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domingo, 9 de junho de 2013

O rugido de um dragão sequioso…

Na sequência da iniciativa da Comissão Europeia de taxar as importações de painéis solares chineses, Pequim decidiu lançar uma investigação sobre as condições dos vinhos europeus que importa. E se os 27 não entenderem a mensagem, outras medidas de retaliação se seguirão, adverte o jornal oficial chinês.
A decisão da China de lançar uma averiguação sobre preços artificialmente baixos e recurso a subsídios nas importações de vinho da União Europeia indica que o país vai proteger os seus interesses económicos – e tem muitas cartas na mão para o fazer.
O Ministério do Comércio comunicou que abriu a investigação a pedido dos produtores de vinho locais. A medida veio no seguimento da decisão da UE, na terça-feira, dia 4, de impor uma tarifa inicial de 11,8% sobre as importações de painéis solares, telemóveis e bolachas da China. Se os 2 lados não chegarem a um acordo em agosto, a tarifa passará para mais de 47%, em média.
Esta decisão da UE deparou-se com uma forte oposição da China e grande número de empresas europeias irão sofrer com isso. A investigação ao setor dos vinhos serve de aviso de que não serão apenas as empresas europeias do fotovoltaico as vítimas, se a União Europeia mantiver a sua atitude protecionista.
Retaliações e piores perspetivas económicas
A crise da dívida que se arrasta na Europa tem afetado a sua vitalidade económica, mas o protecionismo não é solução: só irá provocar retaliações olho por olho e piorar as perspetivas económicas.
A China tem feito esforços incessantes para sanar a questão, entabulando negociações com a UE; e já deixou claro que pretende resolver o problema com conversações e negociação, não através de uma guerra comercial.
Mas, ao impor esta tarifa sobre as importações chinesas, a União não demonstrou uma intenção semelhante. A iniciativa vai causar um grande número de encerramentos de empresas na China, que não tem opção senão retaliar.
430 milhões de litros de vinho da UE
As exportações de vinho não são seguramente tão importantes para a UE como as de material fotovoltaico para a China. Em 2012, mais de 2/3 dos 430 milhões de litros de vinho importado pela China tinham proveniência na UE, com uma faturação de mais de 1.000 milhões de dólares [€764 milhões]; enquanto a China exportou 27.000 milhões de dólares [€20.600 milhões] de painéis solares para a União.
Mas a investigação sobre as importações de vinho pode ter sequência em mais iniciativas, se a UE continua a ignorar os interesses da China. As importações totais da China a partir da União Europeia atingiram 212.000 milhões de dólares [€162.000 milhões] no ano passado, o que dá muito espaço de manobra a Pequim.
Agora, a bola está no campo da UE. É preciso mostrar vontade de resolver a questão nas próximas negociações. Transformada num dos principais alvos de acusações de beneficiação de preços por parte de outros países, a China precisa agora de começar a mostrar mais os dentes, para proteger os seus legítimos interesses.
Visto de França - Uma taxa chinesa sobre o vinho seria “catastrófica”
Para os viticultores franceses, a ameaça de Pequim de impor uma taxa aduaneira sobre os vinhos europeus provocou imensas preocupações, porque a China é atualmente o primeiro mercado de exportação de Bordéus, realça o jornal Les Echos que fornece valores que o confirmam:
Com o equivalente de 48 milhões de garrafas, representa hoje em dia 22% das exportações, chegando aos 27%, se incluirmos Hong Kong […], 2,5 mais do que o mercado alemão. Quanto às vendas em termos de valor, geram 565 milhões de euros, resultando num total de 26%.
Para La Croix, as consequências de uma taxação do vinho europeu pela China seria uma verdadeira “catástrofe” para os viticultores de Bordéus, que “receiam” tal eventualidade, uma vez que a viticultura envolve 55.000 empregos na região:
Falências de produtores e de comerciantes e, por consequência, perdas de emprego surgirão se os chineses ganharem este braço de ferro.
Por fim, Les Echos recorda que a China exerce também essa atividade no sudoeste da França, onde investidores chineses possuem mais de 50 propriedades.

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