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domingo, 8 de julho de 2012

Pelo direito a um SNS de qualidade e para todos...

A greve da classe médica, anunciada pelos Sindicatos e apoiada pela Ordem dos Médicos, a 11 e 12/07, não tem as características habituais das greves que conhecemos.
Em 1.º lugar, porque a greve assenta numa ampla luta por políticas de saúde direcionadas aos portugueses mais desfavorecidos e aos mais necessitados de recursos médicos numa base de equidade e acessibilidade universal. A contestação dos médicos visa reanimar um Serviço Nacional de Saúde (SNS) em degradação e em risco eminente de colapsar caso não sejam rapidamente corrigidos os graves erros perpetrados desde há anos e aprofundados nestes últimos meses.
Em 2.º lugar, há mais de 20 anos que não assistíamos a uma ampla mobilização dos profissionais da área.
Desta vez, a tradicional divisão entre as organizações médicas deixou o espaço para um amplo consenso transversal a toda a classe médica. Independentemente da sua especialidade, do seu vínculo laboral, do seu grau na carreira ou do seu enquadramento geracional (muitos médicos aposentados irão participar na grande mobilização do dia 11), os médicos estão dispostos a lutar contra as injustiças (in)habilmente colocadas pelo Ministério da Saúde (MS).
Muitos médicos que sempre consideraram que o carácter humanista da sua profissão não lhes permitiria aderir a uma greve, para não prejudicar os seus doentes, estão hoje dispostos a abraçar esta causa invocando, precisamente, os mesmos motivos.
São estas as razões que fazem desta greve um acontecimento peculiar.
Esta não é uma greve somente das estruturas representativas dos médicos, é uma greve de toda uma classe preocupada com uma população cada vez mais afastada do seu direito à Saúde. Muitos doentes, em casos visíveis de dificuldades económicas, deixam de poder ir às consultas devido ao aumento das taxas moderadoras ou ao fim das comparticipações nos transportes.
Esta não é uma greve que visa prioritariamente aumentos salariais mas que pugna por um enquadramento organizacional dos profissionais através de uma Carreira Médica definida e estruturada aumentando a eficiência e a gestão das equipas médicas nas suas tarefas diárias.
Esta não é uma greve pelo facilitismo imposto pelo MS, já que defende um aprofundamento da exigência da Formação Médica e a definição clara do Ato Médico, instrumento fundamental para delimitar todas as competências técnicas da profissão.
Esta não é uma greve por motivos económicos já que rejeita a progressiva privatização do SNS e a comercialização dos médicos (está a decorrer um Concurso que visa delegar as competências de contratação de médicos a empresa privadas que passarão assim a gerir parte dos recursos humanos dos Hospitais e Centros de Saúde).
Esta greve é peculiar porque não é uma greve de uma classe profissional em proveito próprio.
Esta grande mobilização é dirigida a todos aqueles que continuam a acreditar numa das principais conquistas das democracias modernas:
O Direito a uma Saúde de Qualidade para todos!
Carlos Cortes

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