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sábado, 22 de junho de 2013

A propósito de transportes públicos, por cá…

A CP perdeu 14.000.000 de passageiros e 2.200.000 de euros de receitas, em 2012, de acordo com o relatório de contas que está para aprovação pela tutela e já foi disponibilizado na intranet da empresa há um mês.
Os resultados operacionais da CP melhoraram em 2012, de 39,4 para 45,6 milhões de euros, porém, a CP ainda apresentou um resultado líquido de -223 milhões de euros, dado que o serviço da dívida da empresa já "come" 93% dos proveitos.
O aumento da despesa em juros e gastos similares ascendeu, em 2012, a 194,9 milhões de euros - mais 3,6% do que em 2011 e mais 17,5% do que em 2010.
Apesar de serem os juros a representar a maior despesa da CP, o vice-presidente, Vicente Pereira, atribui ao "elevado número de greves que ocorreram durante todo o ano" uma fatia de responsabilidade na perda de passageiros.
A CP estima que a greve tenha feito perder 2.800.000 de passageiros e 8.500.000 de euros de receitas. "Mas, este ano, ainda não houve greves e até ao início de junho a CP já perdeu 8.000.000 milhões de euros", contrapõe José Reizinho, coordenador da Comissão de Trabalhadores. A Administração da CP escusou-se a comentar as contas ou a situação atual em termos de passageiros.
Durante o ano passado, a CP despendeu 62,5 milhões de euros com o pessoal, menos do que os 73,7 milhões de euros de 2011 e entre 2010 e 2012, os trabalhadores da CP receberam, em média, menos 22,6% de remuneração.
"Estamos preocupados com o futuro desta empresa", comenta Reizinho e acrescenta: "A má gestão resulta em cada vez menos passageiros e menos receita, porque a aumentarem os preços como aumentaram e diminuírem a oferta não vamos de certeza captar mais passageiros".
Os famosos "swap" contribuíram também para o agravamento da dívida da CP, com perdas potenciais de 135.000.000 de euros. Durante o ano passado, a CP assimilou na dívida outros valores da mesma natureza que, em 2011 perfizeram 13.619.000 milhões de euros.
Por muito menos, o Brasil está em polvorosa…
No caso, nem interessa fazer muitas contas nem muitas análises, porque uma empresa (pública ou privada) em que 93% dos seus proveitos são para pagar os juros da dívida, até nos convence que o melhor é mesmo desfazermo-nos dela (privatizá-la), se houver um comprador (filantropo) disposto a subsidiar o nosso “serviço público”, espécie que já se extinguiu há muito…
Claro que os administradores atribuem os défices às greves e os trabalhadores dizem que se devem à má gestão.
E olhando para os números, fazendo umas simples contas com a regra de 3 simples, o valor dos “prejuízos” das greves não bate certo, o mesmo acontecendo com os prejuízos globais, se os valores estiverem corretos.
Repare-se: num ano, menos 14.000.000 passageiros dão um prejuízo de 2.200.000 de euros e durante as greves, menos 2.800.000 de passageiros dão um prejuízo de 8.500.000 de euros? Feitas as tais contas, ou as greves deram (apenas) um “prejuízo” de 440.000 euros, ou o prejuízo anual foi de 42.500.000! Estes matemáticos!
Mas pelos vistos, do que não há dúvidas é que houve “investimentos” na CP, mas não só, que contribuíram para esta baralhada, que parece ter mais a ver com as Administrações e que se deveria ter que haver dos respetivos administradores…
Já não falo dos aumentos de preços na CP, mas não só, que este ano foi de 3,5% nos passes e de 4,5% no global das tarifas, para não incendiar os ânimos…
O caso dos swaps, o próximo corte no Funcionalismo Público, o fim do crédito à habitação e a proposta de António José Seguro para o desemprego analisados por João Palma-Ferreira.

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