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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Quem semeia ventos, só pode colher tempestades…

Os dirigentes da zona euro reduziram a dívida grega e aumentaram o montante da ajuda a prestar. Mas para o Eleftherotypia, que destaca na primeira página que a aquisição de "tanques alemães faz parte do plano de resgate", esta decisão coloca os gregos e todos os europeus sob a alçada de Berlim.
Encorajada pelos mais de 80% de deputados que lhe deram luz verde, Angela Merkel dirigiu-se à cimeira de Bruxelas de resolução do problema grego.
Só que a decisão assumida pelos dirigentes europeus foi, quase ponto por ponto, a submetida pela chanceler ao seu próprio Parlamento! Aparentemente, nem sequer teve em consideração a troca de opiniões com os demais líderes europeus, como se não houvesse outros intervenientes na Europa.
Claro que todos sabem que a Alemanha é o ator mais forte na Europa e que a sua opinião pesa mais do que as outras. Mas não pode ter sempre a última palavra. Porque, em política, não se aplicam as mesmas regras do futebol, onde "no final, são sempre os alemães que vencem", para citar um antigo jogador inglês.
Na verdade, da maneira como as coisas estão a correr, temos o cenário oposto. Porque, no futebol, os alemães muitas vezes perdem, enquanto na Europa continuam a impor sempre os seus pontos de vista. Nem se deparam com qualquer objeção. Até o Presidente francês é criticado pela imprensa do seu país, por apoiar as posições alemãs.
A chanceler está a fazer o que quer
Outros dirigentes, como o primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, manifestam-se preocupados com a hegemonia alemã. Mas não serve de nada. A chanceler Merkel está a fazer o que quer. Em relação à Grécia, impôs a solução que envolve uma descida de 50% na dívida e reformas estruturais profundas, com medidas de austeridade imperativas.
Essa é realmente a contrapartida da "benesse" da re-estruturação da dívida: o rigor. Ainda que Merkel tenha explicado aos seus deputados que tem todo o "respeito" pelos sacrifícios feitos pelos gregos, isso não muda a realidade da austeridade. O que vale tanto para a Grécia como para os outros países que estão na mira – como a Itália, apesar das reticências de Berlusconi.
A Grécia, como o conjunto da zona euro, está, pois, à mercê da Alemanha. Quando estão em debate decisões importantes e, no final, as soluções são impostas por um país que não recua perante nada, os outros fazem obrigatoriamente marcha atrás. Se continuar a não haver outros países que imponham os seus pontos de vista, nada de bom espera a Europa, em especial os países pequenos, elos fracos da cadeia.
Depois de Sarkozy ter mandado para canto o Cameron, que nem é da zona euro, o próprio levou um “chega pr’a lá” da (in)fiel amiga Merkel, que assim ficou sozinha, literalmente, mas sem prever que a coisa ia dar uma volta…
Isto vem a propósito do referendo que a Grécia anunciou sobre a nova “ajuda” e talvez estejam aqui as razões da indignação do próprio governo grego, que tem a mão da Sra. Merkel, que apesar do "respeito" que diz que tem pelos sacrifícios dos gregos, não muda a realidade da austeridade:
A aquisição forçada de tanques alemães faz parte do novo plano de resgate da Grécia;
Pelo “resgate da Grécia, impôs a descida de 50% na dívida e reformas estruturais profundas, com medidas de austeridade imperativas;
A Grécia, como o conjunto da zona euro, está à mercê da Alemanha.
Só que, se em política, não se aplicam as mesmas regras do futebol, onde no fim, são sempre os alemães a vencer, a ver vamos e enquanto isso…
"Bem-vindo, senhor Presidente!", titula o Handelsblatt após o "sim" definitivo de Angela Merkel à nomeação do governador do Banco de Itália, Mario Draghi, para a presidência do BCE, no próximo mês de outubro. Apanhada desprevenida pela reforma do "seu" candidato, o patrão do Bundesbank, Axel Weber, a chanceler alemã hesitou. "Em plena crise do euro, achou que não poderia impor aos alemães um banqueiro oriundo de um Estado campeão da inflação e do endividamento".
A tarefa mais urgente e delicada do presidente do BCE é evitar, por um lado, a reestruturação da dívida grega e, por outro, conseguir que a economia da Grécia – num prazo razoável – retome o funcionamento normal que lhe permita regularizar as suas dívidas. Uma política idêntica será aplicada à Irlanda e a Portugal, dois países também atingidos por uma grave ‘doença financeira’.
De desconfiar que o previsto presidente do BCE fosse alemão (é tudo nosso, diz ELA!) Mas numa coisa tem razão, ao desconfiar num banqueiro de um Estado campeão da inflação e do endividamento e nós também, mas como já lá tem o “nosso” Constâncio, só falta um grego, um irlandês e um espanhol… O critério deve ser mesmo o de “pau mandado”. Competência para quê?
A iniciativa da Grécia é que veio entornar o caldo e a coisa parece que vai ficar quente, para um lado ou para o outro, porque o Governo grego muda as chefias militares do Estado-maior
O atual ministro das Finanças grego era antes da última remodelação era o ministro da Defesa. Será que os gregos vão usar os submarinos, os aviões e os tanques de guerra que compraram à Alemanha? E será contra os alemães ou contra os seus concidadãos?
Valha-nos Zeus, que Eolo anda furioso!

4 comentários:

  1. Angela Merkel está a conseguir fazer o que Hitler não tinha conseguido: ter a Europa toda como Estados-Satélites da Großdeutsches Reich.

    Parolos somos nós, restantes Europeus, que deixamos que isso acontece. Aliás, é estranho ver tantos países que tanto sofreram com a Segunda Guerra Mundial e que morreram para parar Hitler, não se lembrem agora de, no plano político, parar a senhora Merkel.

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  2. Elenáro
    Estou mesmo convencido que isto vai dar uma volta com o referendo da Grécia, que pode ser para pior, porque eles (ELA) nem sabe como ha de fazer para relançar o dracma...
    Claro que os países são como as pessoas e quem é mauzinho toda a vida o será, mas se os europeus deixam e gostam, mesmo sem democracia como seria legítimo... Alguém andará a comer.
    Metade dos alemães "chumba" terceiro mandato de Merkel
    http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=516433

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  3. Mas eles chumbam Merkel porque deu dinheiro a países terceiro e porque internamente a senhora só tem feito disparates. Os Alemães julgam que estão safos quer caia ou o resto da Europa.

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  4. Elenáro
    Se a UE e a zona euro forem ao ar, os alemães vão vender a quem? À China? Eles agora nem vendem, impõem que lhes comprem, lhes façam os empréstimos e fiquemos debaixo da garra da águia...

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