Centristas esperam que Paulo Portas se volte a candidatar a líder no próximo congresso em Julho.
Medidas como o aumento do salário mínimo, a protecção dos rendimentos dos pensionistas e a fixação de uma data para acabar com a sobretaxa de IRS são algumas das propostas que figuras do CDS como António Pires de Lima, João Almeida e Adolfo Mesquita Nunes (secretário de Estado do Turismo) vão defender no congresso do CDS, 6 e 7 de Julho, na Póvoa de Varzim.
São propostas inscritas numa moção global a ser subscrita pelos principais críticos centristas da política de finanças do Governo e, mais recentemente, das opções da troika. A estabilização e a recuperação da procura interna são 2 dos objectivos e passam pelo aumento do salário mínimo (que o PSD já mostrou ser contra e a troika também não quer) e a fixação de um calendário para pôr fim à sobretaxa do IRS. A protecção dos rendimentos dos reformados - um dos eleitorados-alvo do CDS - é outra das preocupações da moção. Mais uma vez, o CDS reitera o que Paulo Portas declarou: ser politicamente incompatível com a taxa sobre os pensionistas. Ou seja, se a medida avançar, Portas não tem margem de manobra para se manter na coligação.
A moção tem propostas "que já foram apresentadas pelo Governo e tem outras inovadoras", disse António Pires de Lima, presidente do conselho nacional, que há vários meses critica o Governo por exagerar na atenção às finanças, em contraste com o pouco estímulo da economia. A moção propõe ainda recuperar o investimento privado e dinamizar as exportações, para atingirem 50% do PIB até 2020. "Queremos sensibilizar o congresso para aquilo que devem ser as prioridades do Governo neste novo ciclo mais virado para a economia", referiu.
O texto será assinado, além do presidente do conselho nacional, por João Almeida, que tem sido um dos rostos das críticas ao ministro das Finanças, tal como Adolfo Mesquita Nunes o era como deputado, antes de integrar o Governo, pela deputada Cecília Meireles, antiga secretária de Estado do Turismo e deputada da comissão de Orçamento e Finanças, pelo empresário Leonardo Mathias e por Guilherme Magalhães, antigo porta-voz do partido.
Quem lê estas coisas e se não for de cá, pensará, de imediato, que se trata de um partido da oposição ao atual governo…
Bem se sabe que uma coligação não é um casamento, antes uma união de facto, ou até mesmo um “divórcio” por conveniência, para se pagar menos impostos, mas, caramba! tanto não, porque tem que haver consensos mínimos para a coabitação…
Perante tudo que se tem passado, com todas as consequências maléficas no quotidiano das pessoas, não pode um partido da coligação vir dizer, ao fim de 2 anos de implosão económica e social, que vai centrar o seu futuro político em 2 objetivos, como a estabilização (de quê?) e reivindicar (agora) a recuperação da procura interna, depois de aprovar (até agora) TUDO o que a dupla Gaspar/Passos propôs, contrariando, (in)conscientemente, esses 2 objetivos.
Todas as medidas impostas, pela coligação, aumentaram a instabilidade social, em resultado da baixa de salários e pensões, da facilidade dos despedimentos, do aumento do desemprego, da redução e eliminação de subsídios de subsistência e com a recusa do aumento ridículo (50 cêntimos por dia) do salário mínimo, que redundaram na redução do consumo interno, que extrapolou as razões apontadas para essa instabilidade. Como é que um partido, que está no poder, pode definir como meta o contrário do que tem feito e estando ainda no executivo? Adjetive-se!
E o mesmo se pode dizer sobre a contestação à sobretaxa de IRS, que foi aprovada pela maioria, de que faz parte o CDS. Adjetive-se!
E o mesmo se pode dizer sobre o propósito de proteger os rendimentos dos reformados e pensionistas, opondo-se “firmemente” contra por uma taxa (“TSU”) sobre os pensionistas (de 3,5%), mas estando de acordo (por omissão de parecer) com um corte definitivo de 10%? Demagogia tática!
Ainda por cima, dizem que o partido tem propostas que já foram apresentadas pelo Governo (pensemos que foram as “melhores”) e tem outras inovadoras (ainda “melhores”), que foi pena ter-se esquecido de as propor ao Governo ou este rejeitou-as, que foi o que o CDS não teve a coragem de fazer às más propostas de Gaspar! Adjetive-se!
E apesar de vários militantes do CDS, há pouquíssimos meses criticarem o Governo pela obsessão compulsiva pelas finanças, sem qualquer estímulo à economia, antes destruindo o tecido empresarial português, intencionalmente, vem 2 anos depois (são todos lentos), dizer que vai fazer propostas para recuperar o investimento privado (que vai durar anos) e dinamizar as exportações, que vão ondeando ao sabor do acaso e não ao saber do executivo…
Como dizem os brasileiros, o CDS anda “em cima do muro”, não se sabe se com receio de se afogar com qualquer enchente ou sem saber para que lado saltar ou como tática política, que em português se diz, anda “no fio da navalha”, com medo de os cortar… Adjetive-se!
Resumindo, podemos contar com mais do mesmo, não só nas medidas que nos são impostas, à bruta e inconstitucionalmente, mas com a mesma performance do 2.º ator desta tragicomédia (revista) à portuguesa…
Valha-nos o Papa Francisco, mas nem ele consegue converter os “verdadeiros democratas-cristãos”…
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