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quarta-feira, 10 de julho de 2013

“Depois da tempestade vem…” a tormenta!

João Ferreira do Amaral considera que a instabilidade política no país “é um papão que se está a acenar” porque o que está em causa “é normal num país democrático”.
O economista e professor adiantou que a demissão de ministros, a conversação entre os líderes dos partidos da coligação do Governo e a instabilidade política provocada “é normal” e que não se trata de “golpes de Estado nem de situações de a rua tomar conta do poder”.
Para o professor, “é normal que um Governo de coligação se possa desfazer, se possa compor ou não, e se não se puder compor que haja eleições”.
João Ferreira do Amaral observou que a questão da instabilidade política “afeta os mercados no início porque é uma surpresa, mas depois estabilizarão”, acrescentando que, se houver um outro Governo com a mesma coligação, “a confiança será a mesma da que existia antes”.
Caso haja perspetivas de eleições, o professor frisa que, para os mercados, “isso não significa que se vá entrar em paranoia”, até porque o Partido Socialista sempre se considerou “amarrado ao memorando de entendimento”.
Para o economista, “Portugal é o primeiro caso de insucesso dos programas [de ajustamento]”, porque a Grécia, embora com resultados “desastrosos, foi sempre acusada de não cumprir”. Já Portugal “cumpriu e não melhorou nada a situação”, afirmou.
“Toda a gente sabe que Portugal não poderia voltar aos mercados sem ajuda”, independentemente da instabilidade política, disse João Ferreira do Amaral, considerando que isso significa que o programa da troika “não teve êxito e criou disfunções na economia e no emprego” com as quais vai ser “muito difícil de lidar no futuro”.
“Verdadeiramente e sem margem para dúvidas, porque aqui já não há a desculpa de saber se [Portugal] cumpriu ou não cumpriu”, a situação atual “pode levar a uma reflexão da Europa sobre este tipo de programas”, acrescentou.
A questão da reflexão e da eventual mudança da atuação das entidades europeias tem a ver, segundo João Ferreira do Amaral, com a “consciencialização progressiva de que Portugal chegou a um bloqueio”, ou seja, “já não tem grande capacidade com este programa de consolidar as suas finanças públicas porque a economia já não permite isso”.
Apesar de me inclinar, quase sempre, para concordar com as análises de João Ferreira do Amaral, no caso de tudo o que decorreu na cena política na semana passada, aceito a “normalidade” processual, mas não é fácil aceitar essa mesma “normalidade” no que diz respeito ao comportamento individual dos seus principais intervenientes, por serem pessoais, no caso de Gaspar e por serem estratégias político-partidárias, no caso de Portas, num e noutro caso com absoluto desprezo pelas consequências, a recaírem sobre o país e os cidadãos.
E se é certo, que a “crise” política está a funcionar como ameaça “terrorista”, é preocupante saber-se que mesmo que houvesse (não vai haver) eleições (estou a comentar antes da “decisão” do PR e a agendar para depois) e mudasse o governo (para o PS…) os mercados já sabem que tudo continuaria na mesma, por saber que o Partido Socialista, não sendo do centro, também não é da esquerda e pratica (também, tão bem) políticas de direita, como no passado recente, aceitando um neoliberalismo soft, que se traduz no (pseudo) “pragmatismo” ou 3.ª via (inventada pelo copofónico Blair)…
Importante e denunciador é JFA dizer, sem papas na língua nem “rodriguinhos”, que Portugal é o 1.º caso de insucesso dos programas de ajustamento (desenhados pelas troikas), que não teve êxito, antes gerando um desastre na economia e consequentemente no desemprego, problemas que comprometerão, à la longue, o futuro do nosso país, que só poderá “salvar-se” do afogamento, se os nossos “amigos” (que nos atiraram à água) nos lançarem uma boia de salvação e algum oxigénio…
Faltou nesta análise a exigência de desculpas dos estrategas da desgraça, o ressarcimento aos cidadãos pelos malefícios infligidos, com base numa responsabilização jurídica, que redundou neste progressivo bloqueio a que conduziram Portugal…
Mas se estivermos apenas à espera da boa vontade dos nossos filantropos, bem podemos esperar sentados, a não ser que o “novo” Vice-Primeiro-Ministro tenha paleio bastante para os levar ao confesso, sobretudo ao cumprimento da penitência, o que será difícil, pelas diferenças confessionais entre democratas-cristãos e luteranos/calvinistas… E ainda há os ateus!
Será mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha! Mas haja fé, demais…

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