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terça-feira, 20 de agosto de 2013

“Somos todos alemães!”

"A Alemanha está a ganhar qualquer coisa como 41.000 milhões de euros com a crise europeia graças à redução dos juros que lhe são cobrados." As conclusões são da revista alemã "Der Spiegel", que ontem fez eco de uma resposta do Ministério das Finanças alemão aos deputados locais, onde a real ideia de solidariedade de Berlim fica evidente: entre 2010 e 2014, com a sucessiva queda dos países europeus sob alçada da troika, os juros cobrados ao governo alemão caíram a pique, fazendo com que todas as previsões tenham saído furadas - mas neste caso os alemães até agradeceram.
Segundo os responsáveis das finanças alemãs, Berlim vai poupar 40.900 milhões de euros (equivalente grosso modo a 25% do PIB português) em juros, entre a despesa que tinha projectado de 2010 a 2014 e aquela em que realmente está a incorrer. Como exemplo veja-se que este ano os alemães projectavam um gasto de 40.600 milhões em juros e empréstimos, que afinal vão ficar-se pelos 31.600 milhões.
Este ganho não advém apenas da quebra dos juros cobrados às emissões de dívida da Alemanha - assustados pelo risco de outras economias europeias, os investidores passaram a emprestar dinheiro a um preço muito mais baixo aos alemães -, o ganho surge também devido à queda das próprias necessidades de financiamento alemãs.
Ao contrário do que acontece na maior parte da zona euro, as contas públicas alemãs têm ganho durante a crise da Europa, já que o emprego, a indústria e as exportações estão a ganhar terreno no mercado europeu, aumentando as receitas fiscais do país.
A entrada de dinheiro nos cofres alemães cresceu de tal ordem, que só entre 2010 e 2012 o governo local acabou por emitir menos 73.000 milhões de nova dívida do que esperava (valor que equivale a mais de 34% da dívida do Estado português).
Os valores avançados pelo governo de Angela Merkel ainda referem que a exposição de Berlim à dívida de curto prazo (mais cara que a de longo prazo) caiu neste período de 71% do total, para apenas 51%, com os alemães a aproveitarem o seu boom económico para mudar substancialmente o perfil da sua dívida.
Apesar de todos estes ganhos, nos números citados pela revista "Spiegel" não estão incluídos, por exemplo, os lucros da Alemanha com os empréstimos feitos à Grécia ou a Portugal. Ainda assim, diz o documento do ministério de Wolfgang Schaüble, até ao momento a crise europeia custou aos alemães 599 milhões de euros - isto quando Portugal vai pagar um total de 34,4 mil milhões de euros só em juros pelo empréstimo solidário da troika, ou seja, os 78 mil milhões da "ajuda" internacional vão custar 112,4 mil milhões aos contribuintes residentes em Portugal.
A economia alemã cresceu 0,7% no 2.º trimestre deste ano, tendo alguns dos seus ganhos económicos ajudado parcialmente a conter a dimensão da crise nos outros países europeus, com o aumento das importações do país.
Ora aqui está uma ponta das (des)vantagens da crise e que dá a real ideia de solidariedade da Alemanha (e do FMI), que vai beneficiando com o mal dos outros, contrariando o provérbio…
Contas à parte, não deixa de ser extraordinário que tendo os alemães gasto, até ao momento, apenas 599 milhões de euros com a crise europeia, tenham poupado tanta massa, a ponto de não precisarem de pedir tanto quanto pensavam necessário, o que prova que os ventos estão de maré. E se as condições geradas pela “crise” e que foram geridas com tanto proveito, quem seria o tolo que mudaria as circunstâncias, em prejuízo próprio?
E nestes números (com fazem inveja), não estão incluídos os lucros (juros) da Alemanha com os empréstimos solidários que fez à Grécia ou a Portugal, que devemos ter pago atempada e religiosamente, pelo que podemos adivinhar que o nosso 2.º resgate é tão certinho como o Natal em dezembro…
Na parte que nos toca, que vamos (estamos a) pagar 34.400 milhões de euros SÓ EM JUROS pelo empréstimo solidário da troika, que somados aos 78.000 milhões da "ajuda" internacional, como vamos conseguir pagar o somatório de 112.400 milhões, mesmo confiscando todos os contribuintes (mais os funcionários públicos do que os privados, mesmo incluindo os reformados Juízes, Embaixadores, Militares, funcionários da CGD e Políticos subvencionados) se quem trabalha nem ganha para comer?
E mesmo que a solidariedade alemã vá ao ponto de gastar algum do lucro, importando fósforos queimados dos países “à rasca”, para fazer “aumentar-lhes” o PIB (cá está parte da explicação) e fazer de conta que saímos da recessão (nada de euforias), isso só quer dizer que a ilusão pode distrair-nos e ajudar a aceitarmos mais cortes, mais confiscos e mais roubos (é preciso ter cautelas…), para bem da Alemanha.
Como outros slogans, que surgem de vez em quando, no caso, podemos dizer à letra e solidariamente:
“Somos todos alemães!”
Nota – Espera-se que não haja mais nenhum político ou comentador militante, que volte a dizer, cinicamente, e a falar de boas contas, que não há dinheiro para ordenados e reformas, caso assim fosse não haveria dinheiro para pagar tanta dívida (do Estado, da banca, de burlões, mas não dos contribuintes)! 

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