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quinta-feira, 26 de julho de 2012

As mesmas causas (sem CAUSAS), os mesmos efeitos!

Segundo economistas, institutos e professores universitários de todos os partidos inquiridos pela AP, é esperado que o Censo de 2011 indique um aumento da taxa de pobreza a nível nacional para os 15,7%, o valor mais elevado desde 1965. Isto significa que cerca de 47.000.000 de norte-americanos se encontram abaixo da fasquia de pobreza - que é de ter um rendimento anual inferior a 9.200 euros - necessitando de apoio estatal para manter um nível de vida mínimo.
Os peritos notam que a pobreza está a espalhar-se a um nível alarmante através de muitos grupos sociais, estando associada de perto ao aumento do desemprego. Isto porque, embora a taxa de desemprego tenha recuado dos 9,6% em 2010 para os 8,9% em 2011, a verdade é que o número de pessoas empregadas se manteve sensivelmente igual, uma vez que a descida da taxa só se ficou a dever ao facto de cerca de 9.000.000 de desempregados terem desistido de procurar trabalho, o que levou a sua saída dos números oficiais do governo. Ao mesmo tempo, mais milhões de trabalhadores, em desespero, aceitaram postos de trabalho que pagavam bastante menos do que o seu emprego anterior.
"A questão é que o verdadeiro ‘tsunami' de empregos de baixo salário que estamos a registar está a arrastar milhões para a pobreza, e este problema salarial não vai passar tão cedo", lamenta à AP Peter Edelman, director do Centro sobre a Pobreza de Georgetown. Os especialistas estimam ainda que a pobreza deverá manter-se acima do nível de 12,5% existente antes da crise por muitos anos, devendo superar os 16% até 2014, ao mesmo tempo que o número de trabalhadores ‘part-time' e os níveis de pobreza infantil irão superar os 22% registados em 2010.
Esta questão vai pesar fortemente na eleição presidencial, em particular porque o candidato republicano, Mitt Romney, é visto como um defensor dos direitos dos ricos, enquanto Obama quer aumentar os programas de ajuda aos pobres.
São resultados de molde a arrepiar qualquer cidadão com sensibilidade social mediana.
Os resultados do inquérito do INE às condições de vida e rendimento em 2010 dizem-nos, em síntese, que os indicadores de pobreza se agravaram apesar da redução do valor nominal do limiar considerado, que mais de 1.800.000 (16,7%) pessoas estavam abaixo desse limiar, que a taxa de risco é mais elevada nas famílias com crianças dependentes (os homens e mulheres de amanhã), que a população em risco de pobreza e exclusão social ascendia a mais de 2.500.000 (23,3%) cidadãos, que sem pensões e prestações sociais teríamos naquela situação cerca de 4.500.000 (41,9%) pessoas e que se agravou a desigualdade na distribuição do rendimento.
São resultados de molde a arrepiar qualquer cidadão com sensibilidade social mediana. Mas não olvidemos que se referem a 2010, antes do programa de resgate que impõe austeridade brutal sobre os cidadãos, com o aumento do desemprego e a redução do número de desempregados com subsídio, o congelamento e redução das pensões, do abono de família, do rendimento social de inserção, do complemento solidário para idosos, a redução dos salários,…
Imaginemos o que nos dirá o inquérito relativo a 2012. Todos temos o dever de o fazer, em especial os responsáveis pelas políticas prosseguidas e seus apoiantes. Não para anteciparmos o que será o quadro negríssimo do país quanto à pobreza, mas para que se medite e inverta esta corrida criminosa para a desgraça crescente.
No mínimo dos mínimos mais mínimos, que se inverta a situação de Portugal ser o país em que é mais regressivo o peso das medidas de austeridade, que atingem fundamentalmente os que menos têm e mais necessitam.
Miguel Torga escreveu que ao país "falta-lhe o romantismo cívico da agressão" e "somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados". Até quando?
Octávio Teixeira, Economista

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