais sangrento da ofensiva israelita na região. Também o Conselho de Segurança manifestou preocupação com o número de vítimas mortais e pediu o fim das hostilidades.
Com as agências internacionais a apontarem 472 mortos desde o início da ofensiva militar israelita em Gaza, Barack Obama enviou o Secretário de Estado John Kerry ao Cairo e falou, pela 2.ª vez em 3 dias, com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu disse hoje que a ofensiva na Faixa de Gaza reúne um apoio internacional "muito forte".
As declarações do primeiro-ministro israelita seguem-se às do secretário de Estado norte-americano John Kerry, que culpou o Hamas pela continuação do conflito em Gaza, considerando que o movimento palestiniano tem vindo a rejeitar todas as tentativas de cessar-fogo. "Tem-lhes sido oferecido um cessar-fogo e têm recusado aceitar", salientou John Kerry. "Eles precisam reconhecer a sua própria responsabilidade", concluiu.
Em tempos de guerra, até a “diplomacia” é uma arma, sempre bem usada por quem melhor está apetrechado para intoxicar a opinião pública…
Como se vê, o Conselho de Segurança manifestou preocupação com o número de vítimas mortais e pediu o fim das hostilidades enquanto Barack Obama enviou o Secretário de Estado John Kerry ao Cairo, para envidar esforços para travar a carnificina contra civis inocentes, sem se contabilizar a destruição do habitat físico, propriedade das vítimas...
Como se vê, John Kerry culpou o Hamas pela continuação do conflito em Gaza, contrariando a missão de que foi incumbido e contradisse o seu presidente, que apelou a um cessar-fogo imediato, sem enumerar culpados.
Lembra-se que tudo começou com a morte de 3 jovens israelitas por palestinianos e 1 palestiniano por israelitas, assunto do foro da justiça, como reconheceu o primeiro-ministro da Malásia, a propósito do abate do avião da Malasya Airlaines…
Como se vê, Netanyahu, em vez de citar os apelos de Obama, escuda-se nas declarações de John Kerry e conclui que a carnificina israelita, de sua responsabilidade tem um apoio internacional muito forte, que quase só se traduz nas bocas de Kerry e da sua responsabilidade…
Daqui se conclui que o Benjamin não lê jornais, não vê TV nem consulta as redes sociais. Talvez considere que o papel dúbio dos EUA e os lóbis judaicos norte-americanos são o seu apoio internacional muito forte, apoios fortes financeira e belicamente, apesar de saber que os EUA não se vão imiscuir oficialmente no conflito, como a Rússia faz oficiosamente em relação à Ucrânia…
Os números negros da Faixa de GazaEntretanto, os números de mortos e feridos não param de aumentar, colocando uma questão básica, que os israelitas, básicos nos seus conceitos e soluções, têm que equacionar:
De acordo com um relatório do UNOCHA, 57.900 crianças morreram ou ficaram feridas ou desalojadas. Conheça todos os números
Desde o início do conflito na Faixa de Gaza, a 7 de julho, já morreram cerca de 260 palestinianos, incluindo dezenas de mulheres e crianças.
De acordo com os dados da ONU revelados esta sexta-feira, 57.900 crianças morreram ou ficaram feridas ou desalojadas. Estima-se que o número total de pessoas que precisam de ajuda e assistência ultrapasse os 96.000.

O dado mais alarmante neste conflito é o número que está a ser avançado pela ONU e que diz que 80% das vítimas palestinianas são civis, sendo que as crianças formam o maior grupo. Apesar de Israel ter um dos exércitos mais avançados do mundo, em termos de artilharia, informações e precisão, organizações de direitos humanos da Palestina e Israel falam num ataque desproporcionado.
Nos 2 lados da barricada ninguém se entende, as posições estão ainda mais extremadas e ontem nem sequer conseguiram respeitar uma trégua de 2 horas pedida pela Cruz Vermelha para remover cadáveres e retirar os feridos.
Perante tantas baixas de civis a necessidade de um cessar-fogo torna-se ainda mais premente. O Hamas continua a recusar a intermediação feita pelo Cairo, preferindo a Turquia ou o Qatar. Doha já apresentou uma proposta de tréguas, mas Israel insiste que o Egipto deve fazer parte de um acordo. Entretanto, vamos assistindo a relatos desumanos, como o de um pai que diz “isto é o meu filho”, enquanto abre um saco de plástico.
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