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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Estratégias para os “mais favorecidos” não nos lixarem

Autor do best-seller “A lógica do Cisne Negro”, ensina no seu novo livro como beneficiar com a desordem e o inesperado.
Enquanto toda agente aposta na prevenção de riscos e antecipação de crises, Nassim Nicholas Taleb, professor de riscos no Instituto Politécnico da Universidade de Nova York e autor do best-seller “A lógica do Cisne Negro: o impacto do altamente improvável”, ensina como beneficiar com a desordem.
Taleb chama de “cisnes negros” grandes acontecimentos que são inesperados e que trazem consigo grandes consequências. “Nós nunca vemos os cisnes negros a chegar, mas quando chegam transformam o mundo profundamente”, diz Taleb, que usa como exemplos os ataques terroristas de 11 de setembro, a I Guerra Mundial e a internet.
Em artigo publicado no jornal americano “The Wall Street Journal”, Taleb apresenta os argumentos do seu novo livro - ainda sem edição em português - “Antifragile: things that gain from disorder” (“Anti frágil: coisas que ganham com a desordem”, em tradução livre) no qual afirma que ao contrário de desenvolver melhores métodos para prever os “cisnes negros” deveríamos criar instituições que não desmoronassem ao depararem-se com eles ou que, melhor ainda, possam tirar proveito deles.
Explica que para lidar com cisnes negros, é preciso coisas que ganhem com volatilidade, variabilidade, stresse e desordem. A essas qualidades, Taleb dá o nome de “anti frágil” que, segundo ele, se assemelha aos pacotes financeiros que beneficiam com a volatilidade do mercado chamados de “long gamma” pelos traders.
O autor defende que aprendendo os mecanismos de “anti fragilidade”, pode tomar-se melhores decisões sem a ilusão de ser capaz de prever o próximo grande acontecimento. E dá a receita de como estabelecer a “anti fragilidade” como o princípio da nossa vida socioeconómica.
1. Pense na economia como um gato e não como uma máquina de lavar
Na visão atual, o mundo funciona como uma máquina de lavar sofisticada, que precisa de alguém para o guiar e o proteger porque não pode sobreviver sozinho. Já um sistema natural ou orgânico é “anti frágil”: precisa de certa dose de desordem para poder desenvolver-se. “Os problemas escondem-se na ausência de stresse e, quando acumulados, podem tomar trágicas proporções”, diz Taleb.
2. Prefira negócios que beneficiem com os seus próprios erros e não aqueles cujos erros se infiltram no sistema
Alguns tipos de negócio e de sistema político respondem ao stresse melhor do que outros. A indústria de aviação, por exemplo, é organizada de tal forma que fica mais segura a cada acidente de trânsito. Esse tipo de indústria é “anti frágil”: a empresa beneficia da fragilidade dos componentes individuais.
Já no sistema bancário, acontece o oposto: cada banco que vai a falência enfraquece o sistema financeiro, que, na sua forma atual, é irremediavelmente frágil e em que os erros se tornam cada vez maiores e ameaçadores. Ele defende que um sistema financeiro reformado eliminaria esse efeito dominó, sem permitir que as falhas individuais atinjam todo o sistema. “Um bom ponto de partida seria reduzir o débito e a alavancagem”, diz Taleb.
3. O pequeno é bonito (“Small is beautiful”), mas também é eficiente
O tamanho produz benefícios visíveis mas também esconde riscos e aumenta a exposição à probabilidade de grandes perdas. Segundo Taleb, é preciso distribuir decisões e projetos entre tantas unidades quanto possível, o que reforça o sistema espalhando os erros por uma ampla gama de fontes.
4. Tentativa e erro é melhor do que o conhecimento académico
Coisas que são “anti frágeis” adoram aleatoriedade e incerteza, o que também significa que elas podem aprender com os seus erros, diz Taleb. Segundo ele, há um requisito crucial para alcançar a anti fragilidade: o potencial custo dos erros tem que ser pequeno, enquanto o potencial ganho tem que ser grande. É a assimetria que permite que os “anti frágeis” beneficiem da desordem e da incerteza. Além disso, defende que a inovação não depende de instruções teóricas o que ele compara com “ensinar pássaros a voar”.
5. Tomadores de decisão têm que estar envolvidos no jogo
Taleb diz que nunca antes na história da humanidade houve tantas posições de poder designadas para pessoas que não assumem riscos pessoais.
Para Taleb, a solução é simples: no mundo dos negócios, os bónus pagos a gestores de empresas que depois forem à falência devem ser devolvidos. Além disso, deve haver outras sanções financeiras para aqueles que escondam os riscos.

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