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quarta-feira, 2 de abril de 2014

E os mamões continuam a chupar a ração dos bezerros

Ex-governador do Banco de Portugal responde a Durão Barroso. Constâncio usa o relatório mais brando de uma das comissões de inquérito para negar responsabilidades.
O vice-presidente do Banco Central Europeu responde ao Presidente da Comissão Europeia - os 2 são portugueses e o tema, o caso BPN, diz respeito à passagem de ambos por cargos em Portugal. O ex-governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, veio ontem desmentir Durão Barroso, ex-Primeiro-ministro, alegando que não se recorda de alguma vez ter sido chamado pelo ex-primeiro ministro para explicar o que se passava no Banco Português de Negócios (BPN).
Numa carta aberta, Miguel Beleza, Teodora Cardoso, José da Silva Lopes, Artur Santos Silva e Rui Vilar saem em defesa do ex-governador do Banco de Portugal.
Há temas quentes que regressam sempre ao espaço de debate público em alturas politicamente relevantes, ou seja, em anos eleitorais. Mas o pior que pode acontecer ao chamado caso BPN, sobre o qual não restam dúvidas de se ter tratado de um claro caso de polícia, é ser resumido a uma mera questiúncula política. Isso minará de forma brutal a confiança dos cidadãos - e dos contribuintes - em relação à justiça e ao sistema financeiro nacional.
Nunca é de mais relembrar que o BPN - banco que o Governo de José Sócrates "salvou" perante o risco sistémico, em que todos, oposição incluída, acreditavam, de contágio às restantes instituições financeiras do País - vai custar aos cofres do Estado (ou seja, aos contribuintes) perto de 7.000 milhões de euros. Pelo menos. Apurar responsabilidades é, que mais não seja por uma questão ética e de transparência, uma obrigação das autoridades.
Mas é preciso definir que tipo de responsabilidades mais interessa conhecer. 2 comissões parlamentares de inquérito depois - por sinal das melhores que temos tido - já deviam ter produzido esclarecimento suficiente quanto às culpas políticas deste caso. E, após 4 anos de investigação, também já devíamos estar mais perto de ter conclusões sobre os responsáveis criminais.
O dado novo que o antigo primeiro-ministro Durão Barroso - após entrevista ao Expresso enquanto presidente da Comissão Europeia - introduziu na discussão veio baralhar as contas. Ao revelar que falou 3 vezes do caso com o então governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, voltou a centrar a discussão no controlo (ou falta dele) do supervisor. Constâncio, agora vice do BCE, já contrariou estas declarações. Politicamente, há muitos interesses em causa. Mas o que interessa realmente saber é quem falhou.
Não deixa de ser estranho, que nenhum jornal tenha como título: “Durão Barroso chamou 3 vezes o Governador do BdP, para o interrogar sobre o BPN”, nem coisa parecida. O tempo que perdi a procura-la…
A “denúncia” aparece no meio de notícias com outros títulos, sobre apontamentos do Zé Manel, que, ainda como Presidente da Comissão Europeia, chegou aqui, arranjou uns meios de comunicação social amigos e bombardeou a torto e à esquerda, poupando-se a qualquer mácula que lhe possam vir a imputar, e há tantas, bem como aos seus parceiros de partido e de governo! Mas não que ser candidato a PR… E com a mentira nos quer enganar, mais uma vez!
A consequência da bojarda que lançou (e escondeu a mão), apenas teve eco nos partidos da coligação, que vão entretendo o “debate” político para as Eleições Europeias com estas antiguidades…
Toda gente sabe que Constâncio não foi constante no supervisionamento de coisa nenhuma, razão porque foi para vice do BCE, onde vai ter que supervisionar mais de 200 dos maiores bancos europeus e pronto!
Toda a gente sabe o nome dos criminosos da associação de malfeitores do BPN, que andam por aí, impunemente, até à prescrição!
Toda a gente sabe a cor e o nome do partido dos autores da maior fraude que deu início à “nossa” crise, que por acaso eram correlegionários do atual Presidente da Comissão Europeia!
Toda a gente sabe que Durão Barroso chegou a presidente da CE pelo apoio à guerra do Iraque, com base numa das maiores mentiras muitas vezes repetidas!Toda a gente sabe que Durão não deu conta do recado de Primeiro-ministro e desertou!
De Barroso sabemos tudo…
De Vítor Constâncio sabemos tudo…
Dos ex-Governadores do BdP sabemos pouco (estávamos no tempo das vacas gordas)…
Mas afinal o que é que interessa? Não é realmente saber quem falhou, mas quem foi e é responsável pela fraude e consequentemente, pagá-la ou pagar por isso!Qualquer outra narrativa é para adormecer crianças, que não têm teta onde mamar…
E os mamões continuam, gulosos, a desviar a ração dos bezerros.
Imolem-se e não nos amolem!

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