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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Eles insistem e a austeridade persiste. E faz sentido?

“Não é divertido ser primeiro-ministro de um país devedor, sem a sua própria moeda” e “Espanha não tem opções fáceis”. Paul Krugman inicia assim um artigo de opinião intitulado “A dor inútil de Espanha”, no The New York Times referindo-se ao novo pacote de austeridade anunciado na pelo chefe de Governo, Mariano Rajoy, que inclui, entre outras medidas, aumento do IVA, corte do subsídio de Natal para os funcionários públicos, senadores e deputados e redução do subsídio de desemprego a partir do 6º mês.
Crítico acérrimo da austeridade, o Nobel da Economia diz que a austeridade anunciada em Madrid não faz muito sentido. Vai “claramente aprofundar a recessão”. Então, questiona, “a que propósito? Vai servir de alguma coisa”?
Para Krugman, Espanha enfrente um problema a 3 níveis: o mais problemático é o dos bancos, depois o problema da dívida soberana que é tão grave porque tem um outro subjacente - o da competitividade. “Espanha precisa de aumentar as exportações para compensar os empregos perdidos quando a bolha imobiliária rebentou. E enfrenta anos de uma economia altamente deprimida”, com os salários a caírem “bastante em relação ao resto da Europa para atingir o ganho necessário para a competitividade”.
O Nobel da Economia até admite que a austeridade pode servir para baixar o défice, mas não será numa ordem de grandeza que vá fazer “grande diferença para as perspetivas orçamentais de longo prazo ou para restaurar a confiança dos investidores”.
“E sobre a competitividade? Sejamos francos e brutais: a estratégia europeia é basicamente para que países devedores atinjam uma deflação relativa por via de um desemprego elevado”.
E o que Rajoy está a fazer é a “impor uma austeridade ainda mais dura, que irá aumentar o desemprego, ao mesmo tempo que não terá nenhuma melhoria significativa no problema orçamental e de competitividade. E isso faz sentido porquê?”. Fica a pergunta.
O plano da troika para a resolução da crise económica da zona euro não está a funcionar, considerou o Nobel da Economia Joseph Stiglitz. "Está claro que o esquema que a troika está a aplicar na Europa, baseado na austeridade, não está a funcionar. A austeridade está a enfraquecer a economia e isso está a conduzir a um ciclo vicioso recessivo", disse o economista norte-americano e acrescentou que é "necessário que os países europeus compreendam que a austeridade não trará de volta a prosperidade".
Joseph Stiglitz, norte-americano de 69 anos, foi conselheiro para a área da economia dos presidentes Bill Clinton e Barack Obama e desempenhou funções de economista-chefe do Banco Mundial, para além de uma carreira docente em diversas universidades dos EUA.
Para quem sabe pouco de Economia, mas tem rudimentos de economia doméstica (dizem os economistas que não é a mesma coisa, mas é) nada melhor do que usar o argumento de autoridade, quando dois Prémios Nobel de Economia dizem o que entendemos e defendemos, como é o caso.
Primeiro, os planos de austeridade impostos pela troika, afinal são mesmo “chapa 5”, sem qualquer adaptação a cada país e às suas circunstâncias específicas, desfazendo a auréola de competência com que foram beatificados os seus funcionários.
Segundo, os planos de austeridade impostos pela troika, tem servido aos governos (de “esquerda”, de direita, ou de tecnocratas) como álibi para a destruição das economias débeis dos seus países, para redução/eliminação das obrigações do Estado e para a implosão da sua estrutura social.
Terceiro, os planos de austeridade impostos pela troika, tem imposto o pagamento das dívidas geradas por responsáveis (re)conhecidos pelas mesmas à população em geral e em particular à classe média, que não lhe pode ser imputada, LOGICAMENTE!
Quarto, os planos de austeridade impostos pela troika, tem tido os mesmos resultados em todos os países “resgatados”, logicamente porque as mesmas causas provocam os mesmos efeitos.
Quinto, os planos de austeridade impostos pela troika, tem claramente aprofundado a recessão onde tem sido implementada, reduzindo a possibilidade de condições para viabilizar o pagamento dos empréstimos.
Sexto, os planos de austeridade impostos pela troika, tem criado taxas de desemprego galopantes, que dizem imprevistas, mas facilmente previsíveis por qualquer leigo.
Sétimo, a prova de tudo o que acima foi dito, fica parcialmente explicado pela destruição do emprego, que por “coincidência” se destaca nos países da Eurozona onde foram impostos os planos de austeridade  desenhados pela troika…
Evolução do desemprego desde 2008

Sobre tudo isto, diz Krugman: “Sejamos francos e brutais: a estratégia europeia é basicamente para que países devedores atinjam uma deflação relativa por via de um desemprego elevado.”
E Stiglitz insiste que é "necessário que os países europeus compreendam que a austeridade não trará de volta a prosperidade.”
Ao aceitarmos tais afirmações, só podemos concluir, inevitavelmente, que o que está em curso é uma “revolução” política e social e que só poderá ter como resposta, mais cedo ou mais tarde, uma “contrarrevolução” social e uma consequente reação política.
Ou a reação política antecede a contrarrevolução social, ou a violência explodirá emotivamente, fazendo vítimas nas primeiras filas dos fracos líderes políticos e “sus muchachos”, já que os mercados não tem rosto, muito menos corpo…
Mas os cidadãos que tem corpo e tem fome, mais as respetivas famílias, precisam urgentemente de pão para não terem razão…

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