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domingo, 7 de julho de 2013

Uma minoria absoluta à frente de um país! (1)

Passos Coelho anunciou hoje apenas 2 alterações no Governo no âmbito do acordo fechado com o CDS: Paulo Portas é promovido a vice primeiro-ministro e Maria Luís Albuquerque mantém-se nas Finanças.
Num governo de coligação, com maioria absoluta, em 2011, em que um partido, o PSD, obteve 33.3% de votos expressos (uma maioria relativa) e em que o CDS obteve 14.3% (uma minoria absoluta), seria “lógico” que quem teve mais votos tivesse mais poder e assim foi até o mais absoluto dos ministros se ter reduzido à sua insignificância, reduzindo à indigência, durante apenas 2 anos, uma nação, um povo, todos nós. E sem pedir desculpas…
Passos Coelho (prepotentemente) substituiu Gaspar por Maria Luís.
Paulo (sentido) demitiu-se do governo por causa da Maria Luís.
Portas (filho de boa gente) “regressa” ao governo, sobe na hierarquia e aumenta a cotação do seu partido e Maria Luís deixa de lhe causar reações.
Se o PR aceitar (há que tempos já aceitou!), teremos uma minoria absoluta à frente de um país, que diz bem da qualidade da democracia que nos servem, servindo-nos conceitos pouco democráticos, a roçar a irracionalidade!
E aí está: Paulo Portas é um verdadeiro artista da bola. É um fura-vidas, um vira-casacas: é um político que se pauta apenas por conveniências (pessoais) - e nunca por convicções. Afinal, quando Paulo Portas anunciou a sua demissão do Governo não estava a pensar no interesse superior do País, não estava a exteriorizar divergências profundas sobre a condução política e a estratégia de Passos Coelho: estava, apenas e só, a tentar reforçar a sua posição política no seio do executivo. Já aqui escrevi que a demissão de Paulo Portas era perfeitamente justificável e compreensível, caso fosse essa realmente a sua intenção: o Governo já não existe há muito tempo e politicamente caminhava para o desastre absoluto. Para além de que, como eu já escrevi aqui há 2 anos (!), Passos Coelho tem um desprezo monumental por Paulo Portas - e o líder do CDS não reconhece (nunca reconheceu!) nenhum talento político a Passos Coelho, pelo que julga que quem deveria ser Primeiro-Ministro seria ele próprio (Paulo Portas). Ou seja, não tenhamos qualquer tipo de ilusão: as divergências entre Paulo Portas e Passos Coelho são insanáveis. Portanto, o entendimento de hoje é apenas uma prorrogação da ruptura definitiva da coligação, uma forma de Passos Coelho evitar o fim brutal e estrondoso deste Governo. Este Governo é como a célebre adivinha da pescada (qual é a coisa, qual é ela , que antes de o ser já o era?) - neste caso, com a seguinte formulação: qual é coisa, qual é ela, que antes de cair, já caiu? É o Governo Passos Coelho/Paulo Portas, pois claro.
2. De facto, a solução hoje encontrada parece uma repetição do pós-crise da TSU: recorde-se que, então, PSD e CDS fizeram igualmente uma declaração conjunta, anunciando a criação de uma comissão de acompanhamento das relações entre os 2 parceiros da coligação. Ui, essa comissão, como os factos demonstram, foi um sucesso! De uma eficácia política tremenda! Enfim... Ao contrário do que Passos Coelho, Paulo Portas e os comentadores habituais do regime passista pretendem fazer crer, as divergências entre os 2 partidos não vão acalmar ou diminuir - vão, isso sim, aumentar. Porquê? Por uma razão muito simples: sempre que PSD e CDS tiverem posições diferentes sobre uma determinada matéria, o vencedor será sempre - inevitavelmente - o CDS. Isto porque Paulo Portas descobriu a forma de obter vencimento em todas as matérias, inutilizando o papel de Passos Coelho. É como as crianças que fazem birra para os pais comprarem um brinquedo ou então para sair à noite - se os pais cedem uma vez à birra, dificilmente conseguirão não ceder posteriormente. A partir de agora, Passos Coelho não fará nada, nada, nada - rigorosamente nada - sem o acordo prévio de Paulo Portas. Consequentemente, Paulo Portas não ascendeu apenas ao cargo de vice-Primeiro-Ministro: ele, de facto, é o novo Primeiro-Ministro de Portugal. Paulo Portas é actualmente o político com mais poder em Portugal. Passos Coelho está refém das suas hesitações, dúvidas (pouco ou nada) metódicas e fraquezas (muitas) políticas.
Posto isto, a opção de Paulo Portas foi desprovida de qualquer lógica? Foi uma pura estupidez? Não: o meu primeiro pensamento sobre esta palhaçada toda foi que estaríamos, de facto, perante uma atitude incompreensível de Paulo Portas. No entanto, após reflectir, finalmente, consegui compreender o que vai na cabeça de Paulo Portas. O pensamento do líder do CDS é o seguinte: o pior período para Portugal já passou - a credibilidade internacional foi recuperada, Portugal já foi aos mercados e tem financiamento assegurado até ao final do presente ano. Portanto, a segunda fase do Governo, até porque previsivelmente a conjuntura internacional vai melhorar, será menos má do que a primeiro: os indicadores não serão tão desastrosos, a economia poderá registar uma melhoria ligeira, o PS terá ainda mais dificuldades para fazer a oposição ao executivo. Portanto, a tendência é para a conjuntura do Governo melhorar - e não piorar. Pois bem, e quem é que vai reclamar os louros destas melhorias? Paulo Portas, claro! Portas espera em 2015 dividir o Governo em dois períodos: o primeiro até à ameaça da sua demissão; o segundo após a ameaça. E concluir que o pós-ameaça foi melhor para o País, graças ao maior peso do CDS e à maior preponderância da sua pessoa na gestão política do executivo. Esta é a verdadeira razão pela qual Paulo Portas fez este teatro todo! Viu que não ia lá a bem - decidiu ir a mal. Agora, nós portugueses, que não queremos saber de jogadinhas politiqueiras, podemos confiar neste homem? E confiar nele para ser número 2 do Governo de Portugal? É evidente que não. Um indivíduo para quem a palavra não conta, é uma pessoa que não se leva a sério. E não pode levar a sério a função que desempenha. Se eu fosse eleitor do CDS, jamais votaria no partido enquanto Paulo Portas fosse o seu líder. Se os portugueses não querem palhaçadas na política portuguesa, já sabem: não podem votar em Paulo Portas. Paulo Portas jamais, em nome da sanidade e da decência da democracia portuguesa! E esta minha opinião é - mesmo! - irrevogável.
João Lemos Esteves
E por causa desta garotada, continuaremos a pagar os mais caros bilhetes de cadeiras, para este circo de 3.ª categoria, com os mesmos protagonistas, os mesmos números de malabarismo, as mesmas “piadas” dos mesmos palhaços e o mesmo apresentador/promotor…
Já falta pouco para assistirmos ao mesmo espetáculo, num anfiteatro aberto, como na antiguidade helénica…
E se entrar em cena um “Cavalo de Troia”, Paulo Portas lá estará infiltrado, à conquista do nosso merecido bem-estar, a Bem da Nação e em defesa da democracia-cristã…

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