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domingo, 15 de dezembro de 2013

Iremos ver a tradução do “orgulho social-democrata”?

Sigmar Gabriel (SPD), Angela Merkel (CDU) e Horst Seehofer (CSU)
O partido social-democrata alemão (SPD) anunciou que os seus filiados, em referendo interno, tinham aprovado com quase 76% dos votos o projeto de governo com os conservadores, o que abre o caminho para um 3.º mandato de Angela Merkel como chanceler.
"Faz tempo que não me sentia tão orgulhoso de ser social-democrata", declarou o presidente do partido, Sigmar Gabriel, aclamado por centenas de militantes do SPD, que enalteceu "a democracia direta no partido" e disse que era "uma festa da democracia".
Este resultado põe fim a semanas de árduas negociações para formar um governo de "grande coligação" sob a autoridade da chanceler conservadora, que obteve.
Merkel será reeleita na terça-feira em votação dos deputados do Bundestag.
No início da semana Angela Merkel conseguiu a aprovação do seu partido à coligação com o SPD - dos 181 delegados presentes, apenas 2 se abstiveram - e disse que o compromisso conseguido entre as 2 forças políticas é "aceitável". Mas esta não é a opinião da ala mais jovem do partido, que vê com maus olhos a introdução de um salário mínimo no país e a diminuição da idade de reforma nalguns sectores dos 67 para os 63 anos.
"As negociações não foram fáceis para nós. A coisa mais importante é que com este acordo os alemães estarão melhor em 2017", disse a chanceler no seu discurso, sendo amplamente criticada por ter feito demasiadas cedências a nível social, acomodando algumas reivindicações do SPD, como a introdução do salário mínimo e a dupla nacionalidade para filhos de emigrantes.
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, figura da CDU há décadas, 5 vezes ministro, Schauble, de 71 anos, que conquistou reputação internacional na liderança da política da chancelaria alemã durante a crise da dívida, manterá o cargo no Governo por exigência de Merkel.
O presidente do SPD, Sigmar Gabriel, obterá um grande ministério, reunindo a Economia e a Energia enquanto o líder do grupo parlamentar do SPD, Frank-Walter Steinmeier, deverá ser o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Não há dúvidas de que as coisas na Alemanha funcionam de forma diferente, para melhor, e não custava nada copiar os esquemas, que não aumentam a despesa…A primeira e mais notória diferença está no longo período de negociação para formarem uma coligação governativa, que começou com as eleições legislativas no dia 22 de setembro e o processo termina com a tomada de posse a 17 de dezembro, ou seja, 86 dias, cerca de 3 meses.
Por cá, as eleições realizaram-se a 5 de junho de 2011 e a 21 de junho já o governo tinha tomado posse, ou seja, em apenas 16 dias.
Deve haver diferenças positivas nos resultados entre um processo e outro, por cá já o conhecemos, vamos esperar para ver se na Alemanha cumprem o prometido…
A segunda diferença processual tem a ver com a democracia direta nos partidos, já que quer no SPD, em que os militantes foram consultados em refendo interno, quer na CDU, em que os filiados foram consultados em congresso especial…
Por cá, os chefes decidiram tudo à porta fechada, mandando às malvas a opinião das bases. Toma que é democrático…
A terceira diferença, política, traduz-se nas palavras do presidente do SPD, ao dizer que sente orgulho em ser social-democrata, que pode traduzir-se na coerência da defesa dos princípios orientadores, que foram plasmados no “contrato”, apesar de Merkel ter dito que o compromisso é aceitável (dentro da doutrina do partido), com o “senão” de ter dito que o mais importante é os alemães (e os outros?… que outros?) estarão melhor em 2017, mesmo que criticada por ter feito demasiadas cedências a nível social…
Por cá, nem social-democracia, nem democracia-cristã, nem coisa nenhuma, politicamente uma tentativa de subverter o sistema e socialmente um (muitos) pontapé(s) na sociologia, para não falar de ética…
No fim de tudo, Schaüble, que foi o maestro da política alemã de austeridade para os outros, durante a crise da dívida, manter-se-á no mesmo cargo no novo Governo por exigência de Merkel, o que pressagia a continuação das mesmas diferenças entre o que é bom para os alemães, mas é mau para os PIGS, ou seja austeridade e cortes nos direitos sociais para os “outros” e mais benesses sociais para eles...
Esperemos que o “orgulho SPD” de Sigmar Gabriel, no ministério da Economia e da Energia e de Frank-Walter Steinmeier (que perdeu as eleições para Merkel enquanto presidente do SPD e se demitiu), como ministro dos Negócios Estrangeiros, saibam impor-se e conduzir o Sr. Shaüble pelos caminhos da solidariedade entre os países da União, contra a política de hegemonia e penitência que até agora vigorou contra os mais fracos…
Veremos se vamos ver um pouco do que é, realmente, ser-se social-democrata e se os nossos executivos (executores) aprendem algo mais sobre a doutrina que dizem ser a sua…
Que Deus ajude a Alemanha e que o diabo não nos continue a querer comprar a alma por 2 vinténs…

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