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sexta-feira, 27 de julho de 2012

…ou seja, vendem os restos aos países pobrezinhos!

Euromitos (4/10)
Na sua qualidade de um dos maiores contribuintes líquidos para a UE, os holandeses pagam efetivamente, como gostam de sublinhar os eurocéticos, "milhares de milhões de euros" para os cofres de Bruxelas. Obtêm alguma coisa em troca? O semanário De Groene Amsterdammer tenta descobrir se obtêm ou não, na sua série de artigos sobre os ‘euromitos’.
Qual é a nossa contribuição e o que recebemos em troca, sob a forma de subsídios à agricultura e de ajuda às regiões mais pobres, como a Flevolândia? Essa determinação deverá ser feita através de uma simples análise custo/benefício. Há anos que a Holanda é um dos maiores contribuintes líquidos para a Europa. Mais de 200 euros anuais por cidadão holandês, num total de 3,6 mil milhões, mas menos do que a Suécia ou a Alemanha, por exemplo.
Contudo, a questão é se os benefícios correspondem apenas aos poucos milhares de milhões de subsídios de Bruxelas. Na verdade, segundo alguns estudos, a Holanda tem beneficiado tanto da Europa que a contribuição líquida é insignificante. "Temos que encarar a contribuição como uma espécie de taxa pelo mercado livre", diz Hans Vollaard, professor de Ciência Política em Leiden.
Lucros maiores
E essas receitas foram calculadas, de forma bastante acurada, em 2011, pelo Gabinete de Análise da Política Económica da Holanda: em média, o mercado interno livre garante aos holandeses um mês de salário por ano e o euro um máximo de uma semana de salário. Ou seja, bastante mais do que a contribuição líquida. Como é isso possível? 
O professor de Finanças Harald Benink diz: "2/3 do nosso produto nacional provêm das exportações. 3/4 dessas receitas vão para a Europa. O mercado livre é extremamente importante." É difícil estimar qual o volume de comércio que existiria sem o mercado interno, mas Benink não considera que os resultados tenham sido exagerados.
Muitos dos outros estudos apresentam benefícios ainda mais elevados. Nico Groenendijk, professor de Política Económica Europeia, sublinha, por outro lado, que a questão vai além das vantagens mensuráveis; os ganhos em termos de segurança e estabilidade são incalculáveis.
No entanto, esses "ganhos" suscitam algumas dúvidas. A Holanda, no seu todo, poderá sair beneficiada, mas não se pode dizer o mesmo em relação a cada cidadão neerlandês individualmente. Vejamos o caso dos trabalhadores da construção que perdem os seus empregos em favor dos estucadores polacos.
O negócio é melhor para os países ricos
A pergunta que os eurocríticos colocam mantém-se: porque terá a Holanda de pagar uma contribuição maior do que a de outros países, pelo acesso ao mercado interno? A resposta é quase sempre que se trata de uma questão de solidariedade, de ajudar a pagar pelo desenvolvimento das regiões mais pobres. Mas, na realidade, o mercado interno é, frequentemente, melhor negócio para os países mais ricos do que para os países mais pobres.
Josef Janning, diretor de estudos do Centro de Política Europeia, diz: "Um país como a Alemanha beneficia mais: pode exportar à vontade, quando, de outra forma, ficaria sujeita às restrições das fronteiras nacionais e do sentimento antialemão. Os países mais desenvolvidos podem escoar produtos retirados do mercado para países menos desenvolvidos. Isso aplica-se às exportações holandesas." Por outras palavras: podemos ser um contribuinte líquido mas, em muitos aspetos, também obtemos ganhos líquidos.

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