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quarta-feira, 30 de abril de 2014

VER(g)ON(h)A!

O Presidente da Câmara de Verona, no norte de Itália, instaurou a polémica ao introduzir uma multa que varia entre os 25 e os 500 euros para quem der comida a sem-abrigo na praça pública.
Flavio Tosi – o “higienista”
Flavio Tosi, Presidente da Câmara de Verona desde 2007, afirma que com esta medida pretende garantir a higiene e o decoro público nas praças da cidade. Alega ainda que a medida é necessária para evitar que os mendigos fiquem “acampados a céu aberto” nos locais públicos.
O político, pertencente ao partido de direita Lega Nord, diz que a situação em algumas praças de Verona ficou “incontrolável” e que os “barboni”, como são chamados os mendigos em Itália, ter-se-ão tornado numa “ameaça à saúde pública”. “Não podem viver num jardim público, lavar-se e fazer todas as necessidades fisiológicas mesmo ali”, disse Tosi. A área onde a doação de alimentos foi proibida abrange grande parte do centro histórico da cidade.
Esta iniciativa criou uma grande polémica em Itália, uma vez que esta multa terá de ser paga não só por cidadãos, mas também por organizações de caridade que distribuem alimentos entre os sem-abrigo. A medida iria acabar por punir quem ajuda os mais necessitados.
A organização mais afetada pelo decreto de Flavio Tosi é a “Ronda della Carità” uma associação sem fins lucrativos fundada em Florença em 1993 que distribui alimentos em 78 cidades. Em Verona os seus voluntários estão ativos há mais de 10 anos.
O fundador da associação, Paolo Coccheri, afirmou ter ficado estupefacto e que nunca viu uma medida semelhante durante os anos em que trabalhou como voluntário: “O Presidente da Câmara vai penalizar justamente quem ajuda as pessoas mais pobres da sua bela cidade, que são cada vez mais”, disse.
Fogo amigo
A decisão de Tosi foi duramente criticada pela oposição. A deputada do Movimento 5 Estrelas, Francesca Businarolo, disse que, tendo em vista as próximas eleições europeias no fim de maio, o Presidente da Câmara “está a querer lembrar quem é que manda na cidade”.
Mesmo os próprios aliados políticos se distanciaram de Flavio Tosi. Giovanni Miozzi, presidente da Província de Verona, foi eleito por uma união de forças entre o seu partido Forza Italia e a Lega Nord. Miozzi diz entender a preocupação com o decoro na cidade, mas que “neste momento a prioridade deve ser ajudar as pessoas com dificuldades”.
Depois das críticas Flavio Tosi voltou a defender a sua ideia numa entrevista ao jornal local, argumentando que a cidade oferece abrigos a quem precisa de tecto e comida, e que ele não é contra a distribuição de alimentos – desde que esta não seja feita na praça pública.
Não é a primeira vez que a Lega Nord introduz medidas para coibir a presença de mendigos nas cidades. O partido de direita, cuja principal bandeira é a separação do norte da Itália do sul do país, já tinha causado polémica ao propor um registo obrigatório de pedintes há anos atrás.
Em algumas cidades dominadas pela Lega foram retirados bancos de praças em que os “barboni” repousavam. Noutros municípios, como por exemplo na cidade de Mortara, foram criadas multas até 500 euros para quem é encontrado a mexer no lixo da cidade.
“Sou do tempo” em que na minha cidade, nos anos 50, que me lembre e chegado o verão, o presidente da Câmara de então “prendia” todos os pedintes num prédio desocupado, que curiosamente é hoje a esquadra da PSP, exatamente para que os banhistas não fossem incomodados e não ficassem com ideia de que na nossa terra havia pobreza. Mas era o tempo do fascismo…
Sobre “isto” nem vale a pena acrescentar comentários nem fazer qualquer adjetivação ou juízos de valores…
De curioso e aproveitável só sobra a medida de terem retirado “bancos da praça”, que deveriam se apenas aqueles que tiraram o abrigo a tantos cidadãos…

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