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sábado, 28 de julho de 2012

A Economia (paralela) Social de vento em popa…

Há famílias que garantem poupar um salário com a ajuda dos avós na educação dos netos, um cálculo que está a ser feito por investigadores nacionais que querem saber quanto vale um idoso.
No Centro de Administração e Políticas Públicas, uma equipa de investigadores está a tentar descobrir o valor económico dos mais velhos e espera conseguir ter resposta à questão dentro de 2 anos.
Nestas contas entram “desde o trabalho doméstico, a ficar com os netos ou o trabalho desenvolvido pela população da província que nunca deixa de trabalhar”, explicou Fausto Amaro, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP). “Quando um avô toma conta de um neto, a família economiza um salário. Além do bem-estar e segurança que um idoso representa, há uma vantagem económica”, sublinhou o investigador.
Em 2010, cerca de 274.000 crianças frequentavam o pré-escolar. De fora, estavam quase 454.000. Nos infantários das Instituições de Solidariedade Social, as mensalidades rondam os 300 euros, sendo gratuitas para as famílias carenciadas. No privado, os valores podem ultrapassar os 400 euros mensais.
Muitas famílias encontram nos avós uma solução para os filhos. Joana Fonseca, 42 anos, tinha comprado casa há pouco tempo quando o Salvador nasceu. “Na altura, se tivesse de colocar o Salvador numa creche teria de fazer uma mudança radical na minha vida. Um berçário em condições custa em média 400 euros. Como ficou em casa dos avós, poupámos essa mensalidade”, recorda a mãe, sublinhando que a opção foi vantajosa para o desenvolvimento emocional da criança.
“Os idosos não podem ser vistos como um encargo, mas como uma oportunidade”, defendeu o investigador, lembrando que “os mais velhos podem ser muito úteis e produtivos. Não são descartáveis”.
Para as famílias que têm crianças na escola pública, o problema coloca-se todos os anos, quando as férias se aproximam: os trabalhadores têm 22 dias de descanso e as crianças do 1º ciclo têm 102 dias. “Os avós são o meu suporte. Quanto tenho de ficar a trabalhar até mais tarde, vão buscar as miúdas à escola. E nas férias também conto com eles. Todos os obrigados do mundo nunca serão suficientes para lhes agradecer”, admite Helena Marques, mãe de 2 meninas.
Segundo dados do Eurostat relativos a 2010, 1 em cada 4 mulheres com mais de 50 anos deixa de trabalhar, alegando responsabilidades pessoais e familiares. 1 em cada 4 crianças diz que os avós os vão buscar à escola, revela a investigação “Relações Intergeracionais: Um estudo na área de Lisboa”, realizado no ano passado num jardim de infância de Alenquer.
Quem não tem um “avô” por perto pode ter de recorrer às actividades de tempos livres. As escolas e autarquias têm programas mas, na maioria dos casos, não ocupam todo o período de férias. Em Lisboa, por exemplo, o município ofereceu 10 dias de praia a 5.000 crianças entre os 6 e os 12 anos. Terminado o programa municipal, muitas famílias tiveram de procurar actividades em instituições privadas, que rondam em média os 100 euros semanais.
Atualmente, “perante as dificuldades dos jovens, muitos pais e avós acabam por ajudar financeiramente os filhos”, sublinha o investigador do ISCSP. É o caso de Isabel Ribeiro, 26 anos, que vive no Algarve com a sua filha. Mariana vê os avós poucas vezes, mas conta com a sua ajuda para pagar o colégio.
Para o presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, Fernando Castro, o valor do apoio dos avós “não é traduzível em euros, porque as coisas mais valiosas não tem preço”.
Parece que no passado dia 26 se comemorou (para lembrar) o dia dos avós e por isso…
Tendo em conta a existência da chamada Economia Social, temos que concluir que mesmo nesta área existe uma “economia paralela”, mas no caso com vantagens múltiplas, quer para as famílias, quer para o Estado.
Se realmente em 2010 havia 454.000 crianças fora do pré-escolar, apreende-se uma poupança enormíssima do Estado em comparticipações, para além da poupança de cerca de 1.600 milhões de euros às famílias, reduzindo os sacrifícios a que são cada vez mais obrigadas a fazer…
E por isso, sendo os avós os prestadores desses “serviços” e por serem (de certeza) todos aposentados, é mais uma injustiça a somar ao confisco dos dois meses da sua reforma, que para além de terem cumprido um contrato e pelo mesmo terem sido obrigados a fazer os respetivos descontos, ficam assim impedidos de levar os netos para umas feriazitas curtas e de lhes comprar uns “miminhos” para os que os mimos não bastam…
Amor com desamor se paga!

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