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terça-feira, 29 de abril de 2014

Percentagens para iludir os bois de que vão sair do buraco…

Só no 1.º trimestre de 2014, 1.440 empresas declararam insolvência, uma redução de 16% face a igual período do ano anterior, com o setor da construção a representar cerca de 26% do total das insolvências, apesar da redução de 17% face a igual período de 2013.
Lisboa regista o maior número de insolvências com 26,4% empresas insolventes, seguida do Porto, com 21,3% (-21% face a igual período de 2013), e do distrito de Braga com 10,8% (-11% face a igual período de 2013).
Uma administradora da Cosec considera que os dados destes primeiros 3 meses vêm confirmar as expetativas da empresa “de melhoria do indicador após o elevado número de insolvências registadas nos últimos anos” e diz também que se mantém “uma expetativa positiva para os indicadores para este ano”.
Em termos de dimensão, as microempresas foram as mais afetadas pelas situações de insolvência, uma vez que representam 66% das situações ocorridas no 1.º trimestre deste ano.
O número de empresas que em Portugal deram início a um Processo Especial de Revitalização (PER) cresceu 13% no 1.º trimestre de 2014, face ao mesmo período de 2013, indica uma análise às insolvências que a Cosec.
O PER permite às empresas em sérias dificuldades, desde que não estejam em situação de incumprimento generalizado, negociarem com os credores um acordo para a sua revitalização económica, e impede a instauração de ações judiciais para a cobrança de dívidas ao devedor.
O empreendedorismo parece estar a perder força em Portugal. Depois de 2013 ter fechado com um crescimento de 12,8% na constituição de novas sociedades (35.296 no total), em janeiro e fevereiro de 2014 já só foram criadas 7.443. É uma quebra de 15,7%.
À primeira leitura, até podemos pensar que “a coisa vai”, com a redução da taxa de insolvência em relação ao ano anterior, mas os números e as regras de 3 simples, também são enganosas, bastando ter em conta que o setor da construção civil reduziu (17%) e ainda assim representa 26% do total da derrocada… Tudo isto sem mostrarem os números e as percentagens referenciadas a 2010, 2011 e 2012…
Uma leitura mais “especializada” de quem fez o estudo quer convencer-nos, com estas estatísticas, de que se mantém uma expectativa positiva para os indicadores para este ano, que é o mesmo que o governo nos anda a martelar, seguramente com “boas intenções”, embora continue a fazer tudo para piorar as coisas no campo laboral...
Tem que se salientar a enorme percentagem das insolvências (66%) que aconteceram nas micro e médias empresas, quando se sabe que Em Portugal, pequenas empresas são as que criam mais emprego, representando 60% de novos postos de trabalho criados, o que fazendo as contas, significa que “as coisas não vão (tão) bem” como nos querem convencer...
O pior é que se subtrairmos os 13% de empresas “à rasca” e a “renegociarem” as dívidas, teremos, teremos apenas 3% (seguros) de redução da insolvências, o que deve conter o regozijo de melhoria(?) dos indicadores…
Mais grave ainda e falacioso, é constatar-se que em 2013 se constituíram 35.296 novas sociedades e em janeiro e fevereiro de 2014 só foram criadas 7.443, ou seja, 27.863 ficaram pelo caminho, o que enviesa a considerada quebra de 15,7%, porque na verdade desapareceram 84,3% das empresas relativamente ao ano anterior...
Truques e manipulações à parte, dizem que há menos falências, mas também nascem menos empresas, que é como na natalidade, morre mais gente do que a que nasce e daí…
Estaremos melhor? Talvez o país (mas nem isso), mas as pessoas de certeza que não, antes pelo contrário!
E com percentagens querem iludir os bois com futuras e boas pastagens…

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