A grande maioria dos portugueses, 61,7%,
pensa que “a austeridade está a afundar o
país, económica e socialmente”, mas que “vai
continuar por uns anos”, 63,6%. Aqueles que acreditam que a estratégia do
governo vai “equilibrar as contas”
ficam-se pelos 28,4%. Para muitos, “nem
sequer existem propostas políticas credíveis”. As conclusões pertencem a um
estudo realizado pela Eurosondagem para a Faculdade de Direito de Lisboa,
que foi apresentado no lançamento do livro ‘A
austeridade cura? A austeridade mata?’, de Paz Ferreira.
Que a culpa é do governo e que apenas
está nas mãos de quem manda resolver a situação, é a opinião de 46,4% dos
inquiridos. Por outro lado, 43,2% pensa que a situação será resolvida com as
ações da Alemanha, da troika e do “exterior”.
No que toca à atribuição de culpas, 37,7% dos portugueses refere o nome de
Pedro Passos Coelho, enquanto 42,5% se refugiam na “situação exterior ao país” e à “dívida
acumulada”.
Para quase metade da população, 49,3%,
o caminho escolhido não poderia ter sido diferente e apenas 39,3% dos
portugueses acredita em “propostas
políticas credíveis que ponham fim à austeridade”.
Li e reli os resultados (percentagens) de mais este estudo e não consegui retirar as mesmas conclusões divulgadas, e não é por burrice ou faciosismo.
Se 61,7% dos portugueses inquiridos pensa que a austeridade está a afundar o país, económica e socialmente, quer dizer que a maioria absolutíssima tem consciência de que “isto” mata e que ninguém gosta de ser condenado à morte, quando é inocente.
Se 63,6% dos portugueses inquiridos pensa que “isto” vai continuar por uns anos, quer dizer que a maioria absolutíssima tem consciência de que a prepotência governativa tem uma estratégia, um “exército” e “armas”, desproporcionais às condições de autodefesa de que dispõe.
Se 28,4% dos portugueses inquiridos acredita que a estratégia do governo e as medidas da troika vai equilibrar as contas, quer dizer que apenas uma minoria relativa tem fé nos seus gurus partidários, mas que 21,95% deles já os renega (PSD e CDS somaram 53,35% nas eleições de 2011).
Se 46,4% dos portugueses inquiridos atribui a culpa ao governo, 37,7% a Pedro Passos Coelho e 42,5% à situação exterior ao país e à dívida acumulada (126,6%?), quer dizer que todos eles se excluem de qualquer responsabilidade e que a imputam aos políticos e aos especuladores.
Se 43,2% dos portugueses inquiridos pensa que a situação só será resolvida pela Alemanha, pela troika e por agentes exteriores, quer dizer que estes não apostam neste governo e que os outros 56,8% (ou 126,6%?) também não.
Se 49,3% dos portugueses inquiridos (quase metade da população) pensa que o caminho escolhido não poderia ter sido diferente, quer dizer que a teoria da inevitabilidade foi interiorizada e se 39,3% (quase metade da população) dos portugueses acredita em propostas políticas credíveis que ponham fim à austeridade, quer dizer que não interiorizaram a teoria da inevitabilidade.
Resumindo: “A austeridade mata?” Sim e o povo sabe muito bem quem são os “carrascos”!
Nota – Faz impressão, que
nos tempos de hoje, ainda se façam inquéritos por telefone, quando a maioria da
população tem telemóvel e muita gente nem telefone tem, o que reduz o universo
dos inquiridos a uma população mais envelhecida, deixando a opinião dos jovens de
fora, o que falseia os resultados.
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