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domingo, 2 de dezembro de 2012

Ideias? Quer dizer… um monte de cacos!

Na entrevista que deu à TVI, Pedro Passos Coelho voltou a afirmar a sua convicção de que o rumo que o Governo está a seguir é o mais adequado para o futuro do país. Leia as 10 (11) principais afirmações do primeiro-ministro, que, por exemplo, não exclui os copagamentos no ensino secundário.
Miguel A. Pinto
1.  Crise política. Passos Coelho recusou que o Governo esteja fragilizado e que possa cair  a curto-prazo, mesmo levando em linha de conta a contestação em torno do Orçamento para 2013, inclusivamente no seio da coligação.
"Governo não está em crise, não está para cair. Há, houve e sempre haverá tensões e dificuldades, mas o Governo tem o cimento suficiente para não gerar crise no país."
O cimento é tanto, devido à crise e ao enorme desemprego do setor da construção civil …
2.  Hierarquia do Governo. Para o primeiro-ministro não há grandes dúvidas: Vítor Gaspar é mesmo o número 2 do Governo, relegando o líder do CDS-PP, Paulo Portas, para a 3ª posição. Uma declaração que alguns analistas acreditam poder aprofundar o mal-estar que tem vindo a medrar entre os parceiros da coligação.
"O número 2 do Governo é o ministro das Finanças e o número 3 é o ministro dos Negócios Estrangeiros [Paulo Portas]."
O número 1 é Angela Merkel…
3.  Educação paga? Apesar de a Constituição determinar todo o ensino secundário como obrigatório, Pedro Passos Coelho não coloca de parte a possibilidade de também serem cobradas propinas a este nível. Para o primeiro-ministro, tal não colide com os preceitos constitucionais.
"Na educação podemos ter um sistema de financiamento mais repartido."
A repartição faz-se através do financiamento das escolas privadas com o dinheiro público…
4.  Estado Social. Com os cortes na despesa no horizonte, o primeiro-ministro foi claro ao afirmar que não resta alternativa que não cortar nas funções desempenhadas pelo Estado Social, recusando no entanto a ideia de que se está a subverter a forma como o Estado apoia os seus cidadãos.
“Temos que mexer nas pensões, nas despesas de Saúde e nas despesas de Educação.”
Lixando-se para a Constituição e confiscando os bens de quem os confiou ao Estado durante uma vida…
5.  Os 4 mil milhões. O Governo acordou com o FMI a apresentação de um plano de cortes na despesa no valor de 4.000 milhões de euros. Pedro Passos Coelho não adiantou qualquer tipo de medida a tomar, remetendo para Fevereiro de 2013 tal anúncio. No entanto, começa a perceber-se que o tempo urge e que talvez este prazo tenha que ser alargado até ao verão.
"Não vou anunciar [nenhum dos cortes]. A decisão pode ser tomada até Fevereiro do próximo ano. Apresentamos propostas em Fevereiro, mas o debate vai continuar até final do Verão. Se as propostas no final do processo forem melhores substituiremos."
Porque ainda não sabe a tática, que vai ser a torto e à bruta, para depois reduzir e agradecermos a poupança…
6.  Grécia. O acordo a que o Eurogrupo chegou relativamente à Grécia poderá ter efeitos positivos em Portugal. Quem o disse foi o próprio presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, mas Passos Coelho não acredita que o que foi decidido tenha um impacto por aí além no nosso país. Seja dando mais tempo, seja baixando os juros a pagar.
“Impactos do acordo da Grécia não são assim tão relevantes. Não vou renegociar o memorando."
Se fosse a sério, era o único (mais o Gaspar) a recusar a benesse, mas como era a brincar, safou-se e tramamo-nos nós…
7.  Emigração. Ficou quase para o anedotário nacional o “apelo” à emigração feito por alguns membros do Governo. E  a verdade é que se assiste a um fluxo migratório quase só comparável ao que ocorreu na década de 1960. Os portugueses fogem à crise e à falta de trabalho, algo que o primeiro-ministro encara com naturalidade.
"As pessoas estão à procura de oportunidades que não encontram em Portugal. Gostaria que estivéssemos já a gerar essas oportunidades, mas não é o Governo que gera os empregos."
Se o Governo não gera empregos e não presta os serviços básicos de um Estado de direito, para que presta?
8.  Orçamento. A violência fiscal plasmada no Orçamento de Estado para 2013 não comove Pedro Passos Coelho, que vê o documento como fundamental para o Governo atingir as metas a que se propôs. Mesmo que o desemprego continue em crescendo e todas as previsões de recessão económica estejam claramente acima daquilo que o Executivo admite.
“Este orçamento será uma garantia de que vamos cumprir o plano de ajuda e de que vamos voltar aos mercados.”
O do ano passado também tinha os mesmos objetivos e foi aquilo que se viu (ou não viu)…
9.  Derrapagem. Não obstante todos os cortes, o ano que agora caminha para o fim foi dramático para as contas públicas. As previsões do Governo não se cumpriram, obrigando a negociar com a troika a revisão das metas do défice para este ano. Passos diz que foi surpreendido.
“Em 2012 tivemos surpresa orçamental. As metas sobre receitas fiscais e IRC falharam."
Não foi surpresa para ele (qualquer um sabia) e não será para o ano, caso contrário não agravaria as mesmas causas…
10.  Em negação? Pedro Passos Coelho tem vindo a ser acusado pela oposição de estar em estado de negação e de não olhar para os problemas reais do país. O primeiro-ministro nega que não esteja atento ao que passa. Mesmo com quase tudo a cair à sua volta.
"Se estivesse em estado de negação não tinha consciência da realidade e penso ter boa consciência da realidade".
Pensa ter consciência da realidade, mas a consciência da realidade não é a realidade…
11.  Desemprego. Os valores não mentem, a tendência de crescimento não dá sinais de se inverter. O desemprego é o maior drama que afecta os portugueses, mas Passos Coelho acredita que haverá mesmo uma luz ao fundo do túnel.
"Com certeza que chegaremos lá vivos, mas eu sei que custa muito e custa muito no desemprego. O desemprego jovem é uma brutalidade".
A brutalidade é o próprio governo, que não gera emprego, gerar desemprego e pobreza e insistir em dizer-nos que haverá uma luz ao fundo do túnel, que afinal todos sabemos que é a de um comboio que nos trucidará…

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