Quem, como eu e a generalidade dos portugueses, não percebe nada de Finanças nem consta que tenha biblioteca e ouve repetidamente dizer, ao fim de um ano de inauditos sacrifícios, desemprego, miséria e fome, que "estamos no bom caminho", acabando por descobrir que afinal, em Março, a dívida pública portuguesa cresceu mais 26 mil milhões em relação a Março de 2011 (reinava então Sócrates, cognominado pelo actual Governo de "o Gastador"), perguntar-se-á legitimamente onde irá dar o "bom caminho".
Mas talvez, quem sabe?, seja assim que se combate a dívida, aumentando a dívida. Como o desemprego se combate facilitando e embaratecendo os despedimentos e destruindo emprego.
Dir-se-á que nem eu nem os portugueses mais pobres cuja existência tem sido imolada no altar da dívida, somos economistas, do mesmo modo que o menino que não conseguiu ver a fatiota invisível do Rei e gritou "O Rei vai nu" não era, obviamente, alfaiate. Mas quem escute as homilias diárias dos alfaiates da política de austeridade demonstrando, mediante equações só acessíveis a pessoas inteligentíssimas e com vastas bibliotecas, que "não há alternativa", esperaria ver o Rei, já não digo com sapatos novos, mas ao menos um pouco mais apresentáveis do que há um ano.
Sobretudo depois de, em Janeiro, o alfaiate-mor ter anunciado no Parlamento que 2012 seria o "ano de viragem económica para o país".
Manuel António Pina
A Associação Nacional de Proprietários prevê a penhora de milhares de casas por dívidas IMI. Para o presidente da associação, esta vai ser a consequência dos extraordinários aumentos previstos para o IMI que vão agravar o valor anual a pagar pelos proprietários. "O aumento pode atingir os 400% cento", sublinha. As receitas do IMI subiram, nos últimos 11 anos, 128%, atingindo 1,1 mil milhões de euros em 2011. O aumento do IMI consta do memorando da troika.
Ribeiro e Castro, deputado e ex-líder do CDS/PP, defende que Portugal deve renegociar os juros da dívida com a troika e que essa ser a contrapartida principal pelo facto de Portugal estar a cumprir com o acordo assinado.
Considerou ainda que as renegociações das PPP têm que ser feitas rapidamente e que o que se fez até agora neste âmbito é muito pouco. O deputado contraria assim a tese oficial da maioria que tem insistido na ideia de que a renegociação não é necessária e diz ainda que o Governo deve cortar nas “rendas excessivas, designadamente na EDP. A Comissão Europeia voltou a colocar o assunto na agenda e muito bem”.
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